O debate sobre a ligação seca entre Santos e Guarujá chegou ao Congresso Nacional com realização de audiência pública, hoje (31), na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados. O Diretor de Novas Outorgas do Ministério da Infraestrutura, Fábio Lavor, garantiu que a definição sobre a obra, ponte ou túnel, às margens do Porto de Santos, deve acontecer entre agosto e setembro.
A maioria dos participantes da audiência defendeu o túnel imerso como a melhor alternativa para a solução do antigo gargalo da região, pois não cria obstáculos físicos no canal de navegação do Porto de Santos e não impede o desenvolvimento dos negócios no maior porto da América Latina.
O tema da ligação seca voltou à ordem do dia após o avanço do projeto do túnel imerso, com a publicação pela Santos Port Authority (SPA) de chamamento público para o encaminhamento de estudos sobre a obra entre os dois municípios. Demanda antiga da população das duas cidades, o projeto se tornou mote da Campanha Vou de Túnel, iniciativa popular assinada por mais de 50 empresas privadas, associações de classe e entidades.
Segundo Lavor, a ligação seca está prevista no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto (PDZ). “A pasta pretende viabilizar rapidamente essa solução e incluir a ligação imersa como investimento obrigatório para o futuro concessionário no processo de desestatização. O túnel é a melhor solução para o recebimento de grandes navios. O Minfra defende a solução por túnel, pleito urgente, dentro da responsabilidade com o maior porto do Hemisfério Sul”, disse.
Respeito à operação portuária e a mobilidade pública
Casemiro Tércio de Carvalho, engenheiro naval e porta voz da Campanha Vou de Túnel, lembrou que o projeto da ponte não segue as boas práticas internacionais e orientações da PIANC (Associação Mundial de Infraestrutura de Transporte Marítimo) de que qualquer intervenção em canal estreito de área portuária deva ser imersa. Além disso, segundo ele, o túnel promove a mobilidade urbana e é mais inclusivo e acessível para a população dos municípios.
“O túnel é um ativo que respeita a operação portuária e a mobilidade pública, pois contempla o trânsito de pedestres, ciclistas, ônibus e VLT, em comparação com a ponte, que só beneficia o transporte via Anchieta Imigrantes e não responde às demandas de municípios sobre o transporte metropolitano. O túnel inclui reversão de faixas e tarifas que levam em conta os horários de pico, possibilitando descontos em outros períodos do dia”, explica.
Projeto pode ser incluído na concessão
O presidente da Santos Port Authority (SPA), Fernando Biral defendeu tecnicamente o projeto do túnel por evitar problemas com a navegação do canal e a interrupção da navegação por conta das balsas. Biral lembrou que a ponte também pode afetar os planos de implantação do Aeroporto Civil de Guarujá, já em andamento. “A Autoridade Portuária deve dar uma resposta a respeito da ligação seca e tecnicamente defende o túnel. Só faz sentido encaminhar apenas um projeto e a melhor solução é incluir o túnel na concessão, o que viabiliza economicamente a obra”, ressaltou.
O requerimento da audiência pública foi protocolado pela deputada federal Rosana Valle (PSB/SP) que também defendeu o túnel imerso como melhor opção para a ligação seca entre Santos e Guarujá.
“O túnel é a melhor opção técnica por não dificultar as manobras dos navios maiores e a própria expansão do Porto de Santos, além das operações do futuro Aeroporto Metropolitano de Guarujá. Avançamos ouvindo especialistas e representantes dos governos. Quero que a ligação seca traga desenvolvimento para a região”, completou.
Participaram também da audiência pública promovida pela CVT, o diretor da SPA, Bruno Stupello; Eduardo Lustoza, engenheiro industrial e porta voz da Campanha Vou de Túnel; o presidente da Associação Comercial de Santos, Mauro Sammarco; Márcio Calves, diretor da Associação Comercial de Santos; o secretário adjunto de Assuntos Portuários da Prefeitura de Santos/SP e Jairo Lima Neto, diretor de Desenvolvimento Portuário e Logístico da Prefeitura do Guarujá/SP.