O balanço que os diferentes fornecedores do mercado de movimentação de cargas fazem do ano de 2022 não poderia deixar de ser positivo. A demanda em alta deu margem para introdução de novos equipamentos, aumento da oferta de guindastes usados com revisão de fábrica, investimento em suporte pós-vendas e também fortalecimento e expansão de distribuidores de acessórios, tradings e subsidiárias de fabricantes chineses. E a expectativa, de um modo geral, é que esse cenário se repita em 2023.

Segundo Daniel Poll, diretor comercial da Liebherr, “os ânimos do mercado no pós-pandemia estavam bons, também com o avanço e crescimento da atividade de construção, que se manteve alta, como nos anos anteriores”. Apesar de ser um ano eleitoral, em que há alguma insegurança do mercado, diz ele, o ano de 2022 foi um ano bom para a área de guindastes móveis sobre esteiras e pneus da Liebherr.

Para a fabricante, o resultado de vendas foi bastante positivo, tanto em guindastes, incluindo modelos de grande porte, quanto em pós-vendas e engenharia de serviços. “Vale mencionar as aquisições também de máquinas usadas, uma importante opção, que, conforme a necessidade do cliente, são comercializadas, no estado, reparadas ou reformadas, sempre com suporte de fábrica da Liebherr”.

“Sim, no ano de 2022 pudemos perceber uma continuada evolução do crescimento da demanda. Algo que já vinha ocorrendo desde 2019 de forma suave, mas que depois foi altamente impactado pela pandemia. Finalmente agora está retornando ao crescimento com oportunidade para bons negócios”, confirma Anilton Leite, gerente de vendas da Tadano.

“Basicamente, 2022 foi um ano atípico se comparado ao ano anterior. Tivemos oportunidades de negócios em múltiplos setores, como Papel e Celulose, Energia Renovável, Óleo e Gás respectivamente”, diz Luciano Dias, diretor de vendas e suporte ao produto da Manitowoc.

Para Cristiano Carvalho, gerente de vendas da Sany do Brasil, foi um ano que surpreendeu bastante, com muitas negociações. “Achávamos que daria uma estagnada em 2022, mas, na verdade, continuou crescendo de 2021 para 2022 até hoje inclusive. Então, para nós, foi um ano muito bom”.

“O ano de 2022 foi muito positivo, já que consolidamos um processo de reestruturação para retomada e fortalecimento de nossa presença no mercado brasileiro”, avalia Ricardo Bertoni, vice-diretor comercial da Zoomlion. “A gente está expandindo e crescendo bastante com grandes investimentos aqui no país. E a expectativa para o próximo ano é a mesma ou até maior”.

“Foi um ano acima das expectativas, todas as empresas relatam isso e nós também sentimos que foi um ano acima do que se esperava”, afirma Reinaldo Luis Tavares, gerente comercial da Mason Equipment, holding que assumiu a representação nacional dos guindastes da linha Terex. “Acreditamos que, com isso, a empresa ganha capilaridade, mais agilidade no atendimento de pós-venda e no fornecimento de peças, e prestação de serviço mais barata, não só baseado em São Paulo, mas distribuído por todo o país”.

Fernando Berzoini Smith, diretor da Timbro Trading, diz que 2022 foi um ano de crescimento de mais de dois dígitos da empresa e da entrada em segmentos de mercado que já vinham sendo estudados há bastante tempo e em outros estados. Então foi um ano muito positivo. Foi um ano de aquisições, expansão, não só nacional, mas internacional”.

“Foi um ano complicado por conta das eleições, mas onde conseguimos nos posicionar bem próximo de nossos clientes e estar sempre presente na questão de treinamento e qualidade de produto”, afirma Rafael Szalma da Silva, engenheiro de vendas da IPH Global, fornecedor de cabos de aço e acessórios para elevação de cargas.

PÓS-VENDA

O fortalecimento do pós-venda também esteve entre as prioridades dos fornecedores. “Nossos principais investimentos foram especialmente voltados para qualificação da mão-de-obra, para continuar garantindo alto nível de atendimento aos nossos clientes, confirma Daniel Poll, da Liebherr. Adriano Battazza, gerente geral e vice-presidente de vendas da Tadano na América Latina, explica que a Tadano realizou uma reestruturação do departamento comercial, com a consolidação de todo o território latino-americano (Brasil, México e demais países) sob uma gestão centralizada. “Para 2023, estamos aumentando a estrutura de serviços no Brasil, com aumento de pessoal, veículos, etc. No México, estamos preparando um amplo plano, multifatorial, que deve aumentar a nossa resposta no fornecimento de peças de reposição e a agenda de treinamentos”.

“Adicionamos mais pessoal em nossa equipe de Suporte ao Produto. Nossa estratégia é investir em capacitação e oferecer treinamento de novas tecnologias para familiarização dos nossos clientes e dos nossos próprios funcionários com os nossos produtos”, diz Luciano Dias, da Manitowoc. Cristiano Carvalho, da Sany, lembra que a empresa investiu continuamente em peças e hoje conta com estoque físico no Brasil avaliado em R$ 50 milhões, em sua base local em Jacareí (SP). “Aumentamos as opções de máquinas e a disponibilidade para os clientes no Brasil e iremos anunciar outras novidades ainda neste ano”.

NOVOS EQUIPAMENTOS

Os diversos fornecedores aproveitaram o bom momento para introduzir novas tecnologias no mercado brasileiro. “Sim, neste ano, trouxemos o primeiro guindaste LG 1750 com configuração de lança SX2 que confere maior alcance e capacidade a este modelo já conhecido no mercado. Para o próximo ano, já temos programada a vinda de dois novos modelos para nossos clientes: a LTM 1230-5.1, com lança telescópica de 75m e a LTM 1300-6.3, com lança telescópica de 90 m”, diz Rene Porto, gerente de guindastes móveis e sobre esteiras da Liebherr.

Anilton Leite, da Tadano, cita entre as novidades anunciadas em 2022, o modelo AT AC3.045-1 (45 t) para ambientes urbanos e remoção industrial. Um outro AT, o modelo AC7.450-1, de 7 eixos, com capacidade para 450 t, o PC38.650-1, um boom treliçado para 650 t, montado sobre pedestal (com patolas), projetado para atender demandas do segmento eólico, e o GTC-2000, um guindaste telescópico sobre esteiras na classe 200 t, apresentado na feira de Bauma.

Na Manitowoc, o ano de 2022 também foi de muitas novidades, diz Luciano Dias. “Conseguimos introduzir equipamentos com nossa tecnologia CCS (Crane Control System), um computador desenvolvido pela nossa engenharia o qual foi muito bem vindo de acordo com o que escutamos dos nossos clientes. Chegaram em 2022 mais de 10 máquinas com esta nova tecnologia, os primeiros a entrarem no país, modelo GMK 5250L-1, trata-se de uma máquina com capacidade nominal de elevação de 250 toneladas métricas a qual atende grande parte dos projetos brasileiros”.

TEMPO DE ENTREGA

A grande demanda em nível mundial e problemas de ordem logística são questões desafiadoras para todos os fabricantes. E a previsão é que os prazos de entrega continuem prolongados em 2023. A opção de equipamentos usados, como mencionado anteriormente, é uma alternativa. “Um dos principais pilares da Manitowoc Brasil hoje é a flexibilidade em manter disponibilidade no Brasil. Esta modalidade já é praticada desde dois anos atrás e pretendemos manter desta forma com equipamentos novos e seminovos. A partir do ano que vem enfatizaremos muito mais opções. Grandes momentos estão por vir”, garante Luciano Dias, da Manitowoc.

No caso da Liebherr, lembra Rene Porto, que também investiu na opção do seminovo, os prazos de entrega de novos guindastes se justificam “pelo um alto nível de customização, para que possam atender aos clientes da melhor forma. Desse modo, somente as máquinas vendidas – e fabricadas com as especificações e opcionais selecionados para o cliente – serão trazidas”. Já Anilton Leite, da Tadano, afirma que a produção em várias fábricas, no Japão e na Alemanha, garante alguma flexibilidade em relação a essa questão. “Os tempos de entrega são diferentes para cada família de produtos ou até mesmo produtos específicos dentro da mesma família”.

EXPECTATIVAS PARA 2023

“Para 2023, a Tadano espera crescimento em vendas nas três regiões da América Latina, com ênfase no Brasil”, diz Adriano Battazza. “A Tadano seguirá apoiando o setor de locação de guindastes com disponibilidade de peças sempre em evolução, e a preços realmente competitivos”.“A política brasileira muitas vezes atrapalha as tomadas de decisões e mantem os planos incertos, porém nós da Manitowoc acreditamos que ainda tem muita demanda reprimida e vamos ter um ano de sucesso em vendas de máquinas e serviços, mas com certeza de muitos desafios porquê temos que pensar em fazer negócios diferentes, pensar fora da caixa”, prevê Luciano Dias, da Manitowoc.

“Estamos otimistas para o ano de 2023”, diz Daniel Poll, da Liebher. Ele lembra que o país ainda tem uma alta demanda por obras importantes de infraestrutura, para atender ao crescimento econômico atual. “O mercado eólico também deverá se manter aquecido para os próximos anos. Além disso, temos também a desvalorização do câmbio favorece as exportações, impactando importantes segmentos, como mineração e agronegócio, que demandam equipamentos para expansão e manutenção de suas plantas e infraestrutura para escoamento”.

“Vamos continuar aprimorando nossa estrutura de apoio aos nossos clientes, ampliando a oferta de serviços de reforma, reparos estruturais, peças de reposição, serviços de treinamento, para continuarmos com alto nível de atendimento aos nossos clientes e de disponibilidade de seus equipamentos”, complementa Rene Porto.

“2023, para nós, é um ano promissor, um ano novo, e a gente tem uma boa perspectiva de mercado”, diz Rafael Szalma da Silva, da IPH Global. “A expectativa para o ano que vem é crescermos, expandirmos ainda mais a nossa penetração no mercado e ter uma presença ainda coerente com o tamanho e importância da Zoomlion no segmento de mercado de guindaste do mundo”, afirma Ricardo Bertoni.

Fernando Berzoini Smith, da Timbro, diz que a empresa tem mais algumas aquisições já em negociação, tanto na área de tecnologia como na área de expansão logística. “E a nossa expectativa é que esse crescimento não pare, que as pessoas continuem investindo, alguns setores com os quais a gente trabalha tiveram um crescimento que a gente não via há décadas”. “Acreditamos que no próximo ano, se a economia mantiver a tendência do que aconteceu esse ano e dependendo do que a política vá nos direcionar, também teremos bastante sucesso”, confirma Reinaldo Luis Tavares, da Mason Equipment.