Há cinco anos atrás, quando a empresa completou 50 anos de atividades, Antônio Luiz Leite, diretor da Primax Transportes Pesados, já tinha a convicção de que, dali por diante, seria preciso “fazer mais com menos”. “Era um momento de mudança radical no pensamento dos empresários”, lembra ele. “Tínhamos que correr atrás de eficiência, de produtividade, e buscar um crescimento sustentável para a empresa”.

Antônio Luiz Leite tem a convicção de que a Primax fez “a lição de casa” e que hoje está muito melhor do que em 2013 e consolidada como uma empresa de soluções logísticas e industriais. “Tivemos que treinar pessoas, aprimorar e desenvolver o seu conhecimento profissional. E também qualificar a empresa como um todo, e redobrar o trabalho para poder ficar onde a gente queria ficar”. Esse planejamento de longo prazo foi determinante, segundo ele, para que a empresa superasse a crise política e econômica dos últimos anos, mantivesse uma trajetória de crescimento e atingisse um novo patamar de faturamento.

“Nos últimos cinco anos, nós tivemos dois picos. Se tomarmos por base somente o faturamento da Primax, percebemos que crescemos e que, nos últimos dois anos, conseguimos nos manter”. Evidente que houve queda na rentabilidade, mas isso decorreu da escalada dos custos operacionais, resultado do aumento de preços e problemas crônicos do país, com impacto direto no setor de transportes.

O fato é que a Primax, que já era referência em transporte pesado e remoção industrial, se qualificou nesse período também como um importante player do segmento de montagens industriais. “Nós investimos muito em montagem fina, especializada, de alto valor agregado, e ganhamos o reconhecimento do mercado nesse tipo de trabalho”, explica Leite.

“O mercado industrial sempre foi prioritário para nós e agora estamos qualificados para serviços altamente complexos, com qualidade e compromisso absoluto às normas de segurança e meio ambiente. É o coroamento de um esforço interno muito grande, de muitos anos, que envolveu muito investimento e tempo de maturação”.

Um exemplo bem concreto desse esforço são as certificações que a Primax vem conquistando progressivamente no decorrer dos anos. Se, em 2013, a empresa detinha em toda a sua operação a chancela das normas ISO 9001 (prestação de serviços voltados à qualidade e satisfação do cliente) e a ISO 14.000 (meio ambiente) e estava implantando a OSAS 18.001 (segurança e saúde ocupacional), já em 2017 a Primax atualizou as duas primeiras, para a última e mais rigorosa versão (2015) e está investindo para fazer a migração da OHSAS 18.001, conquistada  ainda em 2014, para o padrão ISO, estabelecido em maio de 2018, a chamada ISO 45.001.

Com todas as normas integradas, desde 2014, no SGI (Sistema de Gestão Integrada), a Primax colocou para si mesma a ambiciosa meta de “Zero Incidente”. “Não é acidente, é incidente mesmo”, diz Antônio Luiz Leite. “Esse desafio dá a medida do nosso compromisso e diferencial no mercado. Os nossos funcionários têm que chegar prontos no cliente, para atender todas as certificações e padrões estabelecidos em suas instalações”. Em seu entender , a empresa já atingiu um estágio de maturidade na implantação dessa cultura. “É um processo contínuo. Todo dia, antes do início do trabalho, há o chamado DDS, que é só para falar de segurança. E todos têm que se adequar ao padrão, com apoio e orientação de seus colegas mais próximos”.

Há muitos anos, a Primax cultiva a imagem de empresa cidadã. E seu trabalho social já é bastante conhecido no apoio a entidades assistenciais na capital paulista, como a Fraternidade Irmã Clara, o Centro Espírita Batuíra e, mais recentemente, o Centro Espírita Luz de Maria, em Laranjal Paulista, no interior de São Paulo, um projeto de creche-escola, com mais de 60 crianças atendidas, todos os dias.

A responsabilidade social da empresa, no entanto, ganhou novos contornos com a atualização das certificações. Na área ambiental, passaram a ser incluídas as expectativas das “partes interessadas”, as comunidades direta ou indiretamente afetadas pelo negócio da Primax. Isso significa, por exemplo, que em suas instalações ou nas obras em que atua, a empresa responde pelo impacto ambiental que vier a causar: da fumaça negra e rastro de óleo ao descarte não certificado de resíduos.

“Quem me contrata, contrata toda a minha certificação”, lembra o diretor da Primax. “E eu tenho que responder por ela: eu não posso sujar, eu não posso contaminar, não posso causar acidente. Tudo o que está dentro da certificação é o que ele espera de mim”. O que inclui também, é claro, as obrigações trabalhistas adicionais, que passaram a ser exigidas pelo e-Social implementado neste ano.

Os avanços da Primax em seu processo de gestão para atender aos requisitos rigorosos da indústria naturalmente acabaram beneficiar outras áreas internas da empresa – como o de elevação de cargas e o de transporte pesado, o mais tradicional e de grande presença em rotas internacionais. A operação internacional é permissionada em sete países da América do Sul – o que significa dizer que a Primax está liberada para trabalhar dentro daqueles países e fazer o transporte para ou a partir do Brasil. Segundo Antônio Luiz Leite, houve uma queda da ordem de 50 a 60% com a Argentina nos últimos anos, mas as operações progressivamente estão sendo retomadas – e há uma estabilidade nos transportes mais pontuais com os demais países.

O segmento de locação de equipamentos evidentemente sentiu os efeitos da retração no mercado interno nos últimos anos. Apesar da grande ociosidade na frota, o que é uma realidade em todo o segmento, o diretor da Primax disse que a empresa acredita em uma retomada e não parou de investir em melhorias contínuas na frota. Ele só lamenta as taxas incidentes sobre os equipamentos importados, que dificultam uma renovação maior.

De qualquer modo, diz ele, a empresa está atenta a inovações apresentadas no mercado. Em sua visão, nos próximos cinco anos, surgirá uma nova geração de equipamentos elétricos, inicialmente de pequeno e médio porte, para trabalhos em ambientes confinados. E a tendência é de que todos, inclusive os de grande porte, como guindastes, a exemplo de máquinas industriais, diminuam de tamanho e, ao mesmo tempo, ganhem maior capacidade e eficiência. Por outro lado, em seu entender, a expectativa do caminhão autônomo deve demorar um pouco mais para se concretizar, ao menos no Brasil, pelo reduzido número de estradas de qualidade e devidamente sinalizadas. Mas a tecnologia deve avançar bastante para reduzir a possibilidade do erro humano. Essas considerações também estão sendo levadas em conta na elaboração de um novo plano estratégico qüinqüenal da Primax – desta vez para preparar a empresa para os 60 anos. (Por Wilson Bigarelli)