Dez anos após o desembarque de seu primeiro guindaste no país e dois anos depois de se estabelecer em território nacional, a chinesa XCMG acaba de inaugurar, em Pouso Alegre (MG), uma fábrica projetada para produzir até 7.000 equipamentos por ano.
O objetivo, segundo Sam Shang, presidente da XCMG para a América e Oceania, é estabelecer uma base de manufatura local para aumentar a competitividade da marca.
“O Brasil é o país mais distante da China no qual atuamos, com cultura e práticas operacionais muito diferentes das nossas, e essa iniciativa nos aproxima desse mercado, além de sinalizar aos usuários da marca que viemos para ficar”, diz ele.
Ocupando uma área de 800 mil m2, a nova fábrica conta com quatro galpões onde serão produzidos guindastes móveis, escavadeiras hidráulicas, pás carregadeiras, rolos compactadores e outros equipamentos para construção. Os investimentos no projeto são de US$ 200 milhões, mas podem chegar a US$ 2 bilhões para se atingir uma capacidade instalada de 1,5 mil unidades por ano, até 2015, e que os equipamentos tenham um índice de conteúdo nacional compatível com as exigências para financiamentos pela linha Finame. “Dos 15 modelos programados para integrar esse programa, sete já estão em processo avançado de nacionalização”, afirma o executivo.
Segundo ele, a XCMG tem uma frota em operação no país de 8.500 equipamentos, com forte participação no segmento de guindastes sobre caminhões, principalmente na faixa mais consumida, de 20 t a 70 t de capacidade de carga. Seus primeiros guindastes chegaram ao Brasil em 2004 e, no ano passado, ela contabilizou a venda de 180 unidades, o que garante à marca uma participação em torno de 30% no mercado de truck cranes, de acordo com avaliações de Rubens Azevedo, diretor da XCMG Brasil. A partir de 2008, as vendas de pás carregadeiras e demais equipamentos de terraplenagem se intensificaram, ampliando o leque de modelos da marca.
Planos de nacionalização
Com a inauguração da fábrica de Pouso Alegre, Sam Shang diz que será possível oferecer ao mercado uma linha completa, com cerca de 120 modelos, entre guindastes móveis e de torre (gruas), plataformas aéreas de trabalho, empilhadeiras, equipamentos de terraplenagem, de concretagem e para obras rodoviárias, entre outros. “Vamos atuar em três frentes distintas: a importação de modelos completos, as montagens em regime CKD e a produção local.” O executivo ressalta que, do volume exportado pela matriz chinesa em 2013, que totalizou US$ 1,4 bilhão, um terço foi para o mercado latino-americano, cabendo ao Brasil uma participação de 60% nas vendas para o continente.
Esse crescimento da demanda motivou a implantação da nova unidade que, mesmo para um fabricante do porte da XCMG (veja quadro abaixo), foi cercada de cuidados e levou dois anos de maturação, desde sua divulgação até a concretização do projeto. Afinal, a fábrica de Pouso Alegre é a primeira da empresa fora da China e uma ponta de lança em seu projeto de internacionalização, já que atenderá não apenas o Brasil, mas também os demais países da América Latina e África.
Entre os equipamentos produzidos na nova fábrica está o BR 750, um guindaste sobre caminhão com quatro eixos e 75 t de capacidade de carga, que atinge 45 m de comprimento de lança. “Estamos trabalhando na nacionalização da nossa linha de acordo com a demanda do mercado”, explica Rubens Azevedo. A produção local do modelo QY 25, de 25 t, também está nos planos da empresa já que, segundo o executivo, responde por cerca de 70% da demanda do mercado brasileiro, juntamente com o BR 750. A XCMG anunciou ainda a produção de caminhões guindauto, com a implementação de seus guindastes articulados sobre chassi nacional.
Azevedo ressalta ainda a estrutura de suporte montada pela empresa, que contempla a instalação de um centro de treinamento e de distribuição de peças, em Guarulhos (SP), para coordenar o atendimento aos clientes da marca na América Latina e África. “Temos mais de R$ 15 milhões em estoque de peças e todo mês despachamos cerca de quatro contêineres da China para o Brasil com os itens mais consumidos”, diz ele.
Diferentemente de outras linhas de equipamentos, onde deverá autuar de forma verticalizada, no segmento de guindastes a empresa pretende atender o mercado por meio de distribuidores autorizados. Atualmente, ela conta com quatro dealers e não descarta a nomeação de outros parceiros para ampliar a capilaridade da sua rede no território nacional.