Ao completar 30 anos, a empresa Tranenge Construções é responsável pelo projeto e execução da ponte de 2.400 m sobre o Rio Tietê e mais nove obras de artes especiais na duplicação da Rodovia SP-333 no trecho de acesso à esta ponte. Compromisso contratual da Entrevias Concessionária de Rodovias, as obras de duplicação da Ponte Engenheiro Gilberto Paim Pamplona, iniciadas em julho de 2024, seguem em ritmo acelerado. A ponte, a maior do Estado de São Paulo, ligando pela rodovia SP-333, sobre o Rio Tietê, os municípios de Pongaí a Novo Horizonte, no centro-oeste paulista, é estratégica para a logística de transportes do Estado de São Paulo. As obras contam com um investimento de aproximadamente R$ 350 milhões e têm previsão de conclusão para o segundo semestre de 2026.
A duplicação da ponte (com 2,4 km de extensão, duas faixas de rolamento e vão navegável de 120 metros) faz parte do contrato de concessão da rodovia assinado pelo governo do estado em 2017. Hoje, mais de 300 funcionários estão alocados na obra, que tem o objetivo de melhorar a fluidez do tráfego e garantir mais segurança na travessia do Rio Tietê. A Tranenge Construções também responde pela implantação de nove dispositivos de acesso e retorno, na infraestrutura complementar à da ponte, também em andamento, a duplicação em parceria com a Jaupavi de 52,4 quilômetros de terraplanagem e pavimentação da SP-333 – outro investimento da Entrevias Concessionária de Rodovias.

A obra está em uma etapa crucial: a execução de fundações profundas com estacas escavadas com instalação de tubos-camisa, pilares de sustentação que são fixados em rocha no fundo do rio. A Tranenge Construções já deu início à fabricação de vigas na sua unidade de pré-moldados instalada no canteiro próximo à ponte. Dia 23 de abril, iniciou-se a montagem da primeira viga longarina, em um total de 200, além das vigas montadas com guindastes nas duas extremidades da Ponte.
Com produção própria de pré-moldados, a Tranenge tem sua sede em Rio Claro-SP, onde dispõe de fábrica de pré moldados, com capacidade instalada de 3 mil m³/mês e laboratório certificado pela NBR ISO/IEC 17025:2017 e INMETRO, tornando-se assim uma empresa diferenciada no mercado. Ivan Ribeiro Pereira, diretor-superintendente da Tranenge, lembra que o fato dos elementos pré-moldados serem produzidos ao lado da obra, com técnica de pré-tensão, será determinante para agilizar a obra e cumprir o rígido cronograma de execução. “É a maior obra no Estado de São Paulo e iremos, mais uma vez, cumprir e, se possível, antecipar o prazo acordado com nosso cliente, Entrevias Concessionária de Rodovias, e nesse caso, com o próprio governador, Tarcísio de Freitas, que já esteve presente aqui conosco, assim como André Isper, o novo superintendente da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo”.

A pré-tensão, uma técnica de protensão aplicada antes da concretagem, que reduz significativamente os prazos de produção dos pré-moldados e aumenta seu desempenho em termos de resistência e durabilidade, é apenas uma das estratégias da Tranenge Construções no projeto. Outras, segundo Ivan Ribeiro Pereira, são as parcerias estabelecidas com empresas especializadas antes mesmo no início da obra. É o caso da Enescil Engenharia de Projetos, com quem a Tranenge desenvolveu um novo projeto executivo alternativo da ponte e demais obras de artes especiais com base no estudo de sondagem do solo do rio e mantendo dimensões básicas , e também da IPS Engenharia, que responde por todo o planejamento de rigging. Para completar, uma terceira, parceira Construgomes, trouxe ao país uma treliça, totalmente automatizada, para o lançamento das vigas com maior precisão e estabilidade.
Um aspecto fundamental deve ser considerado quando se avaliam os desafios envolvidos da obra, onde está programada a utilização de 3,9 mil toneladas de aço, 5 mil caminhões de concreto e mais de 3 km de estacas. A ponte atual, concluída em 1979, também com 2.400 metros, foi construída a seco. Ou seja, antes da formação da represa naquela altura do Rio Tietê. São mais do que justificáveis, portanto, o know-how e recursos adequados que estão sendo mobilizados agora em sua duplicação, em prazo recorde.

