PATOLAMENTO E A RESISTÊNCIA DO SOLO

PATOLAMENTO E A RESISTÊNCIA DO SOLO

Por: Leonardo Scalabrini

Apesar de Planos de Içamento (ou Planos de Rigging) serem elaborados desde que se começaram as atividades de movimentação de cargas com guindastes por aqui no Brasil, a exigência destes estudos como pré-requisito operacional e de segurança iniciou-se, principalmente, entre os anos de 2000-2010 e se intensificou a partir da década passada, atingindo o patamar atual.

E, embora o Plano de Içamento ser um documento amplamente presente em todas as cadeias produtivas nas quais os guindastes são utilizados, ainda não há uma regulamentação de exigências que padronizem estes documentos. Assim, cada empresa adota critérios próprios quanto a análise e avaliação do Plano de Rigging.

Em um breve futuro, teremos em Normas Regulamentadoras e/ou em Normas Técnicas da ABNT as devidas orientações e obrigatoriedades de um Plano de Içamento, bem como as respectivas responsabilidades de cada profissional neste processo.

Hoje em dia, o Plano de Rigging é assinado pelo Rigger e Engenheiro responsável, que muitas vezes não acompanha propriamente a atividade de içamento, objeto do planejamento em questão. Portanto, o Supervisor de Rigging que acompanhará a movimentação e, especialmente, o(s) operador(es) envolvido(s) também devem se tornar responsáveis pelo cumprimento do Plano. Isso, sem contar com os ajudantes, sinaleiros e demais profissionais envolvidos no serviço.

Todavia, há mais um representante nesta cadeia que também precisa ter ciência do Plano de Rigging, analisá-lo e, por fim, aprová-lo ou reprová-lo, que é o contratante do serviço em si: o dono da área, onde as atividades de içamento e movimentação de cargas ocorrerão.

Um Plano de Içamento contém informações que não obstante de serem coletadas e avalizadas pelo Rigger e Engenheiro responsável pelo estudo, também são de responsabilidade do contratante. Tais como a própria carga em si, o ambiente de trabalho e, sobretudo, as características e capacidade do solo/terreno onde o guindaste ou guindastes irão posicionar e patolar.

Praticamente todo Plano de Rigging elaborado possui um campo onde são informadas as forças máximas exercidas pelas patolas do guindaste, a área dos dormentes, chapas de aço ou mats utilizados nas patolas e a resistência que o solo ou terreno deverá ter para suportar as forças geradas pelo conjunto guindaste mais carga durante todas as etapas da operação.

Figura 1 Plano de Rigging
Figura 1 – Recorte das informações do Patolamento do Guindaste LIEBEHERR LTM 1500-8.1 em um Plano de Içamento

O correto na sequência, após o contratante receber as informações acima presentes no Plano de Rigging, seria apresentar a real capacidade do solo/terreno onde o guindaste trabalhará.

Para tal, quando não há nenhuma informação técnica prévia sobre a resistência do terreno, é necessário determinar a capacidade de carga/tensão admissível do solo ou terreno nos locais onde há a ocorrência do posicionamento e patolamento de qualquer tipo de equipamento de guindar.

A Tensão Admissível do Solo pode ser obtida pelo Teste de Penetração Padrão Ensaio: Standard Penetration Test – SPT ou pela Prova de Carga Sobre Placa. Ambos são métodos de ensaios previstos respectivamente por Normas da ABNT.

É imprescindível destacar a importância da realização destes ensaios e, por consequência, os laudos, atestando a segurança do solo nas praças de trabalho dos guindastes. Primeiramente e, principalmente, pela própria questão da estabilidade e segurança do equipamento e de toda a operação. E em segundo lugar e não menos importante, para serem adotados valores genéricos e conservadores, vindouros da falta dos ensaios, que possam levar ao aumento exagerado de recursos ou até mesmo atrasar ou inviabilizar certas atividades.

Foto LeonardoLeonardo Scalabrini, estuda e desenvolve projetos de tecnologia para o segmento de içamentos e guindastes, área na qual atua desde 2000. Contatos: leoscalabrini@gmail.com

 

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