Por Wilson Bigarelli
Um vôo de drone, postado no youtube pela Daco Heavy Lift, da Guatemala, revela, sobre as montanhas, o canteiro de obras do Parque Eólico Viento Blanco, no município de San Vicente Pacaya, aldeia de Los Rios, departamento de Escuintla, no sul do país e a 44 km da capital. Há um vulcão ativo por perto (o Pacaya, claro), mas o controlador do VANT, prudentemente, passa longe, destacando a mobilização de equipamentos e operários – e componentes eólicos com a marca da gigante dinamarquesa Vestas. Viento Blanco (21 MW) é um dos três primeiros parques eólicos da Guatemala. Está em fase de instalação, assim como o Central (30 MW) – o terceiro, Santo Antonio El Sitio, foi comissionado em 2015, com 52,8 MW.
Há o registro também de como esse arsenal chegou lá em cima. Já tem uns meses (a operação foi realizada entre 15 de agosto e 24 de setembro do ano passado), mas não perde a atualidade – pelos desafios e soluções encontradas.
Sete turbinas eólicas Vestas V112 foram transportadas a partir de Puerto Quetzal por uma estrada razoável em um percurso de 70 quilômetros. Faltavam, no entanto, outros 10 quilômetros até o canteiro de Viento Blanco e isso teria que ser feito em um trecho de serra por uma estrada estreita traçada nas montanhas, com aclives de 18% e declives de 13%. Outro complicador: várias seções das turbinas (63 no total) tiveram que ser transportadas à noite, para não comprometerem o tráfego local.
A calada da noite não valeu para as pás, com 55 m de comprimento, pois requeriam excelente visibilidade, em razão dos obstáculos ao longo do caminho: redes aéreas de energia, curvas acentuadas, além de rochas salientes camufladas pela vegetação densa de ambos os lados.
A subsidiária Daco Heavy Lift na América Central conhece bem a região. Tanto que tem em seu portfólio serviços que costumam ser terceirizados em outros países, como “remoção de obstáculos, construção de by-pass e reforço de pontes. Mas não houve necessidade de todo esse aparato. A empresa possui um conjunto transportador FTV 300 Goldhofer específico para o transporte de pás e com alguns recursos embarcados que possibilitaram superar esse trecho rapidamente: a intervalos de três horas, cada uma das 21 pás chegou a seu destino no alto da montanha.
Com o FTV 300, a Daco Lift pôde erguer as pás até um ângulo de 60 graus para vencer as curvas estreitas e passar longe das margens da estrada. Claro que, erguidas a 50 m, o vento resolveu antecipar a geração de energia, testando o fantástico design desenvolvido pela Vestas. Mas houve como monitorar isso, no anemômetro integrado no FTV 300 e fazer as devidas compensações no sistema de pivotamento central (360º) do FTV 300 – que permite girar, quando necessário, a pá em volta de seu próprio eixo. Não houve crise, também, para passar por baixo das linhas de transmissão: bastou reduzir o ângulo de inclinação da carga. Feito.