Por: Leonardo Scalabrini (*)
Mais uma vez, escolhi como tema para esta edição um assunto retirado de e-mails recebidos nestes últimos meses de leitores da Crane Brasil. A dúvida aqui é a seguinte:
No Plano de Rigging de um içamento, deve haver um campo ou uma seção específica que contemple como será realizado o trajeto do guindaste até o local em que será feito o seu posicionamento e patolamento?
A resposta para esta pergunta não é objetiva, pois depende.
Se não houver nenhuma interferência que impeça que o guindaste transite pelo caminho até o ponto de patolamento, não é necessário constar no Plano de Içamento esta informação.
Mas atenção! É necessário que o responsável pela elaboração do Plano de Rigging certifique-se – por visita técnica em campo ou pela coleta de informações por terceiros – que tal caminho esteja livre e que exista espaço suficiente para o deslocamento da máquina, principalmente no que diz respeito aos limites de alturas e possibilidades de realizar curvas.
Já quando houver qualquer ponto no trajeto do guindaste até o local final em que ele será patolado, onde exista a necessidade de cuidado ou intervenção, um Plano de Rotas deverá ser incluído no Plano de Rigging, seja como parte integrante dele ou como anexo.
O que é um Plano de Rota?
O Plano de Rotas (ou Rotograma) é um documento que detalha o trajeto que o guindaste realizará num determinado percurso. Nele constam: (a) peso e dimensões do guindaste e seus raios de curvatura; (b) as dimensões e capacidades de cargas das vias e estruturas; (c) as interferências que devem ser retiradas ou neutralizadas para permitir o acesso e passagem da máquina.
Dois documentos são grandes aliados na elaboração deste Planejamento: o Manual de Operação e a Tabela de Cargas do Guindaste. Nestes, encontramos o peso (Figura 1), as dimensões e os raios de curvatura das máquinas (Figura 2), dentre outras informações essenciais.
As situações existentes no caminho do guindaste e listadas a seguir são alguns exemplos de quando um Plano de Rotas deverá ser elaborado:
- Galhos de Árvores, Fiações de Energia ou Comunicação em Alturas Baixas;
- Estruturas de Tubulações em Alturas Baixas;
- Pontes, Viadutos, Passadiços sem a indicação de Capacidade de Carga;
- Vias estreitas;
- Necessidade de Transposição de locais com interferências subterrâneas como galerias, bueiros e canaletas;
- Aclives e Declives acentuados;
- Curvas bruscas.
Vale ressaltar que o Plano de Rota deve se estender aos veículos de apoio ao guindaste, como carretas que transportam contrapesos e acessórios dele. Até mesmo porque tais veículos costumam ter dimensões maiores e raios de curvaturas menores que o guindaste. Assim, o caminho de serviço dos equipamentos de transportes deverá estar no Plano de Rota também.
O Plano de Rigging mostra o caminho para a execução da movimentação de carga com segurança. Todavia, é preciso garantir que o acesso de todos os recursos necessários para o içamento sejam viabilizados, especialmente o equipamento principal: o guindaste.
(*) Leonardo Scalabrini, estuda e desenvolve projetos de tecnologia para o segmento de içamentos e guindastes, área na qual atua desde 2000. Contatos: leoscalabrini@gmail.com