O QUE FALTA PARA A GESTÃO À DISTÂNCIA

O QUE FALTA PARA A GESTÃO À DISTÂNCIA

Dizer que a telemática, controle e gerenciamento à distância de equipamentos, é uma ferramenta imprescindível, e mais ainda em tempos de pandemia, é “chover no molhado”. O fato é que, além dos custos envolvidos, há muitas dificuldades para a disseminação dessa tecnologia. E é reconfortante saber que mesmo em mercados com uma infraestrutura de telecomunicações muito mais ampla e sofisticada que a do Brasil – como a dos Estados Unidos, por exemplo – o trânsito de dados telemáticos entre usuários e seus equipamentos no campo ainda é bastante restrito e muito aquém do que seria desejado. Um sinal de que existem outros desafios a serem superados.

No início deste ano, os informativos da AEM (a associação norte-americana de fabricantes de equipamentos), por conta da Covid-19,  certamente, têm batido nessa tecla, entrevistando vários associados e especialistas de empresas fornecedoras de sistemas de gestão à distância. E os depoimentos revelam, além dos benefícios potenciais, as dificuldades atuais para implementação em larga escala de serviços telemáticos.

Falta de padronização nos sistemas de sensoriamento

A primeira é a falta de padronização nos sistemas de sensoriamento remoto dos diversos tipos de equipamentos móveis – algo que já cria um problema de saída para os usuários que, em sua maioria, trabalham com frotas de várias marcas, com sistemas próprios que não conversam com os “concorrentes”, incompatíveis. “Esse é um dos maiores problemas, sem dúvida”, diz Scott Crozier, vice-presidente da área de Engenharia e Construção da Trimble. Para ele, é vital que sejam concluídos os trabalhos do comitê da International Organization for Standardization (ISO) para padronizar os dados digitais do setor de construção como um todo (ISO 15143). “A fragmentação da indústria é que está causando as ineficiências. A criação de um ambiente colaborativo padronizado trará eficiências significativas’.

“No momento, os provedores de telemática estão à frente da curva em tecnologias de coleta de dados”, reconhece David Thornton, gerente de produto técnico sênior do Fleet Cost & Care, ferramenta para gerenciar a manutenção preventiva e reduzir os custos de mão de obra. “O que os usuários querem saber agora é como utilizar todos esses dados. Ter apenas um repositório de cada relatório de inspeção diária de veículos não é suficiente. Os clientes estão perguntando: ‘Como podemos usar essas informações? Como podemos combinar essas informações com nosso (s) sistema (s) existente (s)?’ A integração, a capacidade de dois ou mais sistemas funcionarem juntos, é uma força motriz no processo de tomada de decisão hoje”.

Integração da Interface de Programação de Aplicativo

“À medida que a integração da API (Interface de Programação de Aplicativo) se torna mais difundida na coleta de dados telemáticos de vários fabricantes e fornecedores terceirizados, será mais fácil para as empresas que possuem vários tipos e marcas de equipamentos utilizarem as informações”, diz Tawnia Weiss, presidente da A1A Software. “Quando o padrão ISO para guindastes estiver completo, também programaremos o iCraneTrax para compartilhar esses dados”, exemplifica ela. O iCraneTrax combina vendas, despacho e manutenção de frota em um aplicativo para gerenciar de forma mais eficaz as operações de locação.

Thornton lembra que se faz necessária, ainda, outra integração. Ele diz que os provedores de telemática oferecem uma ótima interface para identificar a necessidade de manutenção de um veículo, mas é o sistema de gerenciamento de frota que responde por esse processo. “Combinar essas informações por meio de uma integração economiza tempo, dinheiro e melhora a precisão dos registros. Com um forte sistema de gerenciamento de frota que aproveita os dados coletados pelos fornecedores de telemática, as empresas podem ir além da capacidade de qualquer sistema. A integração é uma ferramenta incrivelmente poderosa.”

