OPERAÇÕES EM FUNÇÃO DO TIPO DE EMBARCAÇÃO (PARTE 1)

OPERAÇÕES EM FUNÇÃO DO TIPO DE EMBARCAÇÃO (PARTE 1)

Por Leonardo Roncetti (*)

As operações de içamento e movimentação de cargas nas atividades offshore são contínuas, intensas e fundamentais tanto para construção, manutenção e operação da infraestrutura de exploração e produção de óleo e gás.

Com a perspectiva de aceleração da exploração e produção petrolífera no pré-sal brasileiro, há firme expectativa de alta demanda de serviços de içamento offshore nos próximos anos, além de uma nova fronteira para a engenharia de içamento brasileira, que é a construção de parques eólicos offshore no litoral do Brasil.

Acompanhado esse crescimento, há cada vez mais embarcações especializadas, com tecnologia em evolução crescente, que realizam içamentos offshore. Do ponto de vista das embarcações e seus guindastes, trazem-se dois exemplos.

FPSO

São plataformas flutuantes em formato de navio, que produzem, estocam e transferem o petróleo produzido. O Brasil possui a maior quantidade em operação no mundo, cerca de 50 FPSO, número que vai aumentar nos próximos anos com várias encomendas já efetivadas pelas operadoras.

Possuem entre dois e cinco guindastes para içamentos rotineiros, que envolvem retirada e colocação de cargas a bordo da plataforma e dos barcos de apoio (PSV). Essas cargas incluem contêineres, cestas, tanques, caçambas, mangotes para transferência de água e combustível, entre outros, com itens essenciais para a operação da plataforma, incluindo alimentação.

Os guindastes possuem capacidade de 25 a 70 t, sendo do tipo “sobre pedestal”, com lança treliçada ou articulada. A lança treliçada pode ter comprimento de até 60 metros.

Esses guindastes também são utilizados para atividades de manutenção, construção e modificação a bordo, içando tubulações, estruturas equipamentos.

PLSV

São navios lançadores dos dutos que transportam fluidos dos poços para a plataforma e vice-versa.Os PLSV executam também diversas operações acessórias na construção e manutenção da infraestrutura submarina.

Possuem diversos equipamentos de içamento e movimentação, com guindastes entre 50 e 400 toneladas, que podem possuir compensador ativo de afundamento (AHC), que estabiliza a posição da carga durante o içamento submarino, independente do movimento do navio.

Também possuem uma abertura central de acesso ao mar, chamada “moon pool”, menos afetada pelas ondas, por onde pode-se içar cargas com menores esforços dinâmicos, evitando que elas sejam içadas pelo costado da embarcação.

Uma grande quantidade de içamentos auxiliares é conduzida a bordo para apoio ao lançamento das linhas, com uso de acessórios especiais como conectores de aços de ultra alta resistência, lingas de fibra de HMPE, manilhas com desconexão remota, além dos convencionais, como guinchos, patescas, manilhas de grande capacidade, lingas de corrente e cintas têxteis. A quantidade desses itens pode chegar a dois mil em um único navio.

Devido à complexidade e quantidade de içamentos nessas embarcações, são fundamentais o projeto do içamento, treinamento de todos os envolvidos e a inspeção contínua dos acessórios e equipamentos, preservando vidas, meio ambiente e propriedade.

Abreviações:
AHC: Active Heave Compensation, compensação de movimento vertical.
FPSO: Floating Production Storage and Offloading, unidade flutuante de produção, armazenagem e transferência (do óleo).
PLSV: Pipelaying Support Vessel, navio lançador de linhas.
PSV: Platform Supply Vessel, navio de apoio à plataforma.

Foto do autor: PLSV atracado na Baia de Vitória (ES)
leonardo roncetti(*) Leonardo Roncetti, engenheiro, é doutorando em içamento offshore pela COPPE-UFRJ, mestre em estruturas offshore pela COPPE-UFRJ, e diretor da TechCon Engenharia e Consultoria. Contatos:leonardo@techcon.eng.br

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