EMPILHADEIRAS: ELÉTRICAS OU A COMBUSTÃO?

EMPILHADEIRAS: ELÉTRICAS OU A COMBUSTÃO?

O segmento de içamento de cargas, remoção técnica industrial e transporte de cargas indivisíveis é mais conhecido pela locação de guindastes e serviços especiais de transportes. No entanto, um grande número de empresas deve a sua origem aos serviços feitos com empilhadeiras. E muitas, até hoje, tem nas empilhadeiras um ponto de apoio para suas operações.

Não se trata aqui de locação em grande escala, em processos de terceirização de frotas na indústria, por exemplo. Mas serviços pontuais, em que a empilhadeira (e o operador) da contratada responde total ou parcialmente (como equipamento auxiliar) pelos içamentos envolvidos. Por conta disso, o empresário do segmento tem, na empilhadeira, um ativo fundamental em suas operações.

Essas frotas próprias, no caso das empilhadeiras, têm algumas características marcantes: são, em sua maioria, equipamentos antigos, muitas vezes customizados nas próprias oficinas, com grande capacidade de carga e versatilidade para múltiplas aplicações. Damos início, nesta edição da Crane Brasil, a uma série de reportagens para tratar especificamente deste equipamento.

O primeiro tema envolve as diferenças entre empilhadeiras a combustão e as elétricas. Para tanto, ouvimos executivos e especialistas de três grandes fornecedores do mercado: a Combilifit, a Paletrans e a Yale

O primeiro ponto: Quais são as principais diferenças: estruturais, faixas de trabalho, recursos tecnológicos, valor de aquisição, consumo de combustível e flexibilidade operacional?

Com a tecnologia de motores de tração elétricos de corrente alternada e a simplificação dos controladores, e baterias de alta densidade de energia, é possível atualmente projetar e fabricar empilhadeiras que reunam os benefícios dos dois tipos de empilhadeiras.

Rafael Kessler diretor comercial Combilift Brasil
Rafael Kessler diretor comercial Combilift Brasil

Ou seja, as vantagens associadas ao uso da eletricidade – energia limpa, silêncio, zero emissões, simplicidade de manutenção e durabilidade do motor, além do custo operacional mais baixo – com a robustez e operação em todo terreno de equipamentos à combustão. “Entendemos que este é o futuro, à medida que se torna possível operar em capacidades de carga cada vez maiores”, afirma Rafael Kessler, diretor da Combilift.

Guilherme Martinez
Guilherme Martinez, gerente de contas nacionais da Yale

Guilherme Martinez, gerente de contas nacionais da Yale, lembra que cada máquina possui sua faixa correta de aplicação para proporcionar a maximização do retorno do seu respectivo investimento, seja esta máquina a combustão ou elétrica. Ele, no entanto, destaca os pontos positivos e limitações de cada opção. (Ver Tabela 1). A Paletrans, com fábrica em Cravinhos (SP) é referência nacional em empilhadeiras elétricas.

Denis Dutra de Oliveira, CEO da Paletrans

Para o CEO da empresa, Denis Dutra de Oliveira, o que deve nortear a escolha é sobretudo o custo benefício. Ele reconhece que as empilhadeiras elétricas têm um custo de aquisição maior, principalmente em razão das baterias, mas lembra existe uma diferença significativa entre os gastos da máquina a combustão e elétricas. “Em quatro anos de uso do modelo elétrico, a empresa terá economizado o suficiente para adquirir um novo modelo”, garante ele.

Dimensionamento

Antes da definição entre a empilhadeira a combustão ou elétrica, obviamente, é preciso se o fornecedor dispõe de equipamentos com capacidade e configurações gerais que atendam às diferentes aplicações previstas pelo usuário final. Em nosso caso aqui, dos locadores, empresas de remoção técnica e mesmo transporte pesado.

