A DiCanalli de Passo Fundo (RS) é a transportadora de cargas excedentes com maior freqüência em fronteira. Também tem grande experiência em rotas para o Chile. Já chegou a cumprir um percurso de 6.870 km, entre Valparaiso e São Luiz (MA) e, em outra oportunidade, atravessou o Deserto de Atacama em rota à época sem pavimento. No início deste ano foi contratada por um importante fabricante do Estado de São Paulo para um novo transporte para aquele país, desta vez para a região da Grande Santiago. Por questões contratuais, o nome do fabricante não pode ser divulgado. Mas, não importa. O objetivo aqui é relatar o desafio do transporte em si.
Tratava-se de carga com dimensões e peso acima dos normais para a obra de uma usina hidrelétrica: comprimento máximo de 17 m; largura máxima de 5 m; altura máxima de 4,90 m; maior peso unitário peso unitário de 25 t e volume de aproximadamente 2.900 m3. Foi formado um comboio de 14 composições, com cavalos mecânicos de dupla tração e carretas tipos lagartixa e prancha. A distância de transporte foi de 4.570km ponta-ponta a serem cumpridos em 20 dias. O principal desafio foi a travessia da Cordilheira dos Andes via desvio de itinerário original – e a identificação de itinerário alternativo.
Feito o planejamento, considerando-se equipamentos, motoristas experientes e com conhecimento adequado e providenciada, como diz Vanderlei Quadros, diretor comercial da DiCanalli, “a enormidade de formalidades burocráticas por conta das licenças que são necessárias para transitar desde o Brasil para Argentina e Chile”, a operação teve início em São Paulo. Até que, em um determinado momento, soube-se que uma tempestade fora de época provocou uma enxurrada, levando junto uma ponte em um trecho da rodovia entre Mendonza na Argentina, nas proximidades de acesso à Cordilheira dos Andes e causando a interrupção total da rodovia que é o principal acesso ao Chile, rota que iria ser utilizada sem possibilidade de desvio.
Confirmado pelas autoridades argentinas a impossibilidade e inexistência de desvio, a equipe da DiCanalli começou a buscar uma alternativa para chegar ao Chile sem utilizar a rota interrompida. Vanderlei Quadros lembra que, em transportes internacionais, é preciso ter em conta sempre a questão das licenças e passagem por aduanas. Manteve-se portanto a rota através da Argentina como via de trânsito, onde as cargas circulam com lacre especifico e com aduana de entrada e saída também pré-definida.
O itinerário que foi eleito e que apresentou as condições necessárias foi através de um ponto de fronteira entre o Chile e a Argentina, denominado Paso de San Francisco (*), na província de Catamarca. Segundo Vanderlei Quadros ele é muito pouco utilizado por caminhões com cargas normais, e até então nunca utilizado por caminhões transportando cargas excedentes.
Este ponto de fronteira atravessa a cordilheira dos Andes por estrada de chão sem pavimento, com trechos de aclives e declives, muitos deles muito acentuados e curvas muita fechadas e a uma altitude média em relação ao nível médio do mar de aproximadamente 4700 metros. “Até então, nenhuma outra transportadora brasileira havia utilizado este itinerário para chegar ao Chile transportando cargas excedentes. Mais uma vez na historia da DiCanalli o pioneirismo voltou a ser a solução e as mercadorias foram entregas no destino final em ordem e com o mínimo de atraso no prazo inicialmente planejado”, comemora Quadros.
(*) Paso de San Francisco. As coordenadas desta etapa são: 26 ° 52’35 W. “S 68 ° 18’05” para o ponto de fronteira de San Francisco, esta passagem liga o leste para a província de Catamarca de Argentina com a região de Atacama do Chile no oeste, sendo assim um dos elos entre a região do Norte Chico do Chile e noroeste da Argentina.