Por Redação Crane Brasil
A Makro Engenharia, com origem e matriz no Estado do Ceará, completa em 2017 quatro décadas de atividade. Nesse período, consolidou-se como uma das principais empresas de elevação de cargas e transportes especiais do país, inicialmente nas regiões Nordeste e Norte, e depois em âmbito nacional. É uma empresa que ganhou, progressivamente, os contornos de um grupo empresarial, participando de grandes obras de infraestrutura em todo o país, criando com várias unidades de negócio afins e com grande sinergia entre si, para oferecer soluções amplas aos clientes.
Nesta entrevista exclusiva para a Crane Brasil, que coincide com sinais claros de retomada da economia, o CEO da empresa, David Rodrigues, que divide com os irmãos e o pai, o fundador Fernando Rodrigues, o comando do Grupo, fala das ações que foram colocadas em prática para contornar a recessão e suas perspectivas atuais.
Numa palavra, David Rodrigues resume a Makro Engenharia neste pós-crise (acreditando-se na evolução dessa tendência): eficiência. “Desde 1977, passamos por vários ciclos e saímos mais fortes. Desta vez, sairemos também muito mais eficientes. Todos os movimentos feitos nos tornaram mais leves e mais ágeis”, diz ele. Cortes foram feitos, como manda, aliás, a eficiência. Mas o planejamento e metas já está colocado e os bons contratos de serviços já ressurgiram, em setores onde a Makro tem comprovada expertise, como o eólico e o de mineração, e novas oportunidades, como a operação de logística interna da CSP – Companhia Siderurgica do Pecém. “Estamos bastante animados e acreditamos que vamos crescer nesse segmento em breve. Atualmente, já temos mais de 80 equipamentos e 200 colaboradores mobilizados nesse trabalho”
Crane Brasil: Como a Makro superou ou vem superando esse período de crise?
David Rodrigues: A Makro, que foi fundada em 1977, passou por diversos ciclos da economia e sempre saímos de cada ciclo mais fortes. Tivemos, nos anos de 2006 a 2012, um período de forte crescimento, onde várias empresas se estruturaram para atender essa demanda. Em 2013 e, mais fortemente, em 2014, o Brasil vem enfrentando uma de suas maiores recessões, o que tem impactado diretamente no nosso setor.
Crane Brasil: Quais as ações implementadas para garantir a competitividade das áreas de negócio da empresa? Na administração de ativos (equipamentos em particular)
David Rodrigues: A Makro rapidamente tomou ações para se adequar a esse novo momento da nossa economia. Basicamente o que fizemos foi inicialmente uma adequação na nossa estrutura de pessoal, simplificamos o organograma, unificamos áreas, simplificamos processos. Referente à nossa frota, também temos um plano de venda de ativos, reduzindo-a nas categorias mais ociosas e menos estratégicas.
Crane Brasil: E quanto aos processos de gestão?
David Rodrigues: Na gestão, também evoluímos muito nesses últimos três anos. Investimos muito no fortalecimento do nosso modelo de gestão, desdobramos metas para todos os níveis gerenciais da empresa até supervisores. Neste ano, a meta é descermos para a base, chegando a operadores e mecânicos. Com isso, todos sabem, no início do ano, exatamente o que esperamos de cada colaborador e podemos avaliar por mérito cada um. Esse movimento tem sido um forte diferencial. Fortalecemos nossa comunicação e definimos em 2016 nossos cinco pilares principais: cliente, gente, segurança, ativo e resultado. Hoje, na Makro, todas as metas e avaliações partem desses pilares e é muito bom ver todos aderindo e agindo de forma alinhada.
Crane Brasil: Na área operacional…?
David Rodrigues: Na operação, investimos em nosso CCO – Centro de Controle Operacional, onde 92% da nossa frota é monitorada via satélite. Desenvolvemos in house um sistema de monitoramento operacional, segurança e de manutenção que vem trazendo resultados fantásticos para nossa empresa.Dessa forma, estamos seguros que sairemos, como das vezes anteriores, ainda mais fortes e prontos para aproveitarmos as oportunidades que um novo ciclo de crescimento que está por vir trará para nossa empresa.
Crane Brasil: Confirmada a retomada da economia, como a Makro sai da crise Fortalecida? Mais enxuta?
David Rodrigues: A palavra que poderia resumir é eficiência. Sairemos muito mais eficientes. Todos os movimentos feitos nos tornaram mais leves e mais ágeis. Nesse processo, fechamos sim algumas filiais que não estavam dando resultado, como: Recife (PE), Manaus (AM), Ourilandia(PA), Mossoró(RN), e Bacarena (PA). Na Makro, não temos apego. Ou a filial dá resultado ou fechamos. Também abrimos uma em São Gonçalo (CE), uma em Jandaíra (RN) e estamos estudando abrir novamente uma na Bahia. Hoje temos um modelo, onde abrimos uma unidade muito rápido, se temos perspectivas de negócio.
