QUANTO VALE UM IÇAMENTO SEGURO? PARTE 2

QUANTO VALE UM IÇAMENTO SEGURO? PARTE 2

Por Camilo Filho (*)

Um acessório bem dimensionado, com uma taxa de utilização considerável e que reduz o tempo de execução de uma operação pode ser facilmente justificado em termos de custo. Para uma operação de içamento pouco frequente é muito mais difícil de se justificar um custo mais elevado. No entanto, embora o custo possa ser um fator importante para decidir uma aquisição, ele nunca deve ser colocado antes da segurança. Efetivamente a rapidez com que um içamento será realizado repetidas vezes, pode sustentar que o ganho de tempo com determinado acessório, seja um parâmetro diferencial na conclusão da compra.

O primeiro passo no processo de tomada de decisão, é que o indivíduo responsável faça uma avaliação da operação. As questões a serem abordadas incluem o peso, tamanho, forma, local e natureza da carga; obviamente para içar uma máquina de ressonância magnética, serão necessários procedimentos e acessórios apropriados à natureza da carga; provavelmente um balancim e algumas cintas, respectivamente.

Outros fatores a serem considerados incluirão a altura total do içamento e se a carga precisa ser içada, macaqueada, tracionada ou movida através de um determinado plano. O trabalho é interno num hospital ou do lado de fora num pátio? Existem pontos de içamento pré determinados? É necessário um balancim? Qual o espaço de trabalho disponível? Há ponto de energia elétrica disponível?

Movimentação de ERM
Movimentação de ERM

Claramente não há dois içamentos iguais. No entanto, os erros mais comuns incluem tentar “improvisar” a amarração com o que temos disponível por perto no momento. Eslingas e acessórios vêm em uma variedade de tipos e graus; Tentativas equivocadas de adaptar e combinar eslingas e acessórios são um fator frequente causador de acidentes.

Por exemplo, tentar dar nós em cintas causam estresse e correntes só devem ser unidas com componentes projetados para este propósito. Além disso, equipamentos projetados para amarração no transporte de cargas, raramente são adequados para içamento, por causa da diferença em seus F.S’s.

Modificações mais permanentes nos equipamentos são outra causa potencial de acidentes e só devem ser realizadas com a aprovação e orientação de uma pessoa devidamente qualificada. Os riscos são claramente ilustrados em um acidente ocorrido anos atrás na Bahia. Um jovem na sua primeira semana de trabalho como ajudante foi morto pelos dentes de uma concha usada para mover grandes quantidades de escória e agregado.

A concha, que pesava cerca de dois tons e fechou em alguns segundos, havia sido modificada semanas antes do acidente. Ganchos foram soldados no interior da concha, de modo que o mesmo acessório poderia ser usado tanto para içamento, bem como agregados. No entanto, o equipamento modificado exigia que os funcionários entrassem dentro da concha para conectar as eslingas nos ganchos que foram adaptados. O rapaz foi morto quando a alavanca que ativa a concha prendeu na jaqueta do operador da máquina, causando o fechamento da concha, sem nenhum aviso.

Além de modificações, as canibalizações não são aconselhadas. Outros erros comuns incluem o uso de equipamentos que não permitem que o gancho seja posicionado sobre o centro de gravidade da carga, ou equipamento que é muito rápido para permitir que a carga seja devidamente controlada. Outro sinal de alerta para um perigo potencial é uma operação de içamento que impõe restrições inaceitáveis aos equipamentos escolhidos para o trabalho.

Um exemplo disso é o guindaste trabalhar com abertura diferenciada entre as quatro patolas e sua tabela de carga não contempla esta configuração. Os responsáveis pelos içamentos tem hoje em dia um conjunto cada vez maior de equipamentos e acessórios que podem ser empregados.

Além disso, a legislação destinada a incentivar a certificação do pessoal envolvido nos içamentos também aumentou a medida em que os equipamentos de içamento estão cada vez mais sofisticados e são usados em toda a indústria. Ao mesmo tempo, pressões competitivas inevitavelmente forçam a questão da procura por preços mais baixos. No entanto, seja qual for a natureza da operação, se uma série de princípios básicos forem respeitados, as chances de uso de equipamentos e acessórios não conformes ou inadequados serão mantidas ao mínimo absoluto. É essencial usar apenas fornecedores confiáveis e olhar além da simples questão de preço.

Os procedimentos de certificação, inspeção, exame e manutenção também devem ser rigorosamente cumpridos. Por fim, deve-se sempre realizar uma avaliação minuciosa da operação de movimentação da carga, para garantir que o equipamento certo seja selecionado para o trabalho.

camilofilho* Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com mais de 39 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é autônomo e consultor da IPS Engenharia de Rigging. Sugestões e comentários enviar para camilofilho@hotmail.com.

Leia também: QUANTO VALE UM IÇAMENTO SEGURO? PARTE 1
e outras dicas para içamentos seguros

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