BALANÇO E PERSPECTIVAS NA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS

Júlio Simões, presidente do SINDIPESA, principal entidade representativa do setor em nível nacional, avalia 2022 como o ano em que a maioria das empresas teve um crescimento muito grande, acima da inflação, com aumento expressivo na demanda de serviços. “Nós só temos que agradecer e comemorar, levando em conta, porém, que os desafios também aumentaram: os custos subiram demais, a falta de peças de reposição e equipamentos atrapalharam muito o setor”.

Julio Simoes
Júlio Simões, presidente do SINDIPESA

Ele entende que são boas as perspectivas para o ano que vem, independente do contexto político. “Eu acho que a economia deslocou, separando um pouco da parte política e que o setor vai ter um crescimento. Tem muita obra, muita coisa alinhavada, que independe do governo”.

Para Adriano Depentor, presidente do SETCESP (Sindicato da Empresas de Transportes de Cargas de São Paulo e Região), 2022 foi um ano com muita demanda de serviços, mas também bastante difícil. “Tivemos vários problemas em relação a combustíveis, elevação de preços e polarização política. Esses pontos acabam influenciando muito o setor.

Adriano Depentor
Adriano Depentor, presidente do SETCESP

Em seu primeiro ano à frente da entidade ele diz que o objetivo é dar sequência às metas estabelecidas anteriormente, de modo a traçar o melhor caminho para os empresários do setor. “Temos uma boa expectativa para 2023. Acreditamos que essa questão política vai se assentar, que o mercado irá crescer”.

Uma expansão em nível geral, e não somente em segmentos específicos de mercados. Essa é a avaliação de Denys Garzon Rodrigues, diretor comercial da Guindastes Tatuapé, sobre 2022”. Um ponto positivo é em relação ao volume de negócios. Temos expansão no setor de papel, química, concreto e energia eólica. Senti essa expansão geral de segmentos que estavam retraídos”. Para a Tatuapé, o óleo e gás foi sempre um setor muito importante. Mas, o melhor exemplo, de diversificação de atuação para a locadora paulista, é o incremento de sua participação no segmento eólico. O que justificou em grande medida o investimento feito durante o ano em equipamentos. “Já conseguimos receber uma parte desses equipamentos e outros estão provisionados para 2023”.

Denys Garzon Rodrigues
Denys Garzon Rodrigues, diretor comercial da Guindastes Tatuapé

A expectativa, diz Denys Garzon Rodrigues, é dar continuidade aos investimentos, previstos no planejamento que já vinha sendo feito, “com base na previsibilidade dos outros negócios, e a tendência é continuar e aumentar mais ainda”. Um aspecto fundamental, diz ele, é a tecnologia, e suas diferentes aplicações no controle e desenvolvimento de processos, “para que a empresa possa conseguir avançar na mesma velocidade que o mercado quer”.

David Rodrigues
David Rodrigues, CEO da Makro Engenharia

Essa é a mesma visão de David Rodrigues, CEO da Makro Engenharia, que tem priorizado o investimento em inovação e tecnologia. Em 2022, a empresa deu um novo impulso em sua plataforma MakroSpace, para onde convergem todas as atividades da empresa junto a seus clientes. “A gente investiu muito e agora ela entrega desde o fechamento do contrato, a mobilização, a medição, a segurança, a logística e a parte de manutenção, tudo na mesma plataforma digital”.

Para 2023, afirma o CEO da Makro, a meta é levar adiante um processo de renovação de frota. Ele diz que um dos focos, dentro do pacote de equipamentos que está em negociação, são máquinas grandes, direcionadas mais para o setor eólico.

Andriele Locks Maschke, Coordenadora de Projetos do Grupo Darcy Pacheco, diz que 2022 foi um divisor de águas na empresa. “Buscamos profissionais realmente qualificados para compor o time, e investimos muito em maquinário novo. A gente trouxe equipamentos novos que são pioneiros no Brasil, para atender clientes, suportar a demanda e as crescentes necessidades do mercado”.

Adauri e Andriele
Adauri Silva (CEO) e Andriele Locks Maschke, Coordenadora de Projetos do Grupo Darcy Pacheco

“Foi um ano extremamente positivo, eu acho que a gente está em uma crescente
constante, o mercado está demonstrando bastante profissionalismo, gerando uma reação principalmente nos preços e nos níveis de utilização”. A avaliação é de Marcello Mari, diretor de Guindastes e Transportes da Locar Guindastes e Transportes Intermodais.

Marcello Mari
Marcello Mari, diretor de Guindastes e Transportes da Locar

Por conta desse aquecimento nos setores de mineração, papel e celulose, siderurgia e energia eólica, explica Marcello Mari, a Locar entre 2021 e 2022 investiu massivamente em guindastes e, principalmente, em plataformas. Nesse último caso, levando à abertura de três filiais. “A gente imagina um crescimento da empresa hoje, em termos de receita, superando até 30%. E a perspectiva é de muito otimismo, com um novo ano bastante produtivo”.

Para Napoleão Luna, diretor comercial e de operações da Transnacional, 2022 foi um ano “de abrir portas”. Ou seja, a locadora cearense passou a atuar em novos segmentos de mercado e priorizou a expansão das atividades, com abertura de filiais nas regiões Norte e Nordeste.

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Napoleão Luna, diretor comercial e de operações da Transnacional

“Foi muito positivo nesse sentido, aprimoramos nossa qualidade e segurança e, para isso, a expertise do time contou muito. A maior parte dos investimentos foi prevista para o próximo ano, neste agora foram mais para equipamentos de apoio e logística”

Em 2023, a Transnacional, dia ele, irá centrar o foco nos setores de mineração e energia renovável, eólica principalmente. “O mercado está em expansão. Os próximos 10 anos são realmente promissores no setor de energia renovável no Brasil, mas também no Mercosul e na América Latina como um todo”. Para dar conta da demanda, a empresa planeja investir em novos equipamentos. “Como são compras mais planejadas, estamos trabalhando muito na questão da análise do crédito que o mercado está oferecendo e as oportunidades de vendas de máquinas usadas, seminovas e até mesmo novas – dependendo da capacidade de entrega dos fabricantes”.

Na avaliação de Marcos Fernando Hecke, engenheiro sênior e responsável técnico da Transdata, o mercado neste ano passou por uma fase de transição e depois se abriu gerando boas expectativas, justificadas por muitos convites e propostas, algumas já confirmadas e outras em fase de análise. “Foi um ano importante no sentido de abrir nossa perspectiva do mercado e retomar muitos dos projetos que estavam indefinidos”. Segundo ele, além do segmento de energia eólica, a Transdata beneficiou-se da retomada dos investimentos no setor siderúrgico.

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Marcos Fernando Hecke, engenheiro sênior e responsável técnico da Transdata

“Assim como nos setores de mineração e montagem industrial, trabalhar com o setor de siderurgia nos traz muito otimismo, porque, quando eles começam a investir, é uma indicação de que o futuro vai ser melhor, mais promissor, e que vai gerar negócios no segmento de movimentação de cargas”. Confirmada a expectativa, a empresa avalia a possibilidade de investir, tanto em novos equipamentos, quanto no aumento e capacitação da sua força de trabalho.

A leitura de Edvaldo Bernardino Peixoto, diretor da IPS Engenharia, sobre 2022, um “ano de ressaca pós-pandemia”, também é de um período de transição, onde se procurou consolidar posições conquistadas a partir de 2020. Mantivemos toda a equipe e focamos também no desenvolvimento de alguns projetos que estavam parados. Em relação ao 2023, ele diz que, passadas as eleições, o cenário é de incerteza. “Mas, por outro lado, temos muita coisa em andamento e vamos dar seguimento a esse movimento e trabalho. Seguimos otimistas”.

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Júlio Apolinário, diretor de operações da Primax Transportes Pesados

 O ano de 2022 foi muito bom para a Primax Transportes Pesados. O diretor de operações, Júlio Apolinário, diz, inclusive, que a empresa bateu vários recordes operacionais e econômicos. Ele lembra que a Primax trabalha em diversos setores, oferecendo uma solução completa para diversos segmentos. Dentre os principais, Apolinário destaca principalmente o automotivo, mas também mineração, higiene e limpeza e o agronegócio. “Definimos um plano estratégico para os próximos três anos. Estamos acabando de revisar ele agora, mas com certeza vamos investir no aumento da nossa capacidade de atendimento. Buscamos guindastes de maior capacidade, linhas de eixo e utilities”.

“Tivemos um balanço muito bom em 2022”, diz Alexander Biskupski, diretor operacional da Bolbi Movimentação de Cargas. “Eu me apoio muito no segmento de mineração e siderurgia, que foram dois setores que nos presentearam com uma demanda muito grande. Entramos em projetos de porte bem maior. Fazendo um serviço que a grande empresa faria com uma mega estrutura, porém de forma mais simples, mais ágil, mais barata, mais segura. E é o nosso desafio, até mesmo para estar aqui no Top Crane ano que vem. Essa é a nossa trilha”.

Alexander
Alexander Biskupski, diretor operacional da Bolbi Movimentação de Cargas

Para Biskupski, a expectativa para o ano de 2023 é a melhor possível. “Temos muitos projetos em andamento, que, independentemente da política, não vão parar. Vamos finalizar. O Brasil está tomando um certo caminho de independência, tirando um pouco o estado do caminho. Não é o vento que está a favor. Eu acho que o país é o caminho natural para o investimento em petróleo, energia eólica e solar. Todos os setores que consomem energia vão vir para cá, como siderurgia e mineração. Nós temos recursos e mão de obra que outros países já não têm mais”.

Com atuação nacional e atendendo a vários segmentos de mercado, em particular petroquímica, mineração e Óleo e Gás, ela diz que o foco maior em 2022 foi realmente a parte eólica e que, em 2023, provavelmente ainda vai ser assim. “Já temos para os próximos três anos um cenário de máquinas trabalhando, de projetos fechados e não teremos paradas. Normalmente, teríamos paradas por conta da Copa do Mundo, de fim de ano, mas nós não teremos. Então esperamos que 2023 seja semelhante aos últimos dois anos, que foram de trabalho duro e muito sucesso. Crescimento e evolução”.

2022 para o Grupo Cordeiro foi muito promissor, afirma o diretor comercial Aldelfredo Mendes. Maior prova, diz ele, foi o investimento feito em renovação de frota e tecnologia – incluindo duas máquinas de 500 t e uma de 600 t – para atender os projetos que a Cordeiro tem em andamento, não só no mercado de eólica, mas de mineração e siderurgia.

Aldelfredo Mendes
Aldelfredo Mendes, diretor comercial do Grupo Cordeiro

O planejamento para 2023, segundo ele, prevê novos investimentos, em um cenário de ampliação de oportunidades. “Acreditamos muito que o Brasil vai ter, nos próximos anos, uma alavancagem nos investimentos em todos os setores e que poderemos colaborar para o aumento da infraestrutura do país”.
Diretor da TechCon Engenharia e Consultoria, Leonardo Roncetti diz que 2022 deu oportunidade para a empresa contratar e investir na qualificação, repassando aos novos colaboradores o conhecimento agregado em 24 anos de atuação da empresa; “Foi um ano excelente para nós. Nós tivemos bastante trabalho e a gente percebe que muitos projetos foram “desengavetados” depois da regularização da pandemia. A expectativa é que, em 2023, isso continue e que tenhamos maior volume de
trabalho”.

 

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