Por Leonardo Roncetti *
O içamento de pessoas com guindastes terrestres é assunto controverso por causa dos riscos envolvidos e do histórico de acidentes registrados. Tanto é assim que os fabricantes desses equipamentos advertem em seus manuais que os guindastes terrestres não são projetados para içamento de pessoas.
Embora haja diretivas em algumas Normas Regulamentadoras (NR), como a NR-12, ainda não há uma sistemática completa para içamento de pessoas que garanta a segurança. Não sendo suficiente o projeto de dispositivo específico ou o acompanhamento de um engenheiro responsável. Um exemplo disso é que grande parte dos acidentes fatais não ocorre pela falha no cesto suspenso e sim, por falha do guindaste que está movimentando a carga, ou a queda desta.
No caso dos guindastes offshore, a prática de içamento de pessoas para transbordo, isto é, para embarque ou desembarque da plataforma, é muito comum e prevista nas normas técnicas operacionais e de projeto de guindastes offshore, como API Sepc. 2C, EN 13852-1 e NORSOK R-002. Elas estabelecem requisitos mínimos de dispositivos de segurança, capacidade de içamento e condições operacionais limites como altura de onda e velocidade do vento.
O içamento para transbordo é feito com cestas de transporte de pessoal, que podem ser flexíveis como a Billy Pugh ou rígidas como a Frog Range, variando a complexidade. Podem ser simplesmente a cesta ou ter assento com amortecedor, cinto de segurança, flutuadores e outros dispositivos de segurança. A norma norueguesa NORSOK R-002 só permite o uso de cestas rígidas.
O içamento de pessoas em plataformas deve seguir um projeto específico, que contemplará o tipo de guindaste, embarcações, área de pouso da cesta, condições meteorológicas e comportamento dinâmico do conjunto durante o içamento.
Embora o índice de acidentes com içamento offshore de pessoas seja menor que em içamentos em terra, ainda há como reduzi-lo. O autor desenvolveu um método de predição do comportamento da cesta levando em conta a altura e período da onda, melhorando a eficácia no projeto e execução do içamento, aumentando a segurança e aumentando a janela meteorológica disponível.
(*) Leonardo Roncetti, engenheiro, é doutorando em içamento offshore pela COPPE-UFRJ, mestre em estruturas offshore pela COPPE-UFRJ, e diretor da TechCon Engenharia e Consultoria. Contatos:leonardo@techcon.eng.br