INSPEÇÃO EM ACESSÓRIOS DE IÇAMENTO DE CARGA

Por: Johnny Forster (*)

“Especial atenção será dada aos cabos de aço, cordas, correntes, roldanas e ganchos que deverão ser inspecionados, permanentemente, substituindo-se as suas partes defeituosas”.(NR-11- item 11.1.3.1)

A inspeção nos acessórios para içamento de cargas, além de cumprir exigência da NR-11, é uma ação fundamental para se garantir a segurança da atividade. Estudos de especialistas em rigging, juntamente com recomendações dos fabricantes dos acessórios indicam que a falta da inspeção pode estar entre as principais causas de acidentes durante as operações de movimentação de cargas.

Portanto, fazer a inspeção obrigatória dos acessórios não serve “apenas” para cumprir as exigências das normas técnicas, sejam as NBR’s(e, quando aplicáveis, as normas internacionais),a NR-11, ou ainda as orientações dos fabricantes.É a oportunidade que a empresa tem para evitar acidentes, salvar vidas e, ao mesmo tempo, evitar prejuízos decorrentes da queda da carga e/ou da parada da produção ou da obra.

Mas, se existem normas técnicas dos acessórios definindo como a inspeção deve ser feita e ainda assim os acidentes acontecem, quais são as causas raízes deste problema para as empresas e trabalhadores? Podemos inferir que são fatores que se somam e, de forma abrangente, envolvem erros cometidos na elaboração e/ou execução do Plano de Rigging, como também falhas na inspeção dos acessórios e/ou equipamentos.

Um exemplo de falha durante a inspeção é quando o trabalhador que fará o içamento, considerando que ele é o principal responsável pela inspeção visual obrigatória, desconhece as orientações do fabricante e das normas técnicas do respectivo acessório. E isso decorre principalmente do fato denão ter sido treinado adequadamente nas técnicas e boas práticas relacionadas à inspeção. Para agravar a situação, muitas vezes ele não tem meios de acesso à leitura das normas técnicas aplicáveis aos respectivos acessórios.

O desconhecimento pode ser reflexo de uma deficiência no conteúdo programático da capacitação obrigatória da NR-11 e também de outros treinamentos relacionados a içamento de cargas e/ou da qualidade do treinamento ministrado. Mas isso poderia ser minimizado por meio da disponibilização das normas técnicasaos envolvidos e a criação de procedimentos internos atendendo aos pré-requisitos normativos necessários para o uso de qualquer acessório durante o içamento de cargas de forma segura.

Vamos exemplificar esta situação dos pré-requisitos normativos para o caso de uma manilha. Para que a manilha tenha o seu uso autorizado em um içamento de cargas é exigência da NBR 13545 (norma técnica de manilhas) que ela possua pelo menos as seguintes informações estampadas de forma legível no seu corpo: o nome do fabricante ou a logomarca que permita a identificação, o grau do aço, o código de rastreabilidade, a dimensão e a respectiva CMT (Carga Máxima de Trabalho) –que pode estar escrito na manilha com a sigla em inglês  WLL (Working Load Limit).

Manilha G-2130 55t Crosby_ cópia

É comum encontrar em campo manihas que não atendem a estes requisitos mínimos. Na prática, constata-se que a observância destes requisitos nem sempre ocorre, ou seja, o inspetor permite que uma manilha que não cumpre os pré-requisitos normativos citados anteriormente seja utilizada no içamento.

Esta situação pode levar a acidentes como, por exemplo, um rompimento da manilha. E a ausência das marcações obrigatórias dificulta o rastreamento para análise das possíveis causas (Qualidade do aço? Grau do material? Qual o fabricante? Quando foi fabricado? etc.).

O mesmo ocorre com lingas de corrente,quando os componentes que foram utilizados em sua montagem (anel de carga, elo de ligação, corrente, elo de ligação e elemento final) não possuem estampados no corpo a rastreabilidade e/ou nome do fabricante.

