Durante quase 6 anos – entre 02/2011 e 12/2016 – o Grupo Irigaray, sediado em Porto Alegre (RS), realizou para a Ecovix – Engevix Construções Oceânicas todas as operações logísticas de cargas dos Estaleiros Rio Grande I e II do Polo Naval do Rio Grande, na cidade gaúcha de mesmo nome. Para tanto, a empresa elaborou cerca de 200 planos de Rigging por ano e, dos 160 colaboradores iniciais, em 2011, chegou a ter mais de 1,2 mil profissionais dedicados em 2014 e 2015, entre coordenadores técnicos, supervisores, encarregados, engenheiros multidisciplinares, operadores, motoristas, sinaleiros, mecânicos, funcionários administrativos e outros.
O suporte estrutural a toda essa equipe foi dado por um posto avançado sediado no próprio polo naval, com áreas de gerência administrativa da obra, coordenação e liderança operacional, engenharia de Rigging e SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional), RH (Recursos Humanos), inspeção, treinamento e almoxarifados de acessórios de içamento, amarração de cargas e dispositivos diversos e de EPI e EPC (Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva). Em complementação, a filial do grupo em Rio Grande disponibilizava uma oficina mecânica, um almoxarifado para peças, fluídos e ferramentas e um pátio para o estacionamento de equipamentos e veículos, além de mais salas de treinamento.
Entre as atribuições da Irigaray nos estaleiros estavam a descarga de navios; a carga e descarga de balsas marítimas; o içamento e transporte de insumos de aço, materiais diversos e produtos semiacabados ou já finalizados entre as áreas de armazenagem de matérias primas, oficinas de construção de blocos metálicos e o Dique Seco, na montagem dos cascos das plataformas de petróleo, e a realização de remoções técnicas. Em turnos de 24 horas.
Para essas operações foi mobilizada uma frota superior a 250 equipamentos. Os içamentos ficaram a cargo de cerca de 60 guindastes – modelos Liebherr LTM 1.220-5.2 e 1.100-4.2, Grove GMK 4.100L, RT 890-E e 765-E, XCMG QY70K-I e QY25K5-I, Sany STC 800 e STC 75 e Luna ALG LN 130 – além de gruas Manitowoc MC 310 K12. Esse conjunto teve o apoio de uma linha de eixo eletrônica Goldhofer (1 mil t), guindautos Palfinger PK 100, carretas e pranchas (até 6 eixos), empilhadeiras (até 16 t), manipuladores telescópicos, plataformas aéreas (até 42 m), caminhão com garra para sucatas, motoniveladoras e retroescavadeiras.
Desembarque de 20 mil t embarcadas
Em fevereiro de 2011, a Irigaray recebeu sua primeira missão: descarregar um navio com 20 mil t embarcadas, referentes a 5.300 chapas de aço, que chegavam a medir 14,00 x 3,50 m e pesar 20 t cada. O trabalho tinha prazo – 7 dias consecutivos, sendo apenas 4 deles úteis. A partir do sexto dia de atracação, o porto passaria a cobrar uma multa de R$ 150 mil/dia, que foi assumida pelo consórcio Ecovix-Engevix até o sétimo dia. A partir do oitavo dia, a multa seria paga pela contratada.
A equipe de Engenharia de Rigging da Irigaray desenvolveu, então, dispositivos específicos (Spreader-Bars) para a amarração das cargas, além de um fluxo de trabalho de 24 horas ininterruptas. Com 160 funcionários e 22 equipamentos, a operação foi completada em 5 dias, sem qualquer acidente ou custo adicional para a contratante. Esse foi o “cartão de visitas” da Irigaray para a Ecovix-Engevix e para a exigente fiscalização da Petrobras. A empresa acabava de comprovar sua capacidade técnica de realizar grandes projetos, em curtos períodos de tempo, com agilidade e precisão.
Esse primeiro teste não seria o único, nem o mais difícil. Pelo contrário. Outros 24 navios atracariam no Porto do Rio Grande. Em 18 deles havia 193 mil t de cargas, entre chapas e perfis de aço, para a construção de 8 cascos de plataformas FPSO (Floating Production, Storage and Offloading). Essas embarcações ficaram depois famosas com a nomeação dada pela Petrobras: P-66, P-67, P-68, P-69, P-70, P-71, P-72 e P-73.
Outros 5 navios trouxeram para o Brasil o maior pórtico do mundo – um Konecranes com capacidade para 2 mil t. As peças e componentes da estrutura vieram em 4 navios, algumas com peso de até 200 t. As tubulações metálicas que comporiam sua fundação em outro navio, totalizando uma carga de 237 t. Mesmo o Estaleiro Rio Grande II teve suas 237 toneladas de estruturas totalmente desembarcadas de outro navio pela Irigaray que, após a construção da unidade, também responderia por suas operações logísticas.
