Áreas pequenas, terrenos acidentados, interferências aéreas e subterrâneas, como solos menos resistentes e linhas de energia e torres, geram dificuldades para a realização de operações. No entanto, muito antes da parte prática, existe todo um planejamento de serviço por trás, o chamado Plano de Rigging.
Sua importância começa na escolha do equipamento mais adequado para o projeto a ser desenvolvido, passando pela melhor opção de içamento de acordo com as condições específicas. É um estudo minucioso, que contém informações técnicas detalhadas. Na maioria das vezes, acontecem mudanças durante a construção de novas plantas, o que obriga a revisão dos Planos de Rigging.
Por conta, aliás, de uma carência de profissionais na área de movimentação de cargas, a Crane Service, com uma experiência de mais 10 anos no Brasil, elaborou um Plano de Negócios sobre Engenharia de Rigging para atuação no País. “Nossa demanda é grande na qualificação de Riggers, tanto na ênfase do Plano de Rigging quanto nas Técnicas de Campo. São nossos dois treinamentos mais vendidos”, conta Hugo Moreira, diretor da Crane Service. Outro serviço bastante realizado é a chamada reciclagem dos operadores de todos os tipos de guindastes, que precisam de uma constante atualização. Nos dois últimos anos, a empresa foi também bastante procurada para treinamentos de Sinalização, Amarração de Cargas e Homem de Área.
Customização
“A Elba realiza treinamentos junto à Crane Service para a reciclagem de profissionais já habilitados para a elaboração de Planos de Rigging. Recentemente, promovemos o treinamento para os novos contratados que atuam na liderança do setor de operações da empresa”, conta Sylvio Barbosa Neto, diretor de operações da Elba Equipamentos e Serviços (EES). “O objetivo é capacitá-los no planejamento de movimentação de cargas envolvendo guindastes telescópicos sobre pneus, com ênfase prática no estudo, análise e elaboração de Planos de Rigging, ampliando o quadro da equipe apta a este exercício profissional”. A parceria com a Crane Service existe desde 2009.
Investindo também em treinamentos internos e externos, a EES, desde 2002, utiliza o Programa de Capacitação Interna, com a intenção de aumentar também a qualidade do trabalho, o que contribui para a satisfação dos clientes com os serviços prestados. No último treinamento realizado, foram capacitados 4 profissionais, que chegaram recentemente à empresa. O quadro apto a elaborar os Planos de Rigging da EES é composto por 7 profissionais. “Nossa meta maior é o acidente zero”, afirma Barbosa Neto.
No caso da Primax Transportes Pesados e Remoções Técnicas, foi realizado um investimento de aproximadamente R$ 50 mil na aquisição, desenvolvimento, deslocamento dos técnicos e treinamento das equipes com o software Crane Pro, da Crane Service. “Ele demonstrou a maior confiabilidade, flexibilidade e conhecimento do segmento, aliado a maior gama de recursos para desempenhar os projetos”, explica Julio Apolinario, gerente de operações e suprimentos da empresa. Permite toda a simulação em desenhos 3D da movimentação, com informação das variáveis operacionais em tempo real.
“O Crane Pro facilita a elaboração dos Planos de Rigging, possibilitando que sejam feitos com uma velocidade incrível e uma adequação em qualquer momento”, comenta Antonio Luiz Leite, diretor da Primax. Com o software, 5 funcionários serão capacitados, considerados chaves para as operações – gerentes supervisores e líderes, por exemplo. Os treinamentos podem ser feitos na própria companhia, que possui instrutores capacitados para ministrar treinamentos operacionais, em NRs (Normas Regulamentadoras), além da formação de operadores de empilhadeiras, muncks e guindastes.
Treinamentos e capacitações resultam, inicialmente, num ganho de qualidade, confiabilidade das informações e segurança nos içamentos. “Com o tempo, conseguiremos um grande ganho de flexibilidade no nosso dia a dia, devido à facilidade de trabalhar com a ferramenta inclusive no campo”, diz Apolinario. Em termos de segurança, a Primax planeja investimentos em duas frentes. Com processos e pessoas, prevê a certificação na OHSAS 18000 até 2014 e a implantação de um departamento de Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) com autonomia gerencial. Já em equipamentos, investirá em novas tecnologias para remoção industrial, além de renovar a frota de guindastes, com uma estimativa de R$ 10 milhões em 2013.
Momento atual
“O grande desafio para a indústria de elevação e movimentação de cargas é a criação de normas específicas para o segmento. Infelizmente, a atual legislação não difere com clareza as normas para sistemas de movimentação de carga e atividades similares”, afirma Leonardo Scalabrini, diretor da Crane Service. “Precisamos de uma atuação junto aos órgãos regulamentadores quanto à normatização da atividade da movimentação de cargas com guindastes e de seus profissionais”. Não existe um padrão para toda a indústria, com solicitações variando para empresas de segmentos diferentes, como na mineração, siderurgia e petroquímica.
Num geral, houve uma melhora significativa da valorização da segurança pelas empresas brasileiras nos últimos anos, mas acidentes ainda ocorrem. “Melhorar o nível de qualificação dos profissionais envolvidos e trabalhar forte o planejamento é mais do que necessário. Por isso, batemos na tecla da busca pela normatização do segmento”, diz Scalabrini.
Outro desafio que as empresas enfrentam se dá na tentativa de aliar segurança na atividade de elevação a um custo viável, levando em conta toda a cadeia de logística de fornecimento. Essa mudança de mentalidade leva mais tempo. “Ainda hoje, é muito comum encontrarmos empresas que encaram a elaboração de Planos de Rigging como um custo e não como um investimento necessário para a manutenção da economia, segurança e qualidade”, conta Adriano Inguanti, diretor da IPS. “Estatisticamente, o maior índice de acidentes com a movimentação de cargas ocorre por falta de planejamento e capacitação. Por isso, a maior dificuldade é fidelizar a operação ao planejamento, por meio do Plano de Rigging”, conclui.