DICAS
Por Camilo Filho*
De todos os acidentes relacionados com guindastes, o tombamento é o mais comum. Operadores de guindaste, com vícios de más práticas, não capacitados, e que não seguem as orientações dos manuais de operação e nem das tabelas de carga dos fabricantes. Cedo ou tarde, certamente serão surpreendidos com um voo inesperado do guindaste.
Possivelmente, muitos deles já experimentaram a sensação da entrada em regime de tombamento de algum guindaste ou talvez tenham sido menos afortunados e transformaram um incidente em um acidente. Em ambos os casos, ocorreu uma perda de estabilidade do guindaste.
A sensação é a seguinte: você começa a flutuar, tendo o guindaste vindo por trás de você e suas nádegas sendo empurradas pelo assento da cabine de operação. Graças a Deus, todo operador possui um sensor de tombamento, estrategicamente posicionado, justamente nas nádegas.
E assim que o operador sente que o guindaste entrou em regime de tombamento, ele tem a opção de abandonar o “barco” (pular da máquina), antes que o guindaste atinja uma inclinação tal que não haja mais retorno.
Talvez devido a este sensor, juntamente com o L.M.I, hoje, os tombamentos representam somente algo em torno de 7% das fatalidades envolvendo acidentes com guindastes.
Embora a maioria dos tombamentos ocorra na direção da carga, os guindastes também podem tombar para trás, se eles perdem estabilidade traseira (normalmente com ângulos altos de lança e todo contrapeso). A melhor maneira de prevenir-se contra o tombamento do guindaste, é NUNCA exceder as capacidades tabeladas e fazer um patolamento “honesto”. Porém, as pessoas cometem erros.
Assim, por exemplo, uma boa prática é sempre tentar iniciar o içamento, posicionando o guindaste com seu quadrante menos estável no raio curto e girar para o quadrante de maior estabilidade no raio longo (seja o ponto de pega da carga ou a sua posição final). Explico: num guindaste RT, vou posicioná-lo de modo que no raio mais curto (início ou fim do içamento) a máquina esteja trabalhando no quadrante lateral e, após girar, no raio mais longo (início ou fim do içamento) ela esteja neste momento trabalhando pela frente (quadrante dianteiro).
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(*) Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com mais de 30 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é consultor da IPS Engenharia de Rigging e membro da ACRP (Association of Crane & Rigging Professionals-USA). Sugestões e comentários enviar para camilofilho@hotmail.com.
Muito interessante este assunto. Sabemos que a grande maioria dos acidentes com guindastes é devidob a falha humana. Precisamos qualificar melhor os operadores de guindastes e os envolvidos diretamente na operação como um todo.