Por: Leonardo Scalabrini
Anteriormente, nesta série de artigos sobre os desafios de realizar treinamentos somente em espaço de sala de aula, principalmente no que tange as abordagens práticas, discorri como a utilização de recursos didáticos como a aplicação de simuladores e o uso de modelos, miniaturas e maquetes são de grande valia no dia a dia do ensino.
Entretanto, quando as aulas são realizadas na modalidade in company, isto é, quando os instrutores se deslocam até as empresas que contratam os treinamentos e executam o serviço nas salas de aulas de lá, levar os modelos e miniaturas por completo podem ser dificultosos – por conta do deslocamento e logística – e, principalmente, não é possível o transporte da estrutura do simulador.
Nestes momentos, entra a capacidade didática de cada instrutor. Como estamos falando de guindastes, de amarração de cargas, do patolamento, da ação do vento na carga, entre outros tópicos relacionados ao nosso segmento, automaticamente podemos fazer uma relação direta com as aulas de matemática e física que tivemos na escola.
Nossos professores, nestas matérias, utilizavam um recurso muito importante para demonstrar as propriedades, grandezas e operações abordadas: representações gráficas.
Munidos de canetas e quadro branco, mesmo instrutores com pouca habilidade em desenho, conseguem representar todas as etapas e processos dos içamentos e movimentação de cargas. Todavia, executar os desenhos a todo o momento nas aulas demanda do tempo precioso para abordar todo o conteúdo programático.
É nesta hora que podemos aplicar mais um recurso didático bem atraente em sala de aula: o Desenho Assistido por Computador, que são os programas CAD.
No meu artigo para a edição 86 da Crane Brasil, expliquei um pouco como o CAD, bem como softwares BIM (Building Information Modeling, em português Modelagem de Informações da Construção) são muito utilizados como ferramentas para auxílio na elaboração dos Planos de Rigging.
E além do uso para o planejamento das atividades de içamento e movimentação de cargas, as aplicações CAD podem ser muito bem exploradas para as abordagens práticas nos treinamentos que envolvem as atividades com guindastes. O desenho surge como uma interpretação da realidade: desde desenhos de contornos de cargas, materiais de içamento, forças das patolas sobre o solo até chegar na representação em 3D em diferentes escalas da operação em si.
Usuários mais avançados, inclusive, podem criar pequenas animações nos softwares CAD e BIM para demonstrar as mais diversas situações em sala de aula. Durante os 15 anos que ministrei treinamentos em todo Brasil, utilizei muito este recurso que, por sinal, chamava mais atenção quando eram simulados os acidentes com os guindastes devido ao não cumprimento de um ou de um conjunto de procedimentos operacionais.
A representação do conteúdo da realidade (re)afirma a capacidade de interpretação e inerentes à aprendizagem visual em cada um dos alunos.
Por fim, é satisfatório ter evidenciado nesta pequena pesquisa, que fiz para escrever os artigos desta série, que a capacidade dos profissionais do nosso mercado extrapola suas experiências e técnica. A inovação se faz presente e, apesar de faltar muito para atingirmos níveis de excelência, com pequenos investimentos e, principalmente, criatividade, tenho certeza de que, em breve, nosso patamar será outro.
(*) Leonardo Scalabrini, estuda e desenvolve projetos de tecnologia para o segmento de içamentos e guindastes, área na qual atua desde 2000. Contatos: leoscalabrini@gmail.com