GRANDES PROJETOS PARA O BRASIL EM 2024

GRANDES PROJETOS PARA O BRASIL EM 2024

Números grandiosos já foram anunciados e muitas previsões já foram feitas em relação aos projetos de infraestrutura no Brasil em 2024. Há carência e, ao memo tempo, uma demanda crescente, principalmente dos setores exportadores (o agronegócio, papel e celulose e a mineração, principalmente) por corredores logísticos, e há muito que se fazer em relação à energia, não somente para sua geração, mas também e, principalmente, sua transmissão. Um bom exercício a se fazer, ao apontar cenários possíveis neste ano, com certeza é focar nos projetos que já foram alinhados nos últimos anos e que já estão em desenvolvimento, ainda que em sua fase inicial. E não são poucos.

RODOVIAS

Em São Paulo, a retomada das obras de construção do trecho Norte do Rodoanel é bastante promissora. O Governo de São Paulo já realizou o leilão, há uma concessionária definida e a contrapartida pública já foi acordada no início do ano entre o governo do estado e o federal, com o financiamento de R$ 1,35 bilhão pelo BNDES. Outros leilões também foram bem sucedidos em 2023 nas rodovias do Paraná, Pará PA (150) e cabe lembrar que Minas Gerais, além do Rodoanel, tem hoje sob concessão 1.500 Km de rodovias. E também já estão definidos investimentos, alguns em andamento, na BR-163/230 (Sinop/MT e Miritituba/PA), BR-116/101/SP/RJ (Dutra), BR-153/080/414/GO/TO (Aliança do Tocantins a Anápolis) e BR 116/465/493- Rio de Janeiro – Governador Valadares (MG).

Trecho 1 da FIOL a cargo da BAMIN Mineração
Trecho 1 da FIOL a cargo da BAMIN Mineração

FERROVIAS

No modal ferroviário, grandes projetos despontam a médio prazo – o trem Intercidades (TIC), entre São Paulo e Campinas, por exemplo. Mas o certo é que o que irá gerar e já está gerando bons negócios são as ferrovias que tiveram prorrogados os seus períodos de concessão, de modo que pudessem antecipar investimentos. Caso da MRS Logística, Vale (Carajás e Vitória-Minas), e Rumo (Malha Paulista), além da Ferrovia EF-334/BA (FIOL), que já tem o lote 1 sob concessão da Bamin Mineração e o lote 2 em estágio inicial de obras.

Suape-ATM
APM Terminais que está iniciando a implantação do novo terminal em Suape (PE)

PORTOSNo caso dos portos, além da CODESA, no Espírito Santo, já privatizada, grandes investimentos estão programados em terminais portuários em vários estados do país, inclusive em Santos (SP) que, como um todo teve o seu processo de privatização bloqueado pelo atual governo federal. Em Santos, os terminais STS08A e STS11 já foram arrendados e tem definida uma programação de investimentos. O mesmo ocorre em Maceió/ AL (MAC13), Porto de Santana/ AP (MCP02), Porto de Mucuripe/CE (MUC01), Terminal Salineiro de Areia Branca/RN (TERSAB), Porto de Suape/ PE(SUA07) e Porto de Imbituba/SC ( IMB05). Com o concessionário privado, a expectativa é que os investimentos ganhem celeridade. Melhor exemplo é o da APM Terminais que está iniciando a implantação do novo terminal em Suape (PE), depois de longa batalha jurídica para aquisição dessa área que pertencia ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS). A previsão é de que o terminal entre em operação no segundo trimestre de 2026.

Cabe lembrar também que, no último dia 6 de fevereiro, BNDES e o Governo do Rio Grande do Sul, realizaram o leilão de concessão do Cais Mauá, em Porto Alegre. Vencido pelo Consórcio Pulsa RS, estão previstos investimentos de R$ 353,3 milhões para revitalização e urbanização de um dos principais patrimônios da cidade. No mesmo dia, o Porto de Paranaguá (PR) teve aprovado, pelo mesmo BNDES, financiamento de R$ 495 milhões para a modernização da infraestrutura logística.

São Paulo também recebeu o seu quinhão, a sua cota, nesse processo, quatro dias antes (2 de fevereiro), quando o presidente Lula trocou afagos com o governador Tarcísio de Freitas, em Santos, anunciando o financiamento conjunto do túnel para travessia até o Guarujá, obra orçada em R$ 5,9 bilhões, sendo que R$ 5,1 bilhões serão investidos pelo Poder Público – sendo metade paga pelo Governo Estadual e a outra metade pela União. Claro que esse velho sonho ainda dependerá de consulta pública e do leilão, previstos ainda em 2024.

AEROPORTOS

Se houve um setor em que a desestatização foi mais flagrante foi o de aeroportos e é mesmo de se estranhar porque durante tanto tempo aeroportos, um tipo de instalação marcadamente privada, tenha permanecido sob controle estatal, sobretudo os regionais. Para ficar em alguns estão aí os aeroportos de Belém (PA) e Macapá (AP), Campo de Marte e Congonhas (SP), Jacarepaguá (RJ) e Campo Grande (MS), além de outros regionais em MS-PA-MG já devidamente concessionados e com programas de investimentos em andamento.

