OPERAÇÕES EM FUNÇÃO DO TIPO DE EMBARCAÇÃO (PARTE 6)

OPERAÇÕES EM FUNÇÃO DO TIPO DE EMBARCAÇÃO (PARTE 6)

Por Leonardo Roncetti (*)

Sem sombra de dúvidas, a nova fronteira da energia renovável no Brasil é a eólica offshore, onde os aerogeradores são construídos no mar, afastados da costa.  Apesar do Brasil estar atrasado em relação a outros países, há perspectivas concretas de investimento intenso no setor, com vários projetos já em fase de licenciamento ambiental.

Vantagens da geração de energia eólica offshore comparada com a terrestre:

– Ventos mais intensos, podendo dobrar a produção para um mesmo porte de aerogerador
– Ventos mais constantes
– Possibilidade de uso de aerogeradores de maior porte
– Maior disponibilidade de grandes áreas contínuas
– Ausências de obstáculos ou restrições físicas como morros, estradas, vales, moradias etc.
– Maior proximidade com os centros consumidores, que tendem a ser na costa
– Sem impacto visual, quando fora do raio de visão
– Sem impacto acústico
– Menor interação com aves quando localizados distantes da costa

Desvantagens:

– Maior custo de construção
– Maior dificuldade de operação e manutenção
– Impacto visual quando muito próximo à costa
– Impacto na vida marinha ainda pouco conhecido pela ciência

A construção dos parques eólicos offshore demandam velocidade, manuseio de cargas de grandes dimensões, muitas delas frágeis, cargas com peso elevado, içamentos complexos, tudo num ambiente com ondas, correntes e ventos fortes.

Para esses desafios, a indústria naval está ofertando navios guindaste cada vez mais especializados na construção eólica offshore, tendo como principais características:

  • Grande convés para armazenagem de todos os componentes do aerogerador, incluindo a fundação, com áreas que podem chegar a 10 mil metros quadrados;
  • Guindastes de grande porte, com grande capacidade, variando de 1.300 a 5.000 toneladas, e alturas de içamento de mais de 180 metros.
  • Pernas fixadas no leito marinho que permitem elevar o casco e afastá-lo das ondas, diminuindo muito o movimento da embarcação (jack-up)
  • Operam em lâmina d´água de 20 a 100 metros;
  • Utilização de combustíveis que reduzem a emissão de CO2.

Há ainda os navios super especializados, específicos para o carregamento, transporte, içamento e instalação de fundações e jaquetas, estruturas bases para os aerogeradores, que contam com guindastes de até 5.000 toneladas e área de convés que pode chegar a 10 mil metros quadrados. Dentre eles também, há os navios especializados em transporte dos componentes dos aerogeradores em navegação de longo curso, que antes era feito em navios convencionais.

A engenharia de içamento brasileira deve se preparar para atuar nesses novos projetos, que envolverão içamentos complexos desde a fabricação dos componentes, embarque nos portos, transporte marítimo, instalação offshore, manutenção e descomissionamento.

Foto: Divulgação Boskalis

leonardo roncetti(*) Leonardo Roncetti, engenheiro, é doutorando em içamento offshore pela COPPE-UFRJ, mestre em estruturas offshore pela COPPE-UFRJ, e diretor da TechCon Engenharia e Consultoria. Contatos: leonardo@techcon.eng.br

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