Montagem e teste final de sua rodagem sobre os trilhos
No caso do pórtico, a empresa que, simultaneamente, realizava outros içamentos e operações diversificadas no polo naval, participou de todas as fases do projeto – desembarque das estruturas e peças, transporte e armazenagem, montagem e teste final de sua rodagem sobre os trilhos, quando o pórtico – medindo 117 m de altura e 210 m de largura – foi movimentado por uma extensão de 6 m. Nada menos que 80 funcionários foram designados para esses trabalhos.
Uma frota de 40 equipamentos foi mobilizada, destacando-se 4 guindastes Liebherr – 2 LTM 1.220-5.2 (220 t) e 2 LTM 1.100-0.2 (100) -, 1 Grove GMK 4.100 L (100 t), 3 guindautos Palfinger PK 100.002 (25 t), além de 10 carretas pranchas extensivas, 14 plataformas aéreas telescópicas (até 42 m) e 6 empilhadeiras (até 16 t). Na fase de montagem do pórtico, no que foi a operação com maior altura de içamento realizada pela Irigaray durante esse contrato, os funcionários da equipe foram elevados a quase 90 metros em um cesto suspenso por um Liebherr LTM 1.220-5.2, com 74 t de contrapeso e 104 m de lança (telescópica + extensões + jib).
Organização de pátios e suprimentos de oficinas
Cabia também à Irigaray organizar os gigantescos pátios de aço do ERG I e II, com milhares de toneladas de chapas, perfis e cavernas desembarcados dos navios. Mas não só. Na sequência, eram preciso coletar e transportar esses insumos para as oficinas de produção de blocos metálicos.
Uma vez fabricados, os blocos eram levados a uma área de armazenamento temporário seguindo, posteriormente, para o Dique Seco, onde serviriam à construção dos cascos das plataformas de petróleo. Só na fabricação da P-¨¨, por exemplo, foram içados os blocos B15P (187,40 t), B13P e B14P (180,30 t) e FS02 (119,50 t). O transporte dos blocos metálicos foi realizado por uma linha de eixos eletrônica Goldhofer, configurada em 4 módulos de 6 eixos cada, com capacidade para 1.000 t.
O fluxo desse processo parecia perfeito. E era. Só que no caminho havia uma plataforma. Para aumentar a produção de blocos destinados à construção das 8 plataformas FPSO, a Ecovix-Engevix precisava liberar uma área onde outra contratada da Petrobras fabricava a P-55. Em um prazo altamente limitado: 20 dias consecutivos.
Novamente, foi a Irigaray que encontrou a melhor solução para realizar a remoção técnica, transporte interno e reorganização das centenas de toneladas de estruturas, componentes e equipamentos empregados na construção da P-55. Uma nova equipe com 80 profissionais foi estruturada, além de uma frota de peso: 2 guindastes Liebherr – 1 LTM 1.220-5.2 (220 t) e 1 LTM 1.100-4.2 (110 t) -, 1 Reach Stacker (45 t), 2 carretas pranchas (3 eixos), 2 carretas carga seca, 6 guindautos Palfinger (até 13 t), 4 empilhadeiras (7 t) e 2 pontes rolantes de 40 T, além de outros equipamentos de remoção técnica. Como sempre, o cronograma de 20 dias foi cumprido.
Grandes Operações do Grupo Irigaray
Estaleiros Rio Grande I e II – Polo Naval do Rio Grande (RS) |
||
Operação | Carga | Dimensões/Peso |
Descarga de um navio | 5.300 chapas de aço (20 mil t) | Até 14,00 x 3,50 m e 20 t por chapa |
Descarga de 24 navios | Chapas e perfis de aço (18 navios) para construção de 8 cascos de plataformas FPSO | 193 mil t |
Estruturas para montagem de pórtico c/capacidade p/2 mil t (4 navios) | Até 200 t de peso individual
|
|
Tubos metálicos p/a fundação do pórtico (1 navio) | 237 t
|
|
Estruturas para construção do Estaleiro Rio Grande II (1 navio) | 791 t | |
Logística | 1) Abastecimento diuturno das oficinas de produção c/insumos de aço p/construção de blocos metálicos;
2) Armazenagem dos blocos; 3) Transporte p/o Dique Seco e içamento dos blocos p/a construção simultânea de 3 cascos (2 de FPSO e 1 de Drill-Ship); |
Peso de até 200 t por bloco metálico |
Remoção Técnica, Transporte e Armazenagem | Equipamentos e materiais diversos utilizados na construção da plataforma P-55 | NI |
Fonte: Revista Crane Brasil – Edição 51 (janeiro-fevereiro) – 2017