Respondendo a essa questão, Rafael Kessler explica que a gama elétrica da Combilift inclui paleteiras multidirecionais com capacidade de 1.000 kg a 3.000 kg com torre até 7 m de elevação. E também por paleteiras com capacidade até 16 t, além de empilhadeiras multidirecionais com capacidade até 12 t. “A Combilift é reconhecida mundialmente como a líder no projeto e fabricação de equipamentos customizados de movimentação de cargas. O que orienta nossos projetos são as demandas de nossos clientes, que fazem interface com nossa equipe no Brasil, apoiados por uma robusta equipe de engenharia de aplicação na Irlanda”.

EDSON RODRIGUES DO NASCIMENTO
Edson Nascimento, gerente de engenharia e marketing da Yale

Já Edson Nascimento,  Edson Nascimento, gerente de engenharia e marketing da Yale, acena com todo o portfólio da Yale: mais de 240 modelos, incluindo, tanto opções elétricas como a combustão de paleteiras, transpaleteiras, modelos retrateis e Big Trucks (equipamentos com capacidade acima de 10 t). “Temos opções para atender operações leves e pesadas, transporte vertical e horizontal, espaços internos ou externos”.A Paletrans, por sua vez, garante ter soluções para atender as principais demandas do mercado. As linhas Handling e Warehouse, comprendem equipamentos manuais e elétricos entre transpaletes, empilhadeiras manuais e elétricas, além de rebocadores.

Tecnologia embarcada

Quais as principais especificações e recursos embarcados nos mesmos. E o que gerar de benefício ao usuário, com redução de custos operacionais e aumento de produtividade, em relação a equipamentos mais antigos?

Rafael Kessler diz que a Combilift prefere focar em simplicidade e robustez, trabalhando somente com motores de corrente alternada, e limitando o número de semsores e controladores ao mínimo necessário. “O custo benefício, ao adotar equipamentos elétricos em operações usualmente feitas com convencionais (combustão), está relacionado principalmente com os custos reduzidos de energia (combustível) e manutenção”.

Hélio Siqueira
Hélio Siqueira, gerente comercial da Yale

Hélio Siqueira, gerente comercial da Yale, diz que todas as empilhadeiras a combustão da marca contam, por exemplo, com motorização através de injeção eletrônica e transmissão automática no trem de força, o que diminui os custos de manutenção e de consumo de combustível. Elas possuem, ainda, um sistema inteligente que monitora o equipamento, fazendo com que a queima de combustível seja adequada ao que a operação exige. “De forma geral, equipamentos mais antigos normalmente possuem um custo de manutenção mais elevado. Por isso, se o custo para manter uma empilhadeira for maior do que o custo para trocá-la, pode ser um sinal de que chegou a hora de apostar em um novo modelo”.

Modelos mais novos, naturalmente, são atualizados tecnologicamente. Nos últimos anos, diz Rafael Kessler, a principal evolução foi tornar a energia elétrica acessível para aplicações de alta capacidade com a robustez necessária em aplicações de cargas especiais. Para Edson Nascimento, da Yale,  uma das principais novidades que vem ganhando espaço são as empilhadeiras movidas à bateria de íon-lítio. Ele lembra que as empilhadeiras com bateria de chumbo ácido (que ainda são as mais tradicionais no mercado), demandam uma estrutura/sistema para a realização da troca. Afinal, toda vez que a bateria acaba, é preciso parar o equipamento para recarregá-lo ou substituir a bateria.

“A bateria de íon-lítio, por sua vez, permite a chamada “carga de oportunidade”. Com ela, é possível aproveitar pequenas paradas, de cerca de 10 minutos, ao longo da operação, para que o equipamento seja recarregado. Isso torna a operação mais flexível e reduz a necessidade de uma estrutura mais complexa do que a demandada para as empilhadeiras movidas à bateria de chumbo ácido”. Outra inovação, segundo ele, e que tende a ganhar espaço no Brasil nos próximos anos, são os equipamentos movidos a célula de hidrogênio. Trata-se de uma forma de transformar energia química em elétrica que apresenta baixo impacto ambiental, por não emitir gases ácidos.

