IÇAMENTO PARA DESCOMISSIONAMENTO (Parte 1)

IÇAMENTO PARA DESCOMISSIONAMENTO (Parte 1)

Por: Leonardo Roncetti (*)

A perspectiva para grandes serviços de descomissionamento de plataformas offshore no Brasil nunca esteve tão grande. Com o anúncio de investimento de quase 10 bilhões de dólares em cinco anos, somente pela Petrobras, está previsto o descomissionamento de 26 plataformas, 360 poços e 2.500 km de dutos, além de quantidade significativa de equipamentos submarinos.

No horizonte de longo prazo, a Petrobras estima descomissionar 53 plataformas até 2030, sendo a maioria na Bacia de Campos. Boa parte delas tem estrutura em jaqueta de aço ou tubulão, fixada no leito marinho, em profundidades que variam de 15 a 115 metros.

Um dos principais desafios do içamento dessas jaquetas é a estimativa do peso atual, que pode diferir do projeto original e do peso na situação de içamento na época da instalação, devendo-se realizar estudo detalhado para escolha correta do guindaste a ser utilizado.

O controle de peso, na fase de fabricação e montagem, é baseado na ISO 19901-5 e posteriormente à instalação, deve ser feito inventário de pesos removidos e adicionados às estruturas, não só para fins de descomissionamento, mas para evitar sobrecarga nos elementos estruturais.

Os principais fatores que são levados em conta na avaliação da variação do peso da estrutura a ser içada são:

  • Incrustações e agregações: organismos vivos ou mortos, resíduos naturais ou artificiais diversos acumulados ao longo dos anos, redes, linhas e outros equipamentos de pesca.
  • Grautes, concreto, cimentações, soldas e chapas utilizados na fixação das estacas à estrutura da jaqueta e nos condutores.
  • Trechos das estacas cortadas, que são fixadas à estrutura. Geralmente, as estacas são cortadas 3 metros abaixo do leito marinho, sendo a seção superior içada juntamente com a jaqueta.
  • Alterações estruturais e adições de condutores.
  • Aprisionamento de água na estrutura.

A influência desses fatores pode ultrapassar 25% ou mais do peso original içado, devendo ser objeto de inspeção no local e avaliação criteriosa da engenharia estrutural e de içamento.

leonardo roncetti(*) Leonardo Roncetti, engenheiro, é doutorando em içamento offshore pela COPPE-UFRJ, mestre em estruturas offshore pela COPPE-UFRJ, e diretor da TechCon Engenharia e Consultoria. Contatos: leonardo@techcon.eng.br

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