O CUSTO PARA A MIGRAÇÃO EURO 6

O CUSTO PARA A MIGRAÇÃO EURO 6

A evolução tecnológica tem custo. Os frotistas brasileiros sabem que terão que arcar com um valor adicional, quando incorporarem em suas operações os caminhões da linha 2023, a marca que for. Não se trata, agora, somente de aumentos de preços, decorrentes de quebras na cadeira logística, por conta da Covid, oscilação do dólar ou guerra na Ucrânia. Essas questões continuam latentes e, por certo, irão refletir na tabela de preços.

Com um agravante: a partir de 1.º de janeiro de 2023, entra em vigor a fase P8 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), o equivalente à lei europeia Euro 6. O que significa que todos os novos caminhões comercializados no Brasil deverão atender os requisitos estabelecidos por essas normas. Base da indústria automobilística na América Latina, o frotista brasileiro foi colocado obrigatoriamente na mesma vanguarda ambiental dos seus pares da Europa –ao contrário da Argentina e do Chile, por exemplo, que optaram por protelar a adesão aos padrões Euro 6, para um segundo momento.

A decisão brasileira, sacramentada, ainda em 2018, pela resolução 490, de novembro de 2018, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), por si só não é despropositada, já que, em face da prioridade global dada à questão climática, a tendência é que as restrições em relação às emissões veiculares aumentem progressivamente, nas cidades, estradas, e mesmo em áreas confinadas. O problema é o ônus adicional na renovação da frota, e o impacto nos custos, em meio à escalada de aumentos que se tornou a regra nos últimos anos.

Os fabricantes evidentemente participaram dessa decisão e procuraram oferecer no desenvolvimento das novas linhas contrapartidas no desenvolvimento da linha Euro 6, que possam compensar, totalmente ou em parte, esse valor adicional a cargo de seus clientes na renovação de frota. E tiveram a oportunidade de apresentar suas propostas em duas importantes feiras de veículos comerciais realizadas no segundo semestre de 2022. Primeiro no Salão de Hannover (IAA Transportation), entre 20 e 25 de setembro. O evento alemão (foto) se confirmou como mostra de tendências globais, mas também deixou a grande maioria dos visitantes perplexos, já que os expositores descartaram a opção diesel, e preferiram apostar todas as suas fichas nos caminhões eletrificados e mesmo autônomos.

Na Fenatran 2022, realizada posteriormente, de 7 a 11 de novembro, em São Paulo (SP), alguns fabricantes, como a Volvo, Mercedes-Benz e DAF, também mostraram protótipos nessa linha, mas não deixaram de priorizar os updates em veículos com tipos de propulsão, o diesel à frente, bem mais realistas para os próximos anos.  Em comum com a IAA, no entanto, os expositores da Fenatran foram bastante reticentes em relação ao percentual de aumento nos preços nos caminhões da linha 2023 Euro 6: “algo em torno de 20 a 25%”. Esse, a princípio, seria o valor adicional médio a ser considerado pelos frotistas na migração para o Euro 6 e compensado pela redução no consumo que virá a reboque das atualizações feitas para redução das emissões.

 

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