DICAS
Por Camilo Filho(*)
A primeira coisa é entender que as cintas sintéticas de alta performance, foram desenvolvidas para substituir os cabos de aço no içamento de cargas e não para substituir outras cintas. Embora os cabos de aço ainda sejam a opção de muitos trabalhos de movimentação de cargas aqui no Brasil, nos USA e Europa, as cintas de alta performance passaram a dominar esses mercados.
As principais vantagens são conhecidas de todos do nosso segmento (são mais leves, flexíveis, fáceis de manusear, menor risco de lesão na coluna de quem as manuseia, menor risco de ferimentos por perfuração de arames e etc.). Porém nem tudo que brilha é ouro! Se você for utilizar esses produtos, certifique-se das considerações mecânicas e ambientais que podem afetar a resistência dessas cintas.
CONSIDERAÇÕES AMBIENTAIS
As cintas sintéticas expostas à luz solar, altas temperaturas e ambientes quimicamente ativos, ou mal acondicionadas podem ser danificadas externa e/ou internamente. Uma indicação visual de dano pode ser verificada quando a cinta se torna endurecida ou há um branqueamento do material (dano por UV), cortes, abrasão queimaduras, pontos gastos, impregnação de materiais, pingos de solda, nós, desfilamento, etiqueta faltando ou ilegível. Antes da compra, consulte o fabricante para assegurar-se de que o material é compatível com sua aplicação no que se refere à atmosfera/temperatura de trabalho.
CONSIDERAÇÕES MECÂNICAS
O primordial é: determine o peso da carga, o ângulo horizontal da carga com a lingada e o tipo de amarração usada (vertical, enforcada ou basket). Isto determinará a capacidade necessária à sua aplicação. Selecione a cinta adequada, baseado na carga, tipo de ambiente e amarração.
Inspecione visualmente a cinta escolhida: caso esteja danificada, defeituosa ou com a etiqueta ilegível, não deve ser usada e sim retirada de serviço para uma avaliação mais profunda. No caso das cintas que possuem fibra ótica, caso a luz não esteja sendo transferida de uma ponta a outra, também devem ser retiradas de uso.
Na foto abaixo, uma cinta de alta performance “transparente” para facilitar a inspeção
Retirem de serviço também as cintas que possuem fusível de indicação de sobrecarga, caso este não esteja visível ou com menos de 12,0mm de comprimento.
Na foto abaixo, vemos os fusíveis (cordão branco) e a fibra ótica sendo testada.
As cintas devem ser sempre protegidas contra cantos vivos e quinas vivas, as quais ocasionam cortes. Use proteção adequada de modo a aumentar o raio de apoio da cinta sempre que for necessário. Manilhas, olhais e ganchos devem sempre estar livres de cantos vivos ou cortantes. A área do pino da manilha é um ponto de atenção porque pode cortar a cinta, evite usar a cinta nessa área.
Na foto 3, vemos o pino da manilha sendo protegido.
As cintas devem estar bem posicionadas, balanceadas e presas na carga de modo a proporcionar controle da cargae evitar correr. A carga deve ser amarrada de modo balanceado, tendo em conta o seu C.G. e a distribuição da carga entre as lingas da amarração. As lingadas NUNCA podem conter nós ou ter seu comprimento aumentado por um nó.
As lingadas NUNCA devem ser puxadas de sob a carga enquanto que, mesmo somente parte da carga ainda esteja apoiada na lingada. As cintas sintéticas comum esticam quando carregadas; as de alta performance, não! Seu alongamento é praticamente zero.
Evite acelerar ou desacelerar a carga rapidamente, isto é uma causa para o alongamento das cintas comuns de nylon ou poliéster. No caso das cintas de alta performance, esse ato acarreta apenas sobrecarga mas não causa alongamento.
De modo a prevenir uma carga pontual, não somente as cintas, mas as lingadas de modo geral devem ser centradas e assentadas de maneira apropriada nos moitões.
Nunca coloque uma emenda da lingada no moitão, em uma manilha ou no ponto de conexão com a carga. Emendas devem estar SEMPRE retas para sofrer apenas tração.
O pessoal envolvido na movimentação da carga, deve SEMPRE manter uma distância segura da mesma. É altamente recomendado usar cordas guia e NUNCA colocar a mão na carga quando esta estiver içada. NUNCA use a carga como meio pessoal de içamento e NUNCA ande sobre a mesma içada!
NUNCA deixe nenhuma parte de seu corpo em algum ponto que possa ser prensado e NUNCA fique em uma posição na qual não tenha uma via de escape, caso algo saia de controle.
Nosso trabalho é intrinsecamente de risco, pessoal envolvido em movimentação de carga, deve receber treinamento adequado para cumprir com as normas de segurança!
*Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com mais de 30 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é consultor da IPS Engenharia de Rigging e membro da ACRP (Association of Crane & Rigging Professionals-USA). Sugestões e comentários enviar para camilofilho@hotmail.com.
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Boa tarde! Gostaria de saber se podemos utilizar cinta com cinta para realizar atividades de içamento, e qual norma fala sobre, obrigado! e-mail; marcos.melo@sgs.com
Porque na última revisão da NBR 15637-2, no item 4 do Anexo B, o cálculo para o diâmetro mínimo admissível do ponto de pega/ancoragem para que não se corra o risco de “cortar” a cinta tubular não se aplica também para a cinta plana, na NBR 15637-1 ??