Crane Brasil: Em relação às áreas de negócio, as divisões do Grupo, a estrutura foi mantida ou sofreu transformações:
David Rodrigues: Falando das nossas divisões. A divisão que vem crescendo é a eólica, onde assinamos importantes contratos até 2018 para montagem “turn key” de parques eólicos. A Makro será responsável pelo içamento, transporte e montagem eletromecânica das torres desses projetos, onde fomos, no Brasil, uma das empresas pioneiras a oferecer esse tipo de serviço, nos diferenciando de modelo de simples locação. Esse é um setor em que estamos otimistas em crescer, principalmente pelo amadurecimento do setor. Vários fabricantes estão aprendendo que não adianta comprar apenas preço, pois entregar o projeto no prazo contratual e sem acidentes é fundamental e muitas empresas entraram nesse setor e não conseguiram performance. Esse é um negócio completamente diferente de locação de guindastes. Nós da Makro estamos estruturados para entregar bons resultados.
Já a divisão de transportes não recebeu investimentos de 2014 a 2016, em razão de uma ociosidade muito grande nesse setor no Brasil e preços inviáveis sendo praticados. Neste ano de 2017, devido a alguns contratos, investimos em 12 conjuntos transportadores para reforçar nossa frota. Mas é um setor que analisamos com muito cuidado.
Crane Brasil: Como surgiu a oportunidade e o que representa o contrato de logística dentro da CSP – Companhia Siderúrgica do Pecém. É uma diversificação de atividades que pode transformar-se em uma área de negócios?
David Rodrigues: Tendo ganho e executado o contrato Heavy Lift da construção da CSP, e trabalhado por quatro anos com nosso cliente coreano Posco – e tendo sido reconhecido pela nossa performance operacional e de segurança – entrar na operação foi uma meta que traçamos. Dentro da operação, o contrato que tínhamos interesse era o da logística integrada. Montamos uma equipe trazendo profissionais experientes nesse segmento e estamos agora no momento de prospectar novas oportunidades. Estamos bastante animados e acreditamos que vamos crescer nessa divisão em breve. Atualmente, já temos mais de 80 equipamentos e 200 colaboradores somente nessa divisão.
Crane Brasil: Qual o planejamento estratégico definido para o ano de 2017? Nesse planejamento, há investimentos em renovação ou ampliação da frota de equipamentos de elevação e transporte pesado?
David Rodrigues: Nosso planejamento para 2017 foi comunicado a toda a empresa juntamente com nosso orçamento. O desafio agora é cumprir as metas neste momento de tantas incertezas em que vivemos. Porém, estamos otimistas que nossa equipe vai conseguir. Os resultados do primeiro trimestre devem refletir essa expectativa. Referente a investimentos, estamos fazendo de forma muito pontual ou atrelado a novos contratos, pois nossa principal meta ainda é reduzir a ociosidade da nossa frota. De forma mais ampla, estamos avaliando novos mercados, novos clientes e a possibilidades de movimentos estratégicos entre as empresas do setor.
Crane Brasil: Como a Makro avalia o Programa de Concessões do Governo Federal? Há perspectivas de negócio para o segmento de elevação de cargas e transportes especiais. No Aeroporto de Fortaleza, por exemplo?
David Rodrigues: Estamos bastante otimistas com os programas do governo. O modelo de crescimento do ciclo passado, que era de dar crédito as classes C e D, está esgotado. Acreditamos que o próximo ciclo de crescimento passa por um único caminho: investimento em infraestrutura. Dessa forma, nosso setor será muito demandado e muitas oportunidades surgirão. Recentemente, vimos nas concessões dos aeroportos empresas de primeira linha se interessando e investindo diretamente em ativos brasileiros. Isso é a prova que, apesar dos últimos acontecimentos na política e economia, nosso país é muito maior que tudo isso. Tenho certeza que o próximo ciclo será muito virtuoso para aqueles que estiverem preparados e nos fizemos nossa tarefa de casa e estamos prontos para abraçar as oportunidades.
Crane Brasil: A mineração também vive um novo momento. Continua sendo um setor prioritário para a Makro, que já tem a empresa tem um histórico de atuação e estrutura junto a grandes operações?
David Rodrigues: A Makro há mais de 20 anos opera fortemente na mineração. Nos últimos anos, esse setor vem sofrendo muito e por consequência toda a cadeia produtiva. Tivemos que nos adequar aos patamares recentes que foram os mais baixos das ultimas décadas do preço do minério. Mas acreditamos que esse cenário deve melhorar e em futuro breve os investimentos retornem. Recentemente, comemoramos nesse setor uma grande vitória, que foi vencermos uma concorrência nacional onde praticamente todos os principais players do nosso setor participou e a Makro foi a escolhida para assinar um contrato no Pará e um no Maranhão de cinco anos de duração. Num momento de crise ter contratos até 2022 é fundamental para garantir nosso fluxo de caixa.