Por: Leonardo Scalabrini (*)
Continuando nas respostas das dúvidas e dos questionamentos que os leitores da Crane Brasil têm enviado em meu e-mail, nesta edição abordarei como as linhas (pernas) de cabo dos moitões do guindaste devem ser informadas nos Planos de Rigging.
O número de linhas de cabo a serem passadas nas roldanas do moitão é determinado em função da capacidade máxima do guindaste no comprimento específico da lança ou de acordo com o peso da carga a ser içada.
Quando se adota como parâmetro para a escolha da quantidade de linhas de cabo a relação entre o comprimento da lança do guindaste e sua capacidade máxima de elevação nesta lança, a maioria das tabelas de cargas indicam qual será este número:

Então, em um içamento específico, se Guindaste ZOOMLION ZMC85 estiver configurado com uma lança telescópica de 20,4 metros, o número (máximo) de linhas de cabo são 8 pernas.
Por outro lado, se o número de linhas no moitão for determinado pelo peso da carga, realiza-se um cálculo simples: a divisão do peso da carga pela capacidade em uma perna do cabo de aço do guindaste (tração máxima permissível do cabo de aço). Esta informação também é obtida nas tabelas de cargas dos guindastes:

O valor obtido desta divisão deve ser sempre arredondado para o próximo número inteiro e em seguida, ser somado 1 linha no valor final.
O acréscimo desta linha adicional – além de ser uma boa prática de segurança – garante que os pesos dos componentes existentes entre o cabo de aço do guindaste e a carga (os materiais/acessórios de amarração e o moitão em uso) estejam contemplados neste cálculo.
Tomando como base a informação obtida na tabela do Guindaste GROVE RT540E (ver figura 2), para se obter o número de linhas para uma carga de 17.000 kg, temos a seguinte sequência:
17.000 kg / 5.280 kg = 3,22 linhas
Arredonda para o próximo número inteiro = 4 linhas
Soma mais 1 linha = 5 linhas de cabo devem ser adotadas para este exemplo.
Especificar a quantidade de linhas (pernas) de cabo, além de indicar o modelo/capacidade do moitão a ser utilizado na operação com o guindaste, também permite chegar na resultante do peso total destas linhas. Esta informação é de grande importância, pois compõe a somatória da carga bruta de um içamento.
E no Plano de Rigging? Qual metodologia deve ser adotada? A do comprimento da lança ou a do peso da carga?
O profissional responsável pelo planejamento do içamento é quem deve decidir. Todavia, seguem algumas considerações que podem auxiliar nesta escolha:
Primeiramente, deve ser avaliado o peso total destas linhas. Como ele é parte integrante da carga bruta do guindaste, escolher a metodologia da quantidade de linhas de cabo pelo comprimento da lança pode levar a um peso maior da carga bruta e inviabilizar a operação com o guindaste em áreas de trabalhos onde há valores limites de Taxas de Utilização.
Em segundo, deve ser verificado se a operação em questão faz parte de uma sequência de atividades que exigem do guindaste várias configurações distintas, em especial, quando ocorrer variações do comprimento de lança. A mudança das pernas de cabo no moitão demanda de tempo e um Plano de Rigging sempre deve prezar pela otimização da operação, além, evidentemente, de sua segurança.
Por fim, se possível e quando aplicável, sempre converse com o Operador do Guindaste sobre o número ideal de linhas (pernas) de cabo a ser especificada no Plano de Içamento. Este profissional é o principal responsável pela operação e a comunicação com ele deve ser constante.
Foto em destaque: Moitão Irizar Forge
(*) Leonardo Scalabrini, estuda e desenvolve projetos de tecnologia para o segmento de içamentos e guindastes, área na qual atua desde 2000. Contatos: leoscalabrini@gmail.com