Por Leonardo Roncetti (*)
Uma das maiores diferenças dos içamentos em terra e offshore é a presença das ondas. Apesar de toda tecnologia computacional atual, ainda é um desafio fazer previsões de forças e movimentos causados pelas ondas na carga, guindaste, plataforma e embarcações.
Apesar dos vários tipos de ondas marinhas, duas delas são de maior interesse para os içamentos offshore:
- marulhos (swell): ondas geradas por ventos distantes milhares de quilômetros, que chegam à região do içamento dias depois. Possuem alturas maiores e períodos mais longos, sendo que estes podem coincidir com os períodos naturais das plataformas flutuantes ou navios de maior porte utilizados em içamento, podendo causar ressonância, com aumento de força e amplitude de movimentos.
- Vagas (sea): ondas geradas por ventos próximos à região do içamento, irregulares quanto a altura e período, cujos valores são menores que os dos marulhos.
As ondas desses dois tipos combinam-se, resultando em um estado de mar total, do qual se considera a Altura Significativa de Onda (Hs), que é um dos principais parâmetros estatísticos utilizados no cálculo dos içamentos offshore e das operações marítimas.
Como a altura das ondas é variável ao longo do tempo, o parâmetro Hs é usado como uma média, a rigor, a média do terço mais alto das alturas de onda em determinado período, sendo seu valor utilizado para cálculo das forças em guindastes, forças e movimentos de embarcações e plataformas flutuantes, entre outros.
No caso de guindastes offshore sobre pedestal, as tabelas de carga variam em função do Hs, sendo que valores menores de Hs permitem capacidades de carga maiores e valores maiores de Hs, reduzem a capacidade. Os valores de Hs, nas tabelas de carga, variam entre 0,5 e 4,0 metros.
Por outro lado, as alturas de Hs medidas nas bacias de Campos e Santos podem variar de 0,5 a 6,5 metros, sendo que, na prática, para a maioria dos guindastes offshore, para operações convencionais, Hs é limitado a 3,0 metros.
O plano de rigging para içamento offshore deve especificar qual o Hs máixmo vinculado a uma faixa de período da onda, resultando em um fator de amplificação dinâmica dentro do previsto nos cálculos da capacidade de carga, lingas e acessórios, bem como na amplitude máxima do movimento da carga.
Foto: Radar para medição de altura de onda em tempo real em plataforma offshore
(*) Leonardo Roncetti, engenheiro, é doutorando em içamento offshore pela COPPE-UFRJ, mestre em estruturas offshore pela COPPE-UFRJ, e diretor da TechCon Engenharia e Consultoria. Contatos: leonardo@techcon.eng.br