O Brasil poderá alcançar uma economia de até R$ 224,76 bilhões por ano do setor produtivo ao modernizar sua matriz logística, aponta o Observatório do Custo Brasil, uma plataforma do Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e com o apoio técnico da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Atualmente, mais de 70% das cargas no Brasil dependem das rodovias, o que torna a logística do país vulnerável a crises econômicas e flutuações nos preços dos combustíveis, segundo os especialistas. A estratégia de ampliar o uso de ferrovias e cabotagem, modais pouco explorados, poderia reduzir essa dependência, tornando o transporte mais eficiente e econômico.
O Observatório projeta, por exemplo, uma redução de até 12,9% no custo por tonelada transportada, conforme as metas do Plano Nacional de Logística (PNL 2035). A redistribuição da matriz de transporte no Brasil, com 54,93% de transporte rodoviário, 33,59% ferroviário e 11,47% por cabotagem, permitiria atingir a economia total projetada de R$ 224,76 bilhões.
“Além dos ganhos econômicos, essa redistribuição teria impactos positivos no meio ambiente, com uma redução significativa nas emissões de gases de efeito estufa, uma vez que o transporte ferroviário e de cabotagem são mais sustentáveis do que o rodoviário”, explica Rogério Caiuby, conselheiro executivo do MBC.
Enquanto o Brasil transporta 71% de suas cargas por rodovias, países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm uma divisão mais equilibrada, com maior uso de ferrovias e cabotagem para longas distâncias, mostra a plataforma.
A ampliação e diversificação da matriz logística se destaca como a iniciativa com maior potencial de redução do Custo Brasil entre as seis analisadas pelo Observatório. O MBC observa que essa adequação é fundamental para melhorar a competitividade do setor produtivo e fortalecer o Brasil no mercado global.
Para desbloquear o potencial de uma logística mais eficiente, no entanto, Caiuby ressalta que é necessário acelerar as políticas públicas, como o Marco Legal de Ferrovias e de Cabotagem e a racionalização das tarifas portuárias. “Precisamos de um esforço conjunto entre setor produtivo e público para que essa projeção se transforme em realidade e fortaleça a infraestrutura nacional e o crescimento econômico”, acrescenta.
