Por Ronaldo Cruz (*)
A abordagem do texto de hoje tem por objetivo reiterar a necessidade de ações de observância e manutenção da integridade de equipamentos e acessórios de carga, recursos imprescindíveis para o planejamento de movimentação de cargas.
A Figura 1 mostra algumas das combinações observadas entre responsabilidades por parte de prestadores de serviços e de clientes quanto a planejamento e recursos visando a realização de uma operação de movimentação de cargas.
Em (A) a contratação ocorre apenas para o planejamento que inclui o estabelecimento do plano de rigging (planejamento matemático) e a identificação de recursos necessários. Neste caso o cliente utilizará e operará seus equipamentos conforme o planejado; em (B) o cliente contrata também os equipamentos, assim como a operação destes junto a outra empresa, para seguir conforme planejamento; em (C) a contratação única pelo cliente engloba o planejamento e a operação, permitindo que sua contratada utilize também uma subcontratada para operar e, por fim, a contratada pode ser responsável por toda a operação de movimentação de cargas em (D). Isto incluiria o planejamento matemático, os recursos humanos e materiais próprios da contratada necessários para a movimentação.
Atualmente a diversidade de cenários que podem compor uma movimentação de cargas é impressionante, diferenciados pelo ambiente, natureza das cargas e/ou quantitativo e tipos de recursos humanos e materiais empregados, levando a complexidades que demandam atenção em tudo e em mínimos detalhes. As Figuras 2 e 3 mostram exemplos de cenários.
Quando falamos dos equipamentos é natural logo pensar em capacidade de içamento e disponibilidade. Mas estes aspectos precisam ser adequados, e apenas o serão se as máquinas estiveram íntegras, logo para planejar uma operação deve ser garantida a integridade dos recursos a empregar.
Diante do exposto retornamos aos processos apresentados anteriormente na Figura 1, para os quais podemos afirmar que como fator comum a todos eles deve figurar a manutenção da integridade dos recursos. No caso de próprios, através de condução de planos de manutenção adequados, ou se contratados, na garantia da seleção adequada de prestadores dos serviços de operação, ou seja, daqueles que demonstrem reconhecer a importância e que atuem para dispor de recursos comprovadamente íntegros.
As manifestações de problemas relacionados a integridade dos equipamentos, e sempre lembrando, também de acessórios de carga, podem ser percebidas por constatações previamente a entrada e/ou durante o serviço, como na Figura 4.
O questionamento também pode advir de incertezas técnicas, como nos exemplos na Figura 5.
Há tempos se percebe entre as empresas que atuam na prestação de serviços de movimentação de cargas a sinalização de que atuam firmemente na manutenção da integridade de seus recursos. Em uma rápida pesquisa nos sites de prestadores desses serviços que participaram dos prêmios TOP CRANE, promovido pela Revista Crane Brasil, nos anos 2014, 2015 e 2021, observamos que cerca de 30% citam que tem foco em manutenção de suas frotas.
Como reconhecer na prática que isto de fato acontece? Na Figura 6, propomos uma forma de agrupamento de ações que visam a integridade de equipamentos e acessórios de carga.
A comprovação junto das empresas de movimentação de cargas de atuação pautada nas visões acima, por exemplo, por auditorias para cadastro de prestadores de serviços ou mesmo visitas técnicas é recomendada.
Desde atrasos pela necessidade de substituição de um equipamento ou acessório identificado como inadequado as vésperas da operação às perdas materiais e/ou pessoais resultantes da falha em serviço do recurso, figura um leque de consequências danosas às empresas que prestam e que são clientes destes serviços.
Por fim, ações voltadas para a manutenção da integridade dos recursos destinados a movimentação de cargas tem impacto direto no planejamento das operações e não podem ser negligenciadas.
(Esse texto é uma transcrição parcial da apresentação efetuada em 08/2022 na M&T EXPO, evento RIGGIG EXPERTS, organizado pela Revista Crane Brasil).
(*) Ronaldo Gonçalves Cruz, engenheiro mecânico e de segurança, com 35 anos de experiência em inspeção de equipamentos de movimentação de cargas offshore na Petrobras. Atualmente é diretor técnico da Cargopro Engenharia. Contatos: ronaldo.cruz@cargopro.com.br
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