Por: Leonardo Scalabrini (*)
Na sequência desta série de artigos sobre os desafios das abordagens práticas nos treinamentos do nosso segmento, vamos abordar nesta edição da Crane Brasil como as miniaturas de guindastes e seus acessórios, os modelos em escala de cargas e as maquetes da área do trabalho podem ser utilizados no processo de ensino e aprendizagem.
Ao contrário do uso dos simuladores, onde é possível explorar todos os detalhes dos guindastes, cargas e, principalmente, do ambiente, a adoção das miniaturas, modelos e maquetes nas salas de aula dos içamentos limita-se ao cenário e características físicas – e específicas – de construção destes recursos. Todavia, é possível colocar a mão na massa!
O emprego destes objetos nos treinamentos permite a instrução de um determinado tema correlacionado, como a amarração da carga, a distribuição de materiais na base do patolamento ou a própria movimentação dos componentes do guindaste, de forma mais simples e interativa.
É possível, por exemplo, observar como se comporta o solo ao utilizar um conjunto de dormentes que forma uma área “x” ou uma chapa de aço com área “y”. Bem como, a variação da tensão em cintas ou cabos de aço no içamento da carga, quando se mudam os comprimentos e, portanto, os ângulos da amarração.
A utilização das miniaturas, modelos e maquetes como recursos didáticos, traz como principais vantagens:
- Representação do espaço de trabalho em tamanho reduzido.
- Desenvolvimento da observação das interferências.
- Manipulação dos objetos com as mãos.
- Menor custo do recurso (em relação aos simuladores).
- Possibilidade da realização do exercício em duplas ou em grupo.
Outro ponto interessante é a possibilidade de acompanhamento desse material em conjunto com todo o restante do material didático.
Nos 15 anos em que atuei diretamente como instrutor dos treinamentos de profissionais especializados nas atividades de içamentos de cargas: operadores, sinaleiros, riggers, supervisores e engenheiros planejadores, levava sempre comigo (além das apostilas, calculadoras, réguas, esquadros e compassos) uma maleta de ferramentas adaptada para o transporte de uma miniatura de guindaste, de seis ou sete exemplos de cargas e mais diversas peças em escalas reduzidas de materiais de içamento e de patolamento.
Aproveitava a participação nas principais feiras internacionais como a BAUMA e a CONEXPO, para dar uma passadinha nas lojas dos stands dos fabricantes de guindastes e adquirir diferentes tipos de miniaturas. Os demais modelos eu desenvolvia internamente com o auxílio de toda a equipe técnica com quem trabalhava.
Hoje em dia, as miniaturas podem ser facilmente compradas pela internet, nas principais plataformas de comércio eletrônico. E os modelos de cargas, dos acessórios de amarração, dos dormentes, chapas de patolamento e maquetes com o cenário (do futuro) local do içamento podem ser encomendadas com empresas do nosso setor como, por exemplo, a AW Engenharia, situada em Belo Horizonte/MG.
A AW Engenharia, que tem em seu escopo o fornecimento de treinamentos, consultoria, planos de rigging 2D e 3D e simulações e animações, criou um kit de miniaturas com modelos de guindastes, cargas, cabos de aço, cintas, manilhas, balancins, patolas, materiais de patolamento e cenários com interferências. Este kit pode ser adquirido completo ou de forma unitária.
No próximo artigo, vou mostrar como softwares CAD e BIM podem ser utilizados além da elaboração dos Planos de Rigging. São também ótimas ferramentas nas salas de aula dos içamentos e movimentações de carga.
Leonardo Scalabrini, estuda e desenvolve projetos de tecnologia para o segmento de içamentos e guindastes, área na qual atua desde 2000. Contatos: leoscalabrini@gmail.com