Por: Leonardo Roncetti (*)
Cada vez mais o homem tem construído e erguido, próximo, sobre e sob o mar, estruturas complexas com as mais variadas finalidades: portos, pontes, plataformas de petróleo, parques eólicos e outras, com uma característica comum: a necessidade de içamento, seja na construção, seja na operação.
Uma das formas de classificar esses içamentos é considerar a posição da carga e guindaste em relação ao mar, o que dá uma ideia principalmente dos efeitos ambientais a serem considerados no projeto de içamento (plano de rigging). São eles:
Içamento onshore
Içamento em terra, onde o guindaste e a carga estão sobre o terreno, não havendo movimentos relativos entre eles. As amplificações de força e deslocamento atuantes nos componentes são de pequena magnitude, quando executados corretamente. Geralmente, para os casos simples, a análise dinâmica é suprimida e usa-se um fator de amplificação dinâmica de forças que varia de 1,05 a 1,15. Como não é feita a análise dinâmica, os movimentos da carga não são calculados.
Içamento inshore
Içamento em águas abrigadas, onde a altura e período de ondas geram amplificações de pequena magnitude, próximas à situação de içamento onshore. É o caso, por exemplo, do içamento para retirada de uma carga de uma embarcação que está atracada no porto, onde se utiliza um guindaste de bordo ou um guindaste posicionado no cais. O fator de amplificação dinâmica varia de 1,05 a 1,15.
Içamento offshore
Içamento em mar aberto, onde há incidência direta de ondas na embarcação onde está a carga ou o guindaste. A amplificação de força pode ser de grande magnitude, podendo chegar a 3 vezes o peso içado, e a amplificação de movimento pode chegar a dezenas de vezes, se houver ressonância. A dispensa da análise dinâmica depende da experiência do engenheiro de içamento e do tipo de operação. São exemplos os içamentos para construção de pontes de acesso de portos e içamento em plataformas de petróleo.
Por ser uma classificação qualitativa, não deve ser utilizada como único parâmetro de escolha dos fatores de amplificação, pois o que governa o cálculo do içamento é o carregamento ambiental (onda, vento, corrente etc.) e não a posição geográfica. Por exemplo, um içamento na Baia de Guanabara é inshore ou offshore? Depende. Há locais em que se pode considerar água abrigada, mas, em outros pontos da baia, será necessário projetar um içamento offshore.
Foto em destaque: Exemplo de um projeto de içamento Inshore da TechCon Engenharia em pier de estaleiro
Leonardo Roncetti, engenheiro, é doutorando em içamento offshore pela COPPE-UFRJ, mestre em estruturas offshore pela COPPE-UFRJ, e diretor da TechCon Engenharia e Consultoria. Contatos:leonardo@techcon.eng.br
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