SINALIZAÇÃO EM DIFERENTES CENÁRIOS DE RIGGING

SINALIZAÇÃO EM DIFERENTES CENÁRIOS DE RIGGING

Por: Camilo Filho (1)

Um fato interessante do nosso trabalho de movimentação de carga é a tendência de esquecermos a sinalização quando o guindaste é desconectado e outros equipamentos de movimentação e transporte assumem o controle. Trabalhar com o guindaste é talvez a parte mais nobre da operação pelo custo do próprio equipamento e também a de maior visibilidade. Mas o que acontece depois que o guindaste entrega um equipamento que pode ser tão caro ou mais do que o próprio guindaste? O que acontece quando o ambiente de trabalho é reduzido à uma única passagem ou corredor e a visão do entorno da carga são apenas alguns centímetros dentro de uma sala de ressonância magnética?

Normalmente nos treinamentos presenciais é feita uma avaliação das habilidades básicas do sinalizador. Esses sinais funcionam bem em área livre na operação do guindaste, mas em cenários de rigging que não envolvam somente o guindaste, os sinais manuais ganham outra dimensão. Quando usamos tartarugas, pórticos hidráulicos ou uma empilhadeira em local confinado, a melhor opção sempre usar rádios. Mas nem sempre eles estão disponíveis, e aí, os sinais manuais servem como o principal meio de comunicação entre o supervisor e a equipe. Em uma operação com folgas apertadas, o rigger deve considerar os seguintes fatores ao fazer seu plano de movimentação de carga.

VISIBILIDADE

Como é a visão da carga em todos os momentos da movimentação? Ao contrário do trabalho com o guindaste, a visibilidade boa, clara e distante não é uma garantia na maioria das tarefas de rigging. O corredor de uma clínica pode ser grande o suficiente para caber um aparelho de ressonância magnética, mas com muito pouco espaço de sobra em ambos os lados para um colaborador. Em muitos casos, a peça que está sendo abaixada em um caminhão ou no poço de um elevador pode bloquear tudo o que está embaixo dela. Nessas condições, a sinalização visual das mãos, como os sinais de guindaste, são prejudicados. Da mesma forma, nessas situações, os movimentos do equipamento (guindaste, guincho ou outro meio) deve ser lento e uma constante repetição do sinal de mão, até de forma exagerada são realmente necessários.

CONTINUIDADE

Os sinais visuais podem ser dados e recebidos de todos os trabalhadores que controlam o movimento durante todas as fases do deslocamento? Aqui o responsável pela sinalização precisa se planejar com antecedência. Esse cenário exigirá o uso de sua inteligência espacial ou consciência situacional para decidir que parte do deslocamento é mais crítica e onde todos precisam estar para dar e receber os sinais com segurança. E esses sinais precisam ser dados constantemente – o sinaleiro nunca deve assumir que o outro colaborador viu o que ele viu. Além disso, ao usar o sinal de retransmissão (duas ou mais pessoas), o sinaleiro deve sempre ajustar a velocidade da sinalização para levar em conta o atraso da transferência para a recepção.

PADRONIZAÇÃO

Os sinais que estão sendo dados são entendidos por todos da equipe? Se todos são da mesma empresa e já trabalham juntos há algum tempo, provavelmente usarão todos os mesmos sinais. Mas e o colaborador recém contratado? Pode ser que nunca tenha exercido essa função.

ROTA DE FUGA

Haverá uma rota de fuga durante toda a operação para os colaboradores, caso haja um evento indesejável? Embora não seja exatamente um fator de sinalização, o aprisionamento é um problema que o sinaleiro também deve ter em mente: a máquina de ressonância magnética bloqueará uma porta de consultório caso o Tirfor quebre? O corredor bloqueado também é um caminho de fuga de incêndio?

SEGURANÇA

Os sinais serão dados de forma segura, em local seguro e com tempo suficiente para a equipe executar de maneira oportuna e segura? Não se coloque em uma posição perigosa apenas para ter uma visão melhor de quem está recebendo os sinais.

camilofilho(*) Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com mais de 39 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é autônomo e consultor da IPS Engenharia de Rigging. Sugestões e comentários enviar para camilofilho@hotmail.com.

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