Uma das mais importantes operações de transportes especiais, montagem e desmontagem de equipamento de grande porte está em plena execução na capital paulista. Trata-se, no caso, da maior TBM (Tunnel Bore Machine) da América do Sul, adquirida pelo Consórcio CML2 para uso nas obras de expansão da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo.

O equipamento que, montado, pesa 2,7 mil toneladas e tem 11,66 m de diâmetro, foi fabricado pela China Railway Engineering Equipment Group (CREG), e chegou ao Porto de Santos, procedente do Porto de Taicang, localizado no leste da China, dia 8 de maio, dividido em 70 peças. Só do TBM são 63 peças e mais 13 containers. Das 63 peças, 22 são de maior peso, sendo 18 as mais críticas sob esse aspecto, chegando a pesar aproximadamente 190 tons.

Segundo Silvimar Fernandes Reis, da Gerência de Equipamentos, do Consórcio Metrô Linha 2 Verde – Lote 1, a modalidade da importação porta a porta, com entrega até o canteiro de obras, ficou à cargo da COMEXPORT, parceira estratégica do Consórcio. Contratada pela COMEXPORT, a Transdata Movimentação de Cargas, responde pelo transporte entre o Porto de Santos e o Complexo Rapadura (Região do Jardim Textil, Zona Leste de São Paulo), onde o equipamento será montado e posicionado, pela Locar Guindastes e Transportes Intermodais, contratada pelo Consórcio, no poço de acesso para início da primeira fase das escavações.

O Consórcio Metrô Linha 2 Verde (CML2) – formado pelas empresas Engibras Engenharia S. A., S.A Paulista de Construções e Comércio e Sacyr Construcción do Brasil – responde pelo trecho entre Vila Prudente até a Penha. No quadro abaixo, as duas grandes fases da obra com uso da TBM-EPB (Tunnel Boring Machine – Earth Pressure Balance) com 11,66 m de diâmetro, e até 6,5 Bar de pressão:

Silvimar Fernandes Reis explica que o berço de acesso para receber o equipamento está com as obras em andamento. E a previsão para início das escavações e, portanto, para que as operações de transporte e montagem sejam concluídas é o mês de agosto. Ele diz que, concluída essa obra, ainda não há planos de utilizar o TBM em futuras obras no país. “Uma possível reutilização depende de similaridade de condições nas especificações do TBM (diâmetro, pressão de trabalho e condições geológicas)”.

Tuneladora Cora Coralina

Não se sabe por que e nem por quem – provavelmente algum operador, ou engenheiro dado a poesias nas horas vagas, talvez alguma mulher – a tuneladora foi batizada de Cora Coralina, uma senhora poetisa goiana, mantendo uma tradição nos canteiros de dar nomes aos equipamentos. O fato é que se trata de uma operação bastante especial para as empresas envolvidas. “A Transdata mais uma vez irá fazer parte da história no transporte de cargas complexas do Estado de São Paulo”, diz Eiti Miura, gerente de novos negócios da transportadora.

E realmente, com os serviços de recebimento no costado do navio, transporte rodoviário, coordenação operacional e engenharia de transporte, a Transdata desempenha um papel fundamental na viabilização do projeto. Ele lembra que o estudo técnico foi iniciado em 2020, quando foram mapeadas e viabilizadas geometricamente e estruturalmente todas as rodovias, ruas e avenidas por onde o ‘tatuzão’ irá passar. Do Porto de Santos até a Zona Leste da Capital, a rota inclui rodovias e vias importantes da capital paulista: Imigrantes, Rodoanel, Av. Oscar Niemeyer, Sapopemba, Ragueb Chohfi e Aricanduva.

O planejamento da operação leva em conta: recebimento no costado do navio de peças com peso superior a 90 toneladas; transporte rodoviário de 60 containers; transporte rodoviário de um volume e peso total de cargas soltas de 7309 m³ e 2292 toneladas; e a maior carga a ser transportada, o Main Drive, com peso de 189,90 toneladas e largura 6,650 metros.

Para os transportes especiais propriamente ditos, segundo Eiti Miura, serão realizados quatro fechamentos de serra na Ecovias para subida de cargas especiais, totalizando 18 cargas. A maior configuração, em composições de transporte, utilizará dois cavalos mecânicos Mercedes-Benz Actros 8×8 e 24 linhas de eixos. Também serão mobilizados dois conjuntos de 01 cavalo mecânico 6×4 + 06 linhas de eixos e um conjunto de 01 cavalo mecânico 6×4 + 08 linhas de eixos. Além de seis semirreboques, entre prancha e lagartixa 03 eixos, bem como prancha e hidropneumática 04 eixos, cada um com seu cavalo 4×2.

Em face da rota urbana e, ainda, de uma grande cidade como São Paulo, os desafios da operação são previsíveis. Mas o itinerário já foi aprovado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e todos os pontos críticos já foram mapeados, diz Eiti Miura. E eles não são poucos, principalmente em ruas de bairro ou estreitas onde, mesmo à noite, o trânsito é mais intenso. “Haverá equipes de apoio ao trânsito, sinalizando. E pontos de aviso a moradores dentro dos bairros, e no entorno da obra, evitando o impacto no dia a dia das pessoas”.

Montagem e Posicionamento

Em contato permanente com a área técnica do Consórcio CML2 e ainda com seu parceiro nesse projeto, a IPS Engenharia, responsável pelo planejamento de Rigging – a Locar Guindastes e Transportes Intermodais já definiu há muito os recursos que serão disponibilizados para essa operação especial, que é coordenada diretamente pelo seu diretor comercial Marcello Mari.

O gestor de contas da Locar, Ronaldo Sant’ Ana, resume no quadro abaixo o escopo, onde a locadora irá mobilizar algumas das estrelas de sua frota de equipamentos: o guindaste Liebherr LR 1800 (além do LTM 1220 e LTM 1500) e o recém-adquirido Grove GMK 6450.