Sem a rastreabilidade se perde o histórico do acessório e não é possível rastrear a sua fabricação, a matéria prima utilizada no seu lote de fabricação, o registro dos testes realizados, entre outras informações vitais durante a vida útil do acessório. Aprovar o uso de acessórios sem as devidas rastreabilidades pode colocar em risco a atividade de içamento, a integridade da carga e equipamentos utilizados durante a movimentação e a vida dos trabalhadores.

Outro exemplo é quando durante a inspeção o trabalhador/inspetor permite o uso de uma cinta têxtil para elevação de cargas que não cumpre a exigência do fator de segurança 7:1, o qual é uma exigência da NBR 15637, ou se utiliza cintas com cores não previstas em norma.

Estas são algumas situações, entre diversas outras, comumente encontradas nas diferentes aplicações mercado a fora, não somente no Brasil. Então, como implementar um processo de inspeção eficiente de forma a minimizar os riscos indicados?

A inspeção somente será eficiente e atingirá o seu objetivo maior, que é evitar acidentes, quando o trabalhador/inspetor estiver devidamente capacitado nas boas práticas mundiais, conhecer os pré-requisitos mínimos dos fabricantes e das normas técnicas para os acessórios – e não permitir que um acessório que não cumpre as respectivas normas seja utilizado no içamento. Assim, contar com parceiros de qualidade e fabricantes que atendam as mais exigentes normas mundiais é fundamental para a segurança da operação.

O Grupo Crosby, além de uma ampla gama de soluções em acessórios de içamento de carga,que atendem as mais rigorosas normas mundiais, conta também com um extenso programa de treinamento, além de parceiros especialistas com serviços dedicados e treinamentos especializados em diferentes temas relativos a içamento de cargas.

johnny-foster (*) Johnny Forster é Engenheiro Eletricista, pós-graduado em Marketing e mestrando em Administração, possui vasta experiência na área industrial no Brasil e no exterior tendo participado da implantação de inúmeros projetos cujo foco era a Segurança do trabalhador. Atualmente está responsável pela gerência técnica e comercial da The CROSBY Group nas regiões Norte, Sul, Centro-Oeste e nos estados de MG e ES. Contatos para johnny.forster@thecrosbygroup.com .

5 comentários em “INSPEÇÃO EM ACESSÓRIOS DE IÇAMENTO DE CARGA

  1. Caro Amigo Johnny.

    Meus parabéns pelo excelente artigo, que certamente será de grande valia para os profissionais que atuam no içamento de cargas.

    Aproveitando a oportunidade, gostaria apenas de acrescentar e destacar um detalhe de extrema relevância em relação ao conteúdo do 11º parágrafo do artigo.

    Trata-se do Fator de Segurança das cintas de poliéster, que é 7:1, válido apenas quando a cinta não possui componentes metálicos, ou sejam, anéis, ganchos, manilhas…formando um conjunto (linga) de elevação.

    Com os componentes metálicos na cinta, deve-se considerar o menor Fator de Segurança dos mesmos no conjunto, ou seja 4:1.

    O desconhecimento e a inobservância deste pequeno, mas importante detalhe, pode ocasionar acidentes de grande gravidade.

    Os treinamentos periódicos de boa qualidade, são a solução mais eficaz para que as operações de içamento de cargas sejam absolutamente seguras e confiáveis.

    Um grande abraço.

  2. Excelente conteúdo.
    Como conseguir uma capacitação e habilitação para inspeção em acessórios de içamento?

  3. Excelente Material
    Gostaria de participar de grupos que trate sobre o assunto

    Meu contato: 91 992701230
    Alexandre Sá

  4. Bom dia Srs da Carga…

    Gostaria de saber pq dos cavirões das manilhas estão vindo coloridos: Azul, amarelo e vermelho.
    Aonde encontro essa informação.

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