Por: Fernando Fuertes (*)
Há várias décadas o governo brasileiro adotou o modal rodoviário como o principal meio de escoamento da produção industrial. Em função de nosso país possuir dimensões continentais, milhares de transportadoras foram criadas ao longo de décadas. Este mercado continua em constante evolução e crescimento, apesar das crises econômicas que temos vivenciado.
O princípio básico da operação de transporte é simples: retirar a carga em um local determinado e entregá-la em perfeitas condições no destino final.
Porém, durante essa operação logística, podemos ter um grande aumento do risco de avarias e acidentes, quando questões importantes deixarem de ser observadas previamente, tais como:
– Determinação do veículo correto a partir da carga a ser transportada;
– Material transportado (rolos, peças, máquinas, peças de concreto, etc.);
– Embalagem (barras, caixas, engradados, pallets, etc.);
– Quantidade de carga (peso, volume, dimensões, etc.);
– Condições externas (tempo, clima, estradas, etc.);
– Correta distribuição da carga no veículo de transporte;
– Verificação dos pontos de amarração na carroceria e na carga;
– Adoção do método de amarração ideal para as características da carga;
– Dimensionamento do sistema de amarração de acordo com a norma ABNT NBR 15.883-1 e as portarias e resoluções do CONTRAN pertinentes;
– Implementação da amarração com os equipamentos normatizados e inspecionados: cintas com catraca, lingas de correntes com tensionadores, cabos de aço com tensionadores, além dos acessórios para proteção contra cantos vivos;
– Verificação da amarração durante o transporte; e
– Inspeção visual e dimensional periódica de todos os equipamentos e pontos de amarração.
Infelizmente, muitos acidentes continuam a ocorrer por negligência dos transportadores e dos embarcadores. Nota-se grande carência técnica dos profissionais dessas indústrias, sendo que muitos motoristas e ajudantes utilizam técnicas de amarração ineficazes, além de equipamentos proibidos, não inspecionados e não certificados.
A figura do técnico de segurança, que é tão presente nas indústrias, praticamente inexiste nas empresas de transporte e, quando o possuem, em sua grande maioria, não se envolvem na fiscalização das operações de amarração de cargas e na inspeção dos equipamentos de cada veículo de transporte.
Todos os pontos acima mencionados, somados à falta de fiscalização específica das autoridades de trânsito, culminaram com um ambiente de alto risco de avarias e acidentes, mas nunca é tarde para mudarmos esse cenário.
(*) Fernando Fuertes é engenheiro, especialista em projeto, dimensionamento, cálculo e especificação de equipamentos de amarração e elevação de cargas com a utilização de cabos de aço, cintas sintéticas, correntes, olhais e seus acessórios com mais de 20 anos de experiência em operações de movimentação e transporte de cargas com vários cursos de especialização e inspeção feitos no Brasil e no exterior. Atualmente é gestor técnico na Amarração Serviços de Treinamento e Consultoria Técnica. Sugestões e comentários enviar para fernando@amarracaodecargas.com.br