A sequência construtiva até se atingir os 2.400 metros envolve diversas fases, comuns a execuções de grandes estruturas de concreto. A diferença fundamental é mesmo a grande travessia e a presença do rio, o que requer cuidados redobrados em relação à segurança e o meio ambiente – e a utilização de veículos náuticos, assim como de balsas e plataformas para equipamentos e demais recursos mobilizados.
Em relação à mitigação de riscos, diversas medidas de controle já foram definidas pela concessionária, como monitoramento da qualidade da água, implantação de cerca direcionadora da fauna, monitoramento da fauna silvestre e aquática, educação ambiental. Em linha, com os processos da Tranenge Construções, certificada pelas normas ISO 14001:2015 e ISO 9001.
Nas balsas, posicionadas e ancoradas, em vários pontos da travessia, ficam as ferramentas, os guindastes, com capacidade para 120 ton, guinchos, perfuratrizes e as caçambas para armazenamento de material destinado ao bota-fora, em local licenciado. E o transporte de pessoal é feito em botes infláveis. Nesta primeira fase da obra, estão sendo feitas as fundações da ponte. No caso, a instalação dos tubos-camisa, pilares de sustentação que chegam a 30 metros de altura e são fixados em rocha no fundo do rio. No total, 124 desses tubos (112 dentro do rio e os demais incorporados às cabeceiras) que estão sendo implantados, representam uma etapa no caminho crítico do cronograma
O guindaste ergue a camisa metálica verticalizando e a mergulha. Se atinge solo mole, ela é cravada e chega na rocha, onde é implantada. Depois, desce a perfuratriz e vai furando a rocha lá embaixo. Se inicialmente, a camisa atinge rocha, mergulhadores descem para prendê-la, antes de começar a furar. Tanto em um caso como outro, o material escavado e a água resultantes do processo são bombeados e acondicionados nas caçambas metálicas com capacidade para 10 mil litros sobre as balsas. Depois da decantação, a água retorna ao rio e o material sólido é levado para a margem para ser depositado no bota-fora.
O tubo-camisa é então lavado e desce a ferragem para concretagem. Com o tubulão pronto, é feito o ajuste de altura da camisa, emendando ou cortando, para que todos fiquem na altura definida em projeto. Nas camisas, são fixados consoles laterais, com um perfil, faz-se posteriormente o cimbramento e funde-se blocos de fundações nos trechos profundos e as vigas travessas. Com isso, termina-se uma etapa que ainda está em andamento: a fase de infra e mesoestrutura.

O próximo passo é a superestrutura, com o lançamento das vigas longarinas, feitas com a treliça. A partir do momento em que são montadas quatro vigas do primeiro vão, já começam a ser instaladas as pré-lajes nos espaços abertos entre as vigas e que também servirão de base para o tabuleiro da ponte. Em seguida, é posicionada a armação para a concretagem da laje.
No caso do vão central (vão navegável), de 120 metros, para conclusão da estrutura da ponte, é utilizado o método construtivo de balanços sucessivos. Uma técnica utilizada para vencer grandes vãos sem apoio temporário (o que comprometeria navegação na Hidrovia Tietê-Paraná). Também tem um valor estético, evitando a utilização de estrutura metálica.
No topo dos pilares do trecho em balanços sucessivos, são moldados in loco os primeiros segmentos da estrutura, chamados de aduelas de disparo. A partir dos capitéis, as aduelas (segmentos do tabuleiro) são concretadas de forma simétrica em balanço, uma de cada lado do pilar. Para isso, utiliza-se formas móveis ou carros de avanço, que permitem a concretagem e protensão de cada trecho antes da execução do próximo.
Com as laterais e o vão central prontos, entram as barreiras New Jersey e depois o pavimento do tabuleiro, concluindo-se assim a obra. “É um processo bem definido e bem planejado”, diz Ivan Ribeiro Pereira. “Cada avanço reflete o nosso comprometimento em entregar resultados de alta performance, garantindo a excelência e a segurança do trabalho em cada etapa”.
A Tranenge Construções completa no próximo dia 8 de agosto, 30 anos de atividades. A empresa teve origem no segmento de obras industriais e comerciais – e há alguns anos entrou na infraestrutura, que hoje é o carro-chefe da empresa, com o maior volume de obras. O crescimento desde então tem sido exponencial. Ivan Ribeiro Pereira lembra que em 2023, a Tranenge Construções foi a oitava empresa do setor que mais cresceu no país, segundo o ranking das “500 Mais da Construção Pesada”, ou a quarta, considerando-se empresas com faturamento superior a R$ 350 milhões.
“Tudo é fruto de tecnologia, engenharia, treinamentos e melhorias de processo. Somos muito focados em entregar o melhor para o cliente”, diz ele. O diretor superintendente também reafirmou o seu compromisso em trabalhar ativamente no comercial da empresa e estar constantemente presente nas obras e em contato com os clientes.