“Pandemia no setor nos impulsionou para frente”

“Ninguém previu o início da Covid-19 e o grau de impacto da pandemia no setor. Mas, de muitas maneiras, isso nos impulsionou para frente”, diz Paul Wilson, diretor sênior de Desenvolvimento Comercial da Divisão Industrial IoT da ZTR Control Systems LLC, um fornecedor global de soluções telemáticas off-road e de gerenciamento de equipamentos industriais inteligentes. Ele acredita que as empresas que já investiram em conectividade remota sairão da pandemia mais fortes. E aqueles que não investiram precisarão recuperar o atraso em 2021 e estar prontos para um futuro operacional diferente. Wilson aponta um cenário em 2021 (e 2022, com a persistência da Covid) marcado pelo crescimento exponencial da necessidade de acesso remoto e à distância.

Em sua visão os dados fluirão como resultado da expansão dos serviços, incluindo: diagnóstico e controle remoto; monitoramento automatizado, manutenção preditiva e à distância aprimorada; e interfaces de usuário mais intuitivas e orientadas ao contexto. Os fabricantes de equipamentos, em seu entender, irão além da venda de tecnologia de monitoramento remoto para capitalizar sobre a maior oportunidade de receita de longo prazo. “Aproveitando a telemática e o poder de conexão, eles fornecerão um design de máquina aprimorado, maior segurança, novos serviços e suporte ao cliente expandido que não podiam oferecer anteriormente”.

“Investimento – tanto financeiro quanto emocional”

Para Scott Crozier, da Trimble, o tema da tecnologia da construção é tão amplo, abrange tantas áreas diferentes, como BIM, energia elétrica e híbrida, drones, automação e controle remoto que pode ser difícil saber por onde começar. É por isso que pode ser bom voltar ao básico e reiterar a importância de que as pessoas da indústria o adotem. “A nova tecnologia exige investimento – tanto financeiro quanto emocional. Para qualquer empresa, mudar a forma como opera, e tem operado por anos ou mesmo décadas, é preciso um certo grau de coragem. No entanto, se a tecnologia de construção for implementada adequadamente, poderá economizar tempo e dinheiro”.

“Ele pode ajudá-lo a reduzir custos, estendendo a vida útil de seu equipamento e tornando suas operações mais eficientes. A capacidade de planejar a manutenção programada, diagnosticar problemas de equipamento remotamente e rastrear a localização do equipamento para envio em tempo hábil ou recuperação de roubo são resultados de uma solução telemática integrada.”

Controle, prevenção e atendimento ao cliente

“Quando se trata de telemática e gerenciamento de frota, o produto não é apenas o dispositivo físico ou aplicativo que rastreia as informações – é também a interface do usuário, atendimento ao cliente, capacidade de integração com outros sistemas e confiabilidade geral das informações rastreadas, lembra David Thornton, da Fleet Cost & Care. “A indústria da telemática está indo além do simples monitoramento e se movendo mais rapidamente em direção à configuração e controle, não apenas para entender o que está acontecendo, mas para controlar, prever e atender os clientes com protocolos remotos ou hands-off”, complementa Paul Wilson.

“Aqueles que têm usado ferramentas digitais por um período de tempo, agora estão voltados para dados e análises para ajudá-los a encontrar eficiências adicionais”, diz Radoine Bouajaj, diretora de vendas da AMCS Technologies, empresa que desenvolveu um aplicativo telemático chamado IoT Lifting, que combina dispositivos móveis e web. “Muitos projetos de construção foram adiados, mais pessoas estão trabalhando em um escritório doméstico e os bloqueios aceleraram a demanda e a necessidade de ferramentas de gerenciamento remoto”.

Custo de implementação de um sistema telemático

Weiss da A1A Software, diz que o iCraneTrax vem sendo adotado também por várias locadoras de menor porte com grande sucesso. Mas reconhece que empresas maiores – tanto empreiteiras quanto locadoras – são mais propensas hoje a investir em telemática para gerenciamento de frota devido ao retorno sobre o investimento que é obtido por meio de alto volume.  Há, portanto, também a questão do custo de implementação de um sistema telemático.

 Um problema que precisará ser equacionado a se acreditar no que diz Scott Crozier: “Se você não usar tecnologia em cinco anos, não será capaz de ser competitivo”. E talvez a resposta venha de uma proposição bastante otimista de Paul Wilson: “Quando a indústria trabalha em conjunto, combinando efetivamente seus OEMs individuais, locadoras e empreiteiros em um propósito coletivo, o compartilhamento de dados torna-se um modelo chave do que significa operar mais fortemente juntos”.

(Por Redação Crane Brasil)

 

 

 

 

 

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