EQUIPAMENTOS PESADOS E A RETOMADA DE BENS DADOS EM GARANTIA

EQUIPAMENTOS PESADOS E A RETOMADA DE BENS DADOS EM GARANTIA

Por Ednilson Hummig

A transformação digital finalmente está chegando para integrar todos os elementos díspares da cadeia de crédito, cobrança e recuperação de garantias. Uma inovação que interessa de forma muito direta para os envolvidos na produção, aquisição e venda de ativos financeiros.

No caso do setor de engenharia e movimentação, estamos falando, por exemplo, de veículos pesados, içadeiras, guindastes e todo o tipo de equipamentos. Equipamentos que são, a um tempo, objeto de financiamento e garantia creditícia.

O caráter fragmentado dessa cadeia de negócios provoca um forte descompasso entre os vários entes imbricados no ciclo que vai do financiamento eventual à retomada.

Do lado bancário/financeiro, incluindo a área de seguros, aplicam-se os algoritmos de risco e os instrumentos de análise de dados. Eles pesam o ambiente econômico, o ciclo de vida dos bens financiados, os dados do cliente tomador e sua capacidade atual e futura de honrar com os pagamentos.

Numa outra camada, quase autônoma, estão os departamentos ou escritórios externos de advocacia. São eles que se encarregam dos processos de “compliance” e da aplicação de princípios jurídicos relacionados à custódia e retomada das garantias.

E numa camada ainda mais exterior,a cadeia de produção envolve verdadeiros exércitos de cobradores, corretores e prestadores encarregados de atividades de campo. Prospecção, coleta de documentos, desenvolvimento de propostas, confecção de formulários, despachos… e isto não é tudo.

Há ainda o trabalho investigativo, o monitoramento de clientes devedores eos serviços de localização dos bens para a execução da retomada.  Imagine a dificuldade disto em um setor que leva equipamentos para o meio das florestas, para regiões desérticas e locais de mineração, tanto quanto para grandes e pequenas cidades.

Dados oficiais do Banco Central demonstram o grande buraco que se forma pelas dificuldades de sincronização e agilização dessas camadas díspares. Um gap que fica patente na hora de converter os bens da inadimplência em garantia efetivamente recuperada.

Para cada R$ 482 bilhões em unidades financiadas num período de três anos, entre veículos leves e pesados, as empresas registraram uma perda líquida permanente em torno de R$ 16 bilhões. E isto não inclui diversos tipos de implementos. Pelos dados correntes do BR, que a taxa de frustração definitiva na recuperação de bens dados em garantia atinge a estratosférica taxa de 10% no Território.

A Inteligência Artificial Entra em Campo

A realidade retratada pelo Bacen é velha conhecida de empresas como a Consórcio Randon, pertencente  ao Grupo Randon, um dos mais fortes do Brasil no financiamento de bens e equipamentos pesados. Para superá-la, a Consórcio Randon passou a prestar atenção em novos modelos de operação de processos trazidos pelo mundo fintech. Assim, em 2020 o grupo abriu passagem para a parceria com a nossa startup globalizada – a Onmihunter. A partir daí, iniciou a incorporação de inteligência investigativa na gestão operacional e estratégica de sua cadeia de valor do ciclo de retomadas.

Ao invés de anotações em pranchetas, a introduzimos o uso técnicas de vídeo analítico para reconhecimento de objetos codificados. E os processos foram automatizados através de regras de negócio. Dessa forma, o ganho de eficiência é operacional em torno de 84% nos tempos das equipes envolvidas em retomadas. Isto possibilita mais foco no processo investigativo e uma produtividade de até 600% maior dos entes envolvidos. No caso específico da Randon, as metas são tão,ou mais, ambiciosasquanto estas.

Sincronizando a advocacia com os agentes de retomada

Como suas congêneres, a Randon enfrentava a difícil sincronização do ciclo interno de dados de seus consorciados com as operações dos escritórios jurídicos e a integração desses escritórios com suas equipes de retomadas próprias.

Esse descompasso dificultava o acompanhamento de indicadores de performance das retomadas. Mais do que isto, prejudicava a visibilidade do número de veículos em busca e apreensão. Bem como o número de jobs distribuídos para os AL (“agentes de localização”), a taxa de sucesso dessas forças de campo nas apreensões e o tempo médio das retomadas.

Esse descontrole no sistema impactava na produtividade, tanto da equipe da Randon, quanto dos três escritórios contratados. Ele exigia muito esforço dos colaboradores em pesquisas manuais de dados investigativos. E isto quase sempre com algum déficit de eficiência.

Quando a busca e apreensão não trazem benefício

Antes da introdução da tecnologia Omnihunter, havia também a dificuldade decisória, muitas vezes repercutindo em processos de busca e apreensão de custo- benefício desvantajoso. E, outras vezes, redundando na perda de prazo para o acionamento do “fiel depositário” em tempo hábil para o cumprimento da liminar ou mandado expedido pelo juiz.

Este emaranhado de entraves trazia também a desmotivação dos “agentes de localização”. Usando apenas suor, instinto e sua experiência de campo, sem ferramental inteligente a seu dispor, os AL despendiam tempo, energia e dinheiro em diligências mal sucedidas.

Para grande parte das empresas, integrar a cadeia de produção da retomada de bens significa apenas adotar algumas funcionalidades digitais. Como a prática de trocas de mensagem de email, ligações móveis e aplicativos de mensagens como WhatsApp. E mais: promover um corre-corre de motocicletas e um tráfego pouco conexo de informações de campo, informações de contrato, informações jurídicas e trâmites de liminares, mandados de apreensão etc.

A Randon rompeu com esta fragmentação ecentralizou num único console a base informações sobreas garantias alvos, classificando-as como passíveis de entregas amigáveis, ou de busca e apreensão. Isto inclui os dados e documentos que compõem as fichas encaminhadas simultaneamente aos escritórios jurídicos e aos “agentes localizadores”.

Através de aplicativos móveis, os agentes AL passaram a receber e gerenciar de forma online as fichas dos bens e todos os dados e documentos com atualização dinâmica. A troca de mensagens entre o Consórcio e os Escritórios e com os ALs passou a ser rastreável e organizada dentro de cada caso jurídico trabalhado.

Um App criado para organizar a jornada do “agente de localização” permite identificar por GPS os alvos suspeitos de apreensão de cada escritório, bem como realizar diligências, receber notificações, trocar mensagens seguras com seu gestor, registrar vistorias de apreensões, e acompanhar a performance com total compliance. Tudo isto com base em computação por imagem e interações cognitivas com baixa necessidade de interação escrita ou uso do teclado alfanumérico do celular.

Como empresa listada em bolsa (B3), a Randon teve ganhos colaterais com a adoção do processo fintech. Ganhou um nível de a conformidade a normas mais acurada e documentada a cada passo. Na visão de Suélen Fornari – Assistente Jurídico da Randon, todas as expectativas em relação à plataforma foram atingidas com um maior gerenciamento dos bens e processos de apreensão. “Ainda esperamos que, com o retorno das atividades plenas, pós-pandemia, seja possível aumentar o índice de apreensões com as ferramentas Omnihunter”, afirma ela.

Desde que experimentou e homologou o modelo fintech, a Randon inseriu esta plataforma como regra para a gestão de seus processos de retomada.

*Ednilson Hummig é sócio fundador da OMNIHUNTER, uma fintech voltada à transformação digital da cadeia de valor de crédito, cobrança e retomada. A OMNIHUNTER é investida e referendada pelos Fundos de Participações BOSSA NOVA e DARWIN Startups, composto por [B]3 (Brasil, Bolsa, Balcão), TransUnion, RTM, NeoWay, CNSegPar. Em 2020, a OMNIHUNTER foi classificada como TOP10 no ranking 100 Open Statups, competindo com 1.117 empresas de inovação.

 

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