Por Miguel Tadano (*)
Tratando-se de máquinas de construção e elevação em geral, um período de grande ociosidade da frota, é um bom momento para se verificar todos os problemas dos equipamentos. O ideal seria colocar o equipamento em estado normal de operação, preparado para o período de trabalho, para evitar despesas maiores, além da satisfação junto ao cliente, quando o equipamento estiver alocado.
Como atuar nesse caso? Primeiro, é preciso perguntar ao operador todos os problemas do equipamento e ter um técnico com bom conhecimento para iniciar os ajustes possíveis. Após isso, deve-se entrar em contato com o fabricante, para corrigir, se for o caso, os defeitos que não foram resolvidos pela equipe técnica interna.
É interessante desenvolver um plano de treinamento. Pode-se selecionar um ou mais técnicos com habilidade de ensino, investir em seu treinamento e fazer a multiplicação, de forma que conhecimentos adquiridos sejam repassados aos outros. Ao mesmo tempo, esse técnico pode dar um suporte técnico interno para os companheiros resolverem os problemas nos equipamentos em campo. Essa é uma estratégia para o período em que há grande demanda de trabalho, mas que pode ser implementada preparado desde agora.
Além disso, é importante colocar o equipamento em funcionamento uma vez por mês para confirmar que não surgiram novos problemas e para que motores e sistemas hidráulicos continuem em perfeito estado, pois existem diversos sensores e partes eletrônicas que podem falhar sem previsão.
Como já foi mencionado em artigo na Edição 47 da Revista Crane Brasil, para se resolver problemas em equipamentos em geral, primeiro é necessário o conhecimento da operação normal do equipamento e, com isso, o próximo passo é ter acesso aos diagramas elétrico, hidráulico e pneumático. Tendo esses requisitos em mãos já há uma boa chance de se resolver o problema.
Para tanto, os técnicos devem ter o conhecimento de operação e de leitura da simbologia dos diagramas. Sem isso torna-se complicado qualquer procedimento de reparo, porque o técnico tentará resolver o problema baseando-se em tentativa e erro e ficará desorientado.
Também é uma boa prática ter um relatório com lista de checagem, preenchido pelo operador em intervalos definidos pela empresa, informando se o equipamento está em condição normal ou se há alguma avaria ou falha, para que seja agendado o reparo o mais breve possível, porque quando há muita demanda pelo equipamento acaba-se deixando de priorizar o equipamento em favor do trabalho. O que é obviamente prejudicial porque quanto mais se adia o reparo, aumenta a possibilidade de o equipamento ter de parar durante a operação.
No caso dos guindastes, isso é particularmente crítico, já que a equipe de mão de obra ou até mesmo caminhões e outros equipamentos eventualmente ficarão parados aguardando o guindaste voltar ao funcionamento ou a sua substituição – e isso pode levar horas ou até dias dependendo da situação.
Logicamente não é possível evitar totalmente a situação acima, em que a máquina para durante a operação, porém a boa manutenção ajuda a reduzir prejuízos e atrasos. O lado positivo de se manter as máquinas em dia é que no momento em que a máquina for desalocada e retornar ao pátio, não é necessário fazer muitos reparos, ou seja, não há muitos gastos com ela.
De modo que ficará rapidamente disponível para o próximo trabalho ou para uma possível venda, e com um bom preço, por estar funcionando bem e em boas condições de conservação. Cabe lembrar também que relatórios de checagem servem como documentação da manutenção do equipamento tanto para clientes quanto compradores.
Miguel HirotoTadano é engenheiro mecatrônico formado pela Escola Politécnicada USP, com 12 anos de experiência em manutenção de guindastes. Comentários, críticas e sugestões para:miguelh_t@hotmail.com