O PERIGO QUE VEM DO ALTO

O PERIGO QUE VEM DO ALTO

Por Camilo Filho (*)

Uma carga suspensa é um objeto que é temporariamente içado e mantem-se acima do solo. Quando ocorrem quedas, não somente da carga, mas também de materiais e ferramentas utilizados nessa operação, elas podem ser de dois tipos:

Queda de Objetos Estáticos: queda de objetos/cargas estáticas referem-se a qualquer objeto/carga que cai de sua posição anterior sob seu próprio peso (gravidade), sem força adicional. Falhas resultantes de corrosão ou vibração são os incidentes de quedas estáticas mais comuns.

Queda Dinâmica de Objetos: quedas dinâmicas referem-se a objetos/cargas que caem devido a aplicação de uma força. Colisões envolvendo equipamentos em movimento, cargas ou ferramentas inadvertidamente deslocadas são os incidentes de quedas mais comuns classificados como “dinâmicos”.

Posicionar-se próximo ou embaixo de uma carga que esteja sendo mantida suspensa por uma ponte rolante, guindaste ou qualquer outro meio de içamento, sem que esta carga esteja devidamente suportada por apoios, não é uma boa ideia!

As quedas de objetos ou cargas estão normalmente relacionadas aos trabalhos em altura ou operações de içamento.

No caso da queda de objetos e materiais, é relativamente comum de acontecer nas obras de construção civil e montagem industrial. Não é novidade que pedaços de madeira, pregos, parafusos, chaves de boca e até mesmo marretas, caiam nas obras.

Também é fato que 90% ou mais da queda de pequenos objetos nas obras (tais como ferramentas, parafusos, eletrodos e outros), caso não ocasionem nenhum acidente, nem são relatados, ficam por conta do “simplesmente aconteceu ou foi um descuido”. Normalmente, apenas quando as cargas caem, geram-se relatórios de incidentes/acidentes.

QUAL O IMPACTO?

O impacto é uma combinação de peso e distância:

  • Um parafuso que pesa 200 g, esquecido solto pela manutenção na ponta da lança de um guindaste com 40 m de altura, vai chegar ao solo com um impacto correspondente a 8,0 kg;
  • A gravidade faz com que os objetos caiam na vertical, porém na queda podem ser desviados pela colisão com estruturas, equipamentos ou até mesmo vento, aumentando a área de risco;

As cargas podem escorregar ou cair por várias razões, por exemplo:

  • Falta de planejamento ou inspeção;
  • Análise de risco inadequada;
  • O equipamento usado não é o correto;
  • Falha do equipamento ou equipamento defeituoso;
  • Amarração errada ou travamento da carga incorreto;
  • Sobrecarga;
  • Acessório de içamento fora da capacidade (olhal, cinta, cabo, caçamba etc.);
  • Equipamento desnivelado ou instável durante o içamento, transporte ou abaixamento;
  • A carga se choca com alguma interferência, por exemplo, uma estrutura, outro equipamento, rede elétrica;
  • Mesmo quando a carga está sendo controlada, o acidente pode ocorrer se algum colaborador entrar na “linha de tiro”, sem que o operador perceba;

Outros riscos encontrados são:

  • Trabalhos próximos de equipamento móvel em operação (empilhadeiras, manipuladores, guindastes);
  • Trabalhos próximos de obras de construção civil, industrial e montagem de estruturas;

COMO MITIGAR ESTES RISCOS?

Os riscos devem ser identificados e controlados para evitar um incidente ou uma emergência.

Estabeleça mecanismos de controle e verificação, tais como:

  • Uso obrigatório de EPI’s;
  • Emissão de APR;
  • Formulários de verificação de tarefas (Checklist);
  • Procedimentos e instruções de trabalho;
  • Emissão de permissão de trabalho (PT);
  • Isolamento da área;
  • Instalação de sinalização de advertência dos riscos encontrados no local;
  • Sistema de amarração para ferramentas;
  • Inspeção dos acessórios de içamento;
  • Treinamento da equipe.

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QUAIS SÃO AS DIFICULDADES?

  • Cultural: nas obras, a queda de pequenos objetos é considerada como parte do processo “acontece”;
  • Falta de avaliação do risco: o entendimento de que a queda de objetos faz parte do processo, o que leva a uma atitude de complacência. Entretanto, essas quedas, ainda que sejam de pequenos objetos, podem trazer uma carga grande de fatalidade;
  • Desconforto: os sistemas de prevenção de queda de ferramentas podem afetar sua funcionalidade e performance. Se esses sistemas atrapalham a performance ou a produtividade, provavelmente serão descartados pelos trabalhadores;
  • Diversidade: a grande variedade de equipamentos e ferramentas utilizados nos trabalhos de montagem em altura, tornam difícil a implementação de uma política de prevenção.

Foto em destaque: sistema de amarração para ferramentas

camilofilho(*) Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com mais de 39 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é autônomo e consultor da IPS Engenharia de Rigging. Sugestões e comentários enviar para camilofilho@hotmail.com.

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1 comentário em“O PERIGO QUE VEM DO ALTO

  1. Gostaria primeiramente de agradecer esse grande profissional e grande amigo… Dicas fundamentais para içamento e movimentação de cargas… parabéns Camilo sucesso Sempre gratidão.

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