É PRECISO ENTENDER A SEQUÊNCIA DAS AÇÕES

Por Miguel Hiroto Tadano (*)

Anteriormente trabalhei em fabricantes de equipamentos e, já há algum tempo, estou atuando na área técnica de locadoras. É interessante como nossa percepção muda e conseguimos agregar novos conhecimentos de manutenção no contato diário com a equipe. Mesmo porque, descobrimos problemas novos que raramente são levados ao conhecimento do fabricante.

Um aspecto fundamental é que em uma locadora se tem mais de uma marca de equipamento. Com isso, é necessário pensar na sequência das ações em um sistema. Vou dar um exemplo. Certa ocasião estava com um problema na direção modo “caranguejo” em um equipamento AT. Porém, me foi informado que o problema estava no ajuste em um dos três sensores de ângulo de direção. Eu tentei fazer o ajuste e, por fim, acabei desregulando os sensores. Após esse procedimento errôneo, tive acesso a um material que me indicava exatamente o que precisava, que era a sequência das ações.

Esse material me informava que uma determinada válvula recebia primeiro a alimentação e depois outra. Eu então segui o diagrama elétrico e descobri que o problema estava em um conector de uma válvula solenoide pneumática que liberava a trava da direção dos eixos traseiros: o conector estava com um curto circuito. Então resolvi um problema, porém fiquei com o problema que eu próprio havia causado, que foi o ajuste do ângulo de direção, e então comecei a pensar como o módulo eletrônico de direção deveria funcionar.

Essa foi a parte mais interessante, porque não encontrei o procedimento para realizar esse ajuste, de modo que analisei e decidi fazer um teste. Primeiro, com todos os eixos alinhados, porque o modo caranguejo estava desligado e, portanto, o pino de trava da direção traseira estava inserido. Liguei o motor e, em seguida, o modo caranguejo. Nesse momento constatei que as rodas traseiras ficavam desalinhadas em relação aos eixos dianteiros, porque os eixos traseiros eram liberados e controlados pelo módulo eletrônico de direção – e os sensores estavam desajustados.

Então, estercei todos os eixos para um lado. Em seguida, desliguei o modo caranguejo e comecei a esterçar as rodas para o lado oposto até o pino de trava dos eixos traseiros ser inserido. Nessa situação, a direção estava alinhada. Depois, liguei o modo caranguejo, o pino de trava foi removido pelo módulo eletrônico, e as rodas começaram a se desalinhar para a posição que é considerada alinhada pelo módulo eletrônico através dos sensores. Nessa situação, medi os valores dos sinais dos dois sensores traseiros e anotei. Em seguida, alinhei todas as rodas e ajustei o valor do sinal dos sensores para os valores que anotei anteriormente. Fiz o teste e funcionou de acordo com a teoria.

Não é necessário muito conhecimento para reparar os equipamentos. É preciso se ter um pouco de teoria e prática sobre eletrônica, hidráulica, pneumática e mecânica geral, e conhecer os diagramas. Também existem muitos diagramas em outros idiomas, mas com o celular fica fácil traduzir, somente demora um pouco mais para se chegar na solução dos problemas. E também temos de ter humildade e reconhecer que precisamos dos outros e sempre perguntar aos outros profissionais se conhecem o problema ou se já repararam antes – isso torna o reparo mais assertivo e o aprendizado mais rápido.

(*) miguel hiroto tadanoMiguel Hiroto Tadano é engenheiro mecatrônico formado pela Escola Politécnica da USP com 15 anos de experiência em manutenção de guindastes. Atualmente é especialista de Manutenção na Guindastec. Comentários, Críticas e Sugestões para: miguelh_t@hotmail.com

 

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