SANEAMENTO

Como se sabe o processo de privatização da CEDAE, no Rio de Janeiro, só ocorreu, ao final das contas, por conta da dívida do estado com a União. O fato é que, nessa nova fase, controlada por três consórcios (Aegea, Iguá e Saab Participações) a companhia terá uma grande oportunidade de se capitalizar e cumprir seus objetivos sociais.  Companhias de outros estados estão seguindo o mesmo caminho, no Amapá, Mato Grosso do Sul, Alagoas e Espirito Santo. Em São Paulo, em relação à SABESP, há a determinação do Governador Tarcísio de Freitas nesse sentido desde o primeiro dia de seu mandato. A se ver.

MINERAÇÃO

As mineradoras com operações no Brasil planejam no país, no período 2024-2028, US$ 64,5 bilhões. Esse patamar foi divulgado pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) em fevereiro. Os investimentos em projetos de minério de ferro devem receber os maiores aportes, com cerca de US$ 17 bilhões.  Investimentos socioambientais veem em seguida com US$ 10,67 bilhões (16,6%); depois em logística, US$ 10,36 bilhões; cobre com US$ 6,74 bilhões e fertilizantes US$ 5,58 bilhões. Minas Gerais terá a maior parcela dos investimentos até 2028: 30,6%, com US$ 17,23 bilhões; em seguida Pará 28%, com US$ 15,71 bilhões; Bahia 16,1%, com US$ 9 bilhões; Amazonas 5%, com US$ 2,82 bilhões; Goiás 4,2%, com US$ 2,34 bilhões; Ceará 3,1%, com US$ 1,73 bilhão. Os valores divulgados pelo IBRAM se sustentam em programas de investimento divulgados publicamente por grandes empresas do setor. Um exemplo, entre tantos, de uma empresa que foge à regra de exportadora e tem foco do mercado interno, a Votorantim Cimentos, acaba de anunciar que vai investir R$ 5 bilhões em um programa abrangente de crescimento e competitividade estrutural de suas operações no país.

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Refinaria Abreu Lima

ÓLEO E GÁS

Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam uma produção recorde em 2023 de 4,344 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d). E tudo indica, pelos investimentos previstos, que as empresas detentoras de contratos de E&P e de Desenvolvimento e Produção estejam empenhadas em manter e até superar esse patamar recorde de 4 milhões de boe/d em 2024. Em Óleo e Gás está previsto um total de investimentos de R$ 130.572.065.332,20. Como era de se esperar, a maior parte dos investimentos estão concentrados na Bacia de Santos (R$ 81 bilhões) e Campos (R$ 44 bilhões).

No primeiro caso, R$ 36,7 bilhões em UEP construção, R$ 16 bilhões, em Coleta-linhas-lançamento (incluindo risers), 10,2 bilhões em completação para produção R$ 9,6 bilhões em Perfuração.Na Bacia de Campos, prevê-se R$ 11,2 bilhões em coleta-linhas-lançamento (incluindo risers), R$ 6 bilhões em Perfuração (produto), R$ 5,1 bilhões em melhorias de UEP, R$ 3,2 bilhões em completação para produção e R$ 2,9 bilhões em descomissionamento (remoção de linhas).

Em paralelo, com o Governo Lula voltou à cena a retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Ipojuca (PE). O investimento no Projeto RNEST está previsto no nosso Plano Estratégico 2024-28+ e faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Já em fase de contratação, a construção do Trem 2 da refinaria tem data para finalização em 2028, quando ela passará a ter capacidade para processar 260 mil barris de petróleo por dia. As obras do Trem 2 estão previstas para o segundo semestre de 2024.

Usina Eólica - Divulgação Casa dos Ventos
Usina Eólica – Divulgação Casa dos Ventos

ENERGIA ELÉTRICA

Na área de energia, a tendência é que se mantenham em alta os investimentos privados em instalações de transmissão, com os sucessivos e bem sucedidos leilões que vem ocorrendo, como também na geração – que resultou em 2023 em uma expansão de 10,3 GW na matriz elétrica brasileira (com destaque para as usinas eólicas (4,9 GW), com 140 unidades que passaram a operar ao longo do ano. E com 107 novas usinas em construção, segundo o último levantamento da ANEEL o segmento eólico continuará em franca expansão. Os projetos em construção estão hoje mais concentrados na Bahia. E foi justamente para esse estado que o BNDES anunciou novo financiamento, concedendo ao Projeto Babilônia Centro o crédito de R$ 3,16 bilhões.

Além do eólico cabe mencionar com grande destaque o crescimento exponencial da geração fotovoltaica (solar), esse mais distribuído pelo país e tendo Minas Gerais (com 74 projetos em andamento em um total de 174) na liderança. O mais recente anúncio foi feito pela Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, e a Newave Energia na assinatura do protocolo de instalação do Parque Solar Arinos, localizado em Arinos (MG). O investimento total estimado é de R$1,5 bilhão e a previsão é de que o empreendimento deva estar concluído no fim de 2024. Mantêm-se também bastante ativo os projetos de UTEs com geração fóssil (gás natural e petróleo) e biomassa, com 39 unidades em construção, além das 28 PCHs. No mais, há a UHE Juruena, em construção, em Campos de Júlio (MT) e a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis (RJ).

Foto em destaque: Projeto Tucumã, de cobre, em implantação na cidade paraense homônima, na região de Carajás, pela EroBrasil

 

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