CARGAS DAS PATOLAS E ESTEIRAS

CARGAS DAS PATOLAS E ESTEIRAS

Por: Leonardo Scalabrini (1)

Um dos pontos mais críticos em uma operação envolvendo guindastes sem dúvida é o processo envolvendo o posicionamento, o trabalho das esteiras e das patolas dos guindastes e o solo ou terreno.

Essa é uma fase crítica da operação, pois a equipe especialista na movimentação de cargas – operadores, riggers, supervisores e engenheiros – são experts no dimensionamento do guindaste, na forma da amarração das cargas, na dinâmica da movimentação, e, no caso do tema deste artigo, nas informações de quais cargas estão sendo aplicadas pelas patolas ou esteiras dos guindastes.

Entretanto, não são destes profissionais a competência e a responsabilidade técnica para determinar se o solo ou o terreno suportam, nos pontos específicos, o peso combinado do guindaste e da carga a ser içada durante todas as etapas da movimentação.

Portanto, é de extrema importância que o Plano de Rigging tenha a informação das cargas máximas aplicadas por cada patola ou esteira do guindaste, indicando a área em que tais forças serão distribuídas (dimensões das chapas, dos dormentes, dos matz) e a resistência mínima exigida que o solo ou terreno deve possuir.

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Figura 1 – Simulação do Patolamento no Software 3D Lift Plan

De posse destas informações, o solicitante do serviço de içamento e movimentação de cargas, isto é, o dono da área onde o guindaste irá atuar deve validar se a resistência solicitada no Plano de Rigging está de acordo com a Tensão Admissível de seu Solo ou Terreno. Somente após tal aprovação que a operação deverá seguir.

E como é possível indicar qual será a carga máxima aplicada por uma esteira ou patola de guindaste com antecedência?

Podemos obter esta informação de três maneiras:

  1. Por cálculos avançados, tendo como base informações de construção do guindaste e da carga.
  2. Por cálculos simples, tendo como base informações operacionais do guindaste e peso da carga.
  • Utilizando softwares específicos.

CÁLCULOS AVANÇADOS

Tendo em mãos as especificações de construção dos componentes, por exemplo, de um guindaste telescópico sobre pneus (tais como seções telescópicas da lança, contrapesos, chassis superior e inferior, vigas e cilindros das patolas, somados às dimensões e peso da carga a ser içada) é possível, por cálculos avançados, porém, de simplicidade técnica, obter a carga máxima para cada patola deste guindaste, levando em consideração a configuração de raio de trabalho, a configuração de abertura da lança e a posição da plataforma superior.

Contudo, o acesso a este tipo de informação é bem restrito, pois está ligada diretamente a forma de construção dos equipamentos, ficando limitada, na maioria das vezes, aos departamentos internos dos fabricantes de guindastes. O que faz deste método de determinação da carga nas esteiras ou patolas o mais incomum de se encontrar nos Planos de Rigging.

CÁLCULOS SIMPLES

A maneira mais básica para recomendar a resistência que o solo ou terreno deverá ter para receber o posicionamento de um guindaste são pelos cálculos simples que utilizam fatores operacionais do guindaste, como o raio da operação, os pesos da carga a ser içada e do próprio equipamento.

Este é o método de indicação mais comum encontrado nos planejamentos de içamento e movimentação de cargas elaborados no Brasil, tendo em vista que são ensinados em praticamente todos os cursos de formação de operadores de guindastes, supervisores de rigger e elaboradores de Plano de Rigging ministrados por aqui.

São basicamente 2 tipos de cálculos: o que simula o momento da carga sobre uma das patolas do guindaste; e o que indica o percentual máximo dos pesos do guindaste e da carga que podem ser atribuídos a uma patola.

Em ambos os casos, o resultado pode ser considerado satisfatório, uma vez que são majorados em relação aos valores reais em 10, 20, 30 e até mesmo 50%. Ressalta-se, no entanto, que a resistência mínima exigida para o solo ou terreno também é amplificada.

SOFTWARES

As aplicações específicas para elaboração de Plano de Rigging utiliza, em sua maioria, o método de cálculos avançados, obtendo as informações de construção dos guindastes através das parcerias que tem com os fabricantes de guindastes, como o CRANEbee e o 3D Lift Plan. A exceção é o CranePRO, que utiliza o método de cálculo simples.

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Figura 2 – Pressão das Esteiras no Software CRANEbee

Ainda, existem os programas dos próprios construtores dos guindastes que calculam e informam as cargas máximas por patola ou esteira de acordo com cada configuração do içamento, como aplicações da LIEBHERR ou da TADANO.

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Figura 3 – Cargas em cada Patola no Software da TADANO

Vale lembrar que a maiorias destas soluções podem necessitar da aquisição de uma licença por assinatura ou de forma definitiva; