O PERIGO DA CARGA LATERAL E A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO

Por Camilo Filho*

Quando treinamos novos operadores de guindaste, dentre os muitos tópicos que abordamos, um dos fundamentais é a importância do içamento ser efetuado diretamente acima do centro de gravidade da carga.  No entanto, é fácil esquecer o que é certo, até que algo dê errado!

 

 

Vamos analisar o caso desta polia!

No caso desta polia que foi tirada de um guindaste RT, vemos danos graves não só no flange, mas na sua parte externa também. Com certeza, num dano como este, o operador deu carga lateral na cabeça da lança; e não foi somente uma ou duas, mas “n” vezes. E também não só um pouquinho, mas com um ângulo bastante acentuado.

Neste caso, o operador puxou tanto, que dobrou a proteção que evita que o cabo salte da polia e, em decorrência disso, o cabo escapou da polia e agora, ao invés de estar trabalhando com seu D/d correto, temos o cabo trabalhando sobre o eixo da polia, causando um dano grave aí também.

A parte interessante é que, quando você olha para esta polia mais atentamente, não é só um lado que mostra o dano, mas o outro lado mostra o mesmo efeito de desgaste.

Isso significa que, em algum momento, depois que o cabo pulou da polia, foi notado pelo operador e o mesmo foi colocado de volta na posição normal de trabalho.

Naquela hora, não só a polia deveria ter sido substituída, mas talvez devesse ter sido buscada a causa disso ter acontecido. O cabo também não foi trocado, embora tenha trabalhado no eixo da polia.

Mas essas ações não foram tomadas e o operador também não sabia avaliar a importância desse tipo de dano.

Não só o operador continuou a operar o guindaste depois que o cabo foi recolocado, como continuaram a operar de forma inadequada, de modo que o cabo saltou novamente da polia. E aí está a causa do dano no outro lado da roldana.

Infelizmente, houve uma fatalidade na continuação deste trabalho. O cabo veio a romper-se, atingindo um colega de trabalho.

Durante a investigação, constatou-se que a principal causa do acidente deveu-se ao erro do operador em aceitar trabalhar de forma inadequada, puxando a carga lateralmente – e a clara falta de treinamento do mesmo.

Durante o treinamento dos operadores que ocorreu após o acidente, um deles afirmou: “se nós apenas soubéssemos sobre os perigos da carga lateral, nosso colega de trabalho estaria aqui hoje conosco”.

Seu raciocínio foi correto, porque mostra a importância de ter operadores devidamente treinados e qualificados, operando os equipamentos de modo a manter sua obra segura.

As lanças são projetadas para trabalhar com cargas na vertical, simplesmente apoiadas. Não importando se é uma lança telescópica ou treliçada, a recomendação é a mesma.

O içamento deve ser realizado sempre com os três elementos alinhados, quais sejam: CG da carga, gancho (moitão) e cabeça da lança.

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(*) Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com  38 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é consultor da IPS Engenharia de Rigging e membro da ACRP (Association of Crane & Rigging Professionals-USA). Sugestões e comentários enviar para camilofilho@hotmail.com.

 

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