ALTERNATIVAS PARA O TRABALHO AÉREO

ALTERNATIVAS PARA O TRABALHO AÉREO

Para além da montagem de torres e instalação de pás e turbinas, os serviços em parques eólicos demandam trabalhos que envolvem a elevação de pessoas. O trabalho em altura, nesse caso, em grandes alturas, em regra é feito com a utilização de cestos suspensos. O que é uma opção prática, válida e perfeitamente segura, desde que atendidos os requisitos previstos na Norma NR12, como relatado pela equipe da Makro Engenharia, em texto publicado na edição 89 da Crane Brasil. Ou ainda por meio da técnica de rapel, sendo necessárias algumas horas de preparação e descida a partir da torre.

Há, no entanto, outras alternativas para elevação de pessoas nessas operações, seja na instalação ou nas diversas intervenções previstas e necessárias para sua manutenção – algo que tende a ser cada vez mais corriqueiro, diante da maturidade de muitos dos parques eólicos do Brasil.  Fora a instalação de pás e unidades de turbinas eólicas, são diversas as tarefas essenciais de manutenção possíveis.

Vamos a elas: limpeza e reparos nas pás dos aerogeradores, inspeções estruturais e até mesmo verificações de parafusos, para ficarmos em algumas. A utilização do cesto suspenso irá depender, evidentemente, da disponibilidade de um guindaste no local e, no caso de trabalhos sequenciais, em várias torres, no mesmo ou em diferentes sites, da sua contínua mobilização.

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Plataforma PALFINGER WT 700, com alcance vertical de 70 m

“O caminhãozinho”

Nesse ponto, entra em cena um recurso que é carinhosamente chamado nos parques eólicos do Nordeste de “o caminhãozinho”. Na verdade, uma plataforma de grande porte e alcance vertical disponibilizada no país desde 2014 pela fabricante PALFINGER e que tem como feliz proprietário a Transdata Movimentação de Cargas. Feliz por que é um equipamento bastante requisitado em operações eólicas e um recurso, ao que se sabe, exclusivo de sua frota. E, segundo a área comercial da Transdata, o único equipamento no Brasil que cumpre as exigências da NR12 para trabalhos entre 54 e 70 m de altura.

Trata-se do modelo WT 700, com alcance vertical de 70 m e capacidade para 400 kg de carga com a lança totalmente estendida, dimensionado especificamente para inspeções periódicas e manutenções de estruturas nas indústrias sucroalcooleiras, de óleo e gás, de papel e celulose e em parques eólicos onshore. A lança telescópica do WT 700, por exemplo, realiza giro de 80º para os dois lados, atingindo um alcance de 35 m e se estendendo até pontos de difícil acesso. O equipamento foi implementado em um caminhão Scania P360 8×4.

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Gilvan Fonte Boa, Gerente Comercial de plataformas da PALFINGER

Como explicou Gilvan Fonte Boa, Gerente Comercial de plataformas da PALFINGER, na edição 88 da Crane Brasil, é um equipamento com alcances verticais e laterais, bem como capacidades de carga, diferenciados, das linhas Jumbo e Top. A Jumbo conta com alcances entre 48 e 70 m e a linha Top alcança os 90 m.

É uma tecnologia em constante evolução e, já há alguns anos, o WT 700 foi suplantado pelo P750 da linha Jumbo Class, que possui alcance vertical de até 75 m e capacidade de carga da caçamba de até 600 kg. Já a P900 da linha Top, com alcance máximo vertical de 90 m e alcance lateral de até 32,3 m, só não está disponível no Brasil ainda pela inexistência de caminhões rígidos com 10 eixos devidamente homologados no país.

Simone Manci
Simone Manci, engenheiro de aplicações da Genie

Outras plataformas

Um complicador para os fabricantes de plataformas mais convencionais é que há, de fato, uma tendência para torres eólicas mais altas. Dependendo de sua capacidade de energia, as torres eólicas podem variar de 30,48 m a 152,4 m (para aplicações offshore), com a altura média do hub em torno de 100,58 m. Por conta disso, Simone Manci, engenheiro de aplicações da Genie, reconhece que hoje o segmento eólico é considerado uma aplicação de nicho.

“Embora as super lanças possam cobrir algumas aplicações, as plataformas de trabalho aéreo montadas em caminhões geralmente são necessárias para tarefas acima de 54,86 m”. Em resumo: as torres eólicas geralmente são mais altas do que as plataformas de lança podem alcançar, e é por isso que as plataformas de trabalho aéreo montadas em caminhões são mais comumente usadas em parques eólicos.

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Plataforma Genie SX-180 com altura de trabalho de 56,86 m

No entanto, lembra ele, para algumas torres eólicas menores que 54,86 m, super booms, como a plataforma de lança telescópica Genie S ® -180 (que tem uma altura de trabalho de 56,86 m), são as mais adequadas e comumente usadas em parques eólicos. “As plataformas de lança são extremamente versáteis e, como resultado, são usadas para uma ampla variedade de tarefas internas e externas que exigem trabalho em altura”.

Simone Manci lembra, no entanto, que o segmento eólico é um mercado em crescimento devido à importância crescente da energia verde no futuro. O que indica que plataformas de maior alcance já estão no horizonte de desenvolvimento da indústria. Ou outras soluções, como se verá a seguir.

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Leon Liao, Diretor Regional de Vendas da Zoomlion para as Américas

Robôs aéreos automáticos

Leon Liao, Diretor Regional de Vendas da Zoomlion para as Américas, diz que o segmento eólico já ganhou prioridade na empresa e que já há trabalhos avançados para o desenvolvimento de soluções específicas para esse mercado. “A sustentabilidade é uma busca global, e, portanto, não há dúvidas de que a energia renovável e verde, como a eólica, será usada com mais frequência e haverá mais projetos de parques eólicos em todo o mundo”.

Leon Liao antecipa que a Zoomlion planeja desenvolver, especificamente para instalação, operação e manutenção em parques eólicos, duas linhas de produtos: plataformas ultra boom e, além disso, robôs de trabalho aéreo inteligentes.  Em ambos os casos, o foco é o de acompanhar a tendência de desenvolvimento do setor, sem ficar limitado pela altura da torre eólica. Nesse sentido, a linha de plataformas ultra boom é uma evolução natural. A maior inovação, sem dúvida, virá com os robôs inteligentes.

Ele explica: “Os robôs aéreos automáticos para inspeção, manutenção e limpeza podem ter as características de velocidade de subida rápida, forte autonomia e alta sensibilidade. Eles são adequados para parques eólicos terrestres e marítimos, que podem efetivamente melhorar a eficiência da manutenção, reduzir os riscos de segurança do pessoal e os custos de operação e manutenção”.

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