Suporte pós-venda

Um critério que nunca deve ser minimizado na escolha de um equipamento é o suporte, a assistência técnica e a disponibilidade de peças oferecida pelo fornecedor. As empilhadeiras, é claro, não fogem à regra.

Fabricante local, a Paletrans larga com vantagem nesse quesito. Na conjuntura atual, abalada pela pandemia de coronavírus, a empresa lançou até mesmo um Programa Full Service, um sistema que monitora e gerencia, remotamente, toda a frota do cliente em tempo real. “O sistema representa uma oportunidade de crescimento e evolução, em termos de eficiência e maturidade, para o mercado de movimentação de materiais”, afirma Denis Dutra de Oliveira.

Guilherme Martinez, no entanto, lembra que o Centro de Distribuição de peças da Yale conta, hoje, com mais de 24 mil itens cadastrados para pronta entrega para a nossa rede de distribuição, fora outros 6 mil itens com prazos de entrega sob consulta. “Com isso, a nossa resposta de itens de pedidos colocados por linha é de quase 90%”, garante ele. Segundo o executivo, a rede de distribuição, está presente em 100% do território nacional. Rafael Kessler, no mesmo sentido, lembra que a Combilift está há mais de 10 anos no Brasil. “Estamos presentes em todos os estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, com equipes comerciais e de assistência técnica, além de estoque de peças que atende a mais de centena de clientes.

Tabela 1 Comparativo entre Empilhadeira elétricas e a combustão

Empilhadeira a combustão
Pontos Positivos:
  • Podem operar em diversos tipos de piso, inclusive em brita e bloquetes;
  • Maior capacidade de rampa;
  • Não demanda um sistema complexo de controle de frota;
  • Facilidade na manutenção devido ao seu sistema mecânico ser muito similar ao automotivo;
  • Máquina de operação mais dinâmica – mais voltada para locação;
  • Diversas fontes de combustível (Gasolina, GLP e Diesel – existe em GN e álcool também);
  • Custo inicial de aquisição mais baixo, com relação aos modelos elétricos.
Limitações:
  • Demanda por atendimento a um maior número de legislações ambientais, não podendo operar em ambientes internos de algumas indústrias, como alimentícias em geral e frigoríficos;
  • Intervenções mais constantes. Ex: troca de óleo e reparo de rodagás;
  • Maior custo de hora trabalhada (combustível utilizado);
  • Maior nível de ruído;
  • Menor disponibilidade para alturas maiores que 6000 mm
  • Maior necessidade de observância à legislação ambiental devido ao consumo constante de óleo ao longo da vida útil do equipamento;
  • Curva de manutenção mais íngreme para as empilhadeiras a combustão.
Empilhadeira elétrica
Pontos positivos:
  • Atende maiores elevações – acima de 10 metros;
  • Uso de energia limpa e renovável;
  • Maior tempo de intervalos de manutenção – em média 700 horas para verificação (motor de corrente alternada);
  • Podem operar em corredores menores que 3 metros;
  • Baixo custo ambiental – troca da bateria no fim da vida útil (mínimo de 1500 ciclos);
  • Número reduzido de componentes a serem trocados ou verificados;
  • Diversidade de modelos – permite uma operação personalizada e específica;
  • Maior vida útil do equipamento;
  • Maior precisão na movimentação de materiais.
Limitações:
  • Necessidade de mão de obra mais qualificada;
  • Controle de carga e descarga da bateria deve ser monitorado;
  • Maior custo inicial de aquisição em relação a uma máquina a combustão;
  • Necessidade de um piso adequado as especificações da máquina;
  • Demandam por área específica para baterias e carregadores, no caso das empilhadeiras com baterias de chumbo.
Fonte: Yale

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