Por Leonardo Roncetti (*)
Sem sombra de dúvidas, a nova fronteira da energia renovável no Brasil é a eólica offshore, onde os aerogeradores são construídos no mar, afastados da costa. Apesar do Brasil estar atrasado em relação a outros países, há perspectivas concretas de investimento intenso no setor, com vários projetos já em fase de licenciamento ambiental.
Vantagens da geração de energia eólica offshore comparada com a terrestre:
– Ventos mais intensos, podendo dobrar a produção para um mesmo porte de aerogerador |
– Ventos mais constantes |
– Possibilidade de uso de aerogeradores de maior porte |
– Maior disponibilidade de grandes áreas contínuas |
– Ausências de obstáculos ou restrições físicas como morros, estradas, vales, moradias etc. |
– Maior proximidade com os centros consumidores, que tendem a ser na costa |
– Sem impacto visual, quando fora do raio de visão |
– Sem impacto acústico |
– Menor interação com aves quando localizados distantes da costa |
Desvantagens:
– Maior custo de construção |
– Maior dificuldade de operação e manutenção |
– Impacto visual quando muito próximo à costa |
– Impacto na vida marinha ainda pouco conhecido pela ciência |
A construção dos parques eólicos offshore demandam velocidade, manuseio de cargas de grandes dimensões, muitas delas frágeis, cargas com peso elevado, içamentos complexos, tudo num ambiente com ondas, correntes e ventos fortes.
Para esses desafios, a indústria naval está ofertando navios guindaste cada vez mais especializados na construção eólica offshore, tendo como principais características:
- Grande convés para armazenagem de todos os componentes do aerogerador, incluindo a fundação, com áreas que podem chegar a 10 mil metros quadrados;
- Guindastes de grande porte, com grande capacidade, variando de 1.300 a 5.000 toneladas, e alturas de içamento de mais de 180 metros.
- Pernas fixadas no leito marinho que permitem elevar o casco e afastá-lo das ondas, diminuindo muito o movimento da embarcação (jack-up)
- Operam em lâmina d´água de 20 a 100 metros;
- Utilização de combustíveis que reduzem a emissão de CO2.
Há ainda os navios super especializados, específicos para o carregamento, transporte, içamento e instalação de fundações e jaquetas, estruturas bases para os aerogeradores, que contam com guindastes de até 5.000 toneladas e área de convés que pode chegar a 10 mil metros quadrados. Dentre eles também, há os navios especializados em transporte dos componentes dos aerogeradores em navegação de longo curso, que antes era feito em navios convencionais.
A engenharia de içamento brasileira deve se preparar para atuar nesses novos projetos, que envolverão içamentos complexos desde a fabricação dos componentes, embarque nos portos, transporte marítimo, instalação offshore, manutenção e descomissionamento.