CRITÉRIOS NO USO DE CABOS GUIA

CRITÉRIOS NO USO DE CABOS GUIA

Por: Camilo Filho*

O uso de cabos guia sempre foi negligenciado a um segundo plano na indústria e infraestrutura em geral, e tido como um coadjuvante sem grande importância. No campo, é muito comum ouvirmos: ”fulano, arruma um pedaço de corda”, ou: “ não é comprida o bastante, emenda, dá um nó” ou, até mesmo: “se vira, dá teus pulos” e por aí vai.

Hoje, com a grande demanda de fazendas eólicas, seu uso e aplicação assumiu um dos papéis principais no cenário de movimentação de cargas e particularmente nesta aplicação.

Por razões óbvias, só montamos fazendas eólicas onde há vento e, portanto, se há vento, efetivamente existe o risco de que as peças içadas mover-se-ão de acordo com a força, direção e intensidade do vento a que estão sendo sujeitadas.

Função principal dos cabos guia

A função principal dos cabos guia é o controle da carga, e para isso são normalmente usadas cordas de sisal ou material não condutor de eletricidade, que são presos à carga, com a ponta livre sendo controlada por colaboradores no solo ou, em casos especiais, como os moinhos eólicos, por manipuladores, catracas ou outros meios que forneçam uma condição de tração, frenagem e alívio para controle e minimização do giro da carga quando içada.

São extremamente úteis no controle da rotação de cargas longas e principalmente onde as folgas laterais e superiores são apertadas. Um exemplo clássico é o içamento de cargas muito próximas às lanças dos guindastes ou das estruturas de montagem, andaime e etc.

Apesar de necessárias e extremamente úteis, devem, no entanto, ser utilizadas com cautela. Seu uso deve ser considerado parte do “Plano de Rigging” do içamento, como medida preventiva na mitigação dos riscos já inerentes a nossa atividade.

Os seguintes cuidados devem ser observados quando usamos cabos guia:

  • De modo algum segure o cabo guia embaixo da peça.
  • nunca enrole o cabo guia na sua mão, braço ou qualquer outra parte do seu corpo.
  • SEMPRE use luvas ao segurar o cabo guia. Caso a peça corra, o atrito poderá cortar ou queimar suas mãos!
  • Amarre o cabo guia a algum equipamento apenas quando não seja possível controlar a carga com dois colaboradores. Neste caso é mais seguro usar equipamento auxiliar.
  • O caminho a ser percorrido pela carga deve ser verificado quanto a interferências, de modo a assegurar que os cabos guia não fiquem enroscados nas estruturas, andaimes ou outros equipamentos.
  • O cabo guia deve ter um comprimento tal que seja suficientemente longo para controlar a carga durante todo o seu percurso.
  • O cabo guia, assim como outro acessório qualquer, deve ser inspecionado imediatamente antes do seu uso: verificando-se que não contenha nós, voltas e etc.
  • Os cabos guia não devem ter nada amarrados na sua ponta solta (no final do cabo).
  • Os colaboradores encarregados de controlar o cabo guia devem tomar cuidado para não imprimirem na carga movimentos indesejáveis ou desbalanceá-la
  • Quando usarmos cabos guia muito longos, devemos tomar cuidado para que a parte que está ainda no chão não enganche em nada, incluindo os pés do pessoal que está no controle do cabo.
  • Os cabos guia devem ser sempre controlados por colaboradores outros que não sejam o sinalizador. O colaborador que estiver controlando o cabo guia vai freqüentemente necessitar das duas mãos e poderá estar fora do campo de visão do operador do guindaste, impossibilitando assim que sejam usados os sinais manuais ou mesmo via rádio.

Precauções adicionais em projetos eólicos

No caso específico de moinhos eólicos. Em que o içamento de algumas cargas é executado muito próximo das peças já montadas e das lanças dos guindastes:

  • Nos casos em que o “Hub” sobe montado com as pás para serem acoplados na “Nacelle”, cuidado adicional deve ser tomado. Eu particularmente recomendo três cabos para controle do conjunto. Dois para controle da rotação em torno da pá que estará na posição “6 horas” e um cabo para manter o afastamento da torre. Neste caso, é recomendada a utilização de equipamento mecânico para controle do cabo.

Quando o procedimento de montagem indicar a subida das pás separadamente para montagem no “Hub” já instalado na “Nacelle”, dois cabos guias atados nas extremidades são suficientes para maximizar o controle da carga.

(*) Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com 38 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é consultor da IPS – Engenharia de Rigging, é também membro da ACRP (Association of Crane & Rigging Professionals-USA).

Leia mais Dicas do Camilo sobre içamentos de cargas

 

1 comentário em“CRITÉRIOS NO USO DE CABOS GUIA

  1. Posso conectar o cabo guia em portas ou maçanetas do container, quando não há pontos de confecções além das dobradiças ? E se existe alguma norma ou normativa que fale sobre a firma correta de conectar o cabo onde não há olhal apropriado para essa conexão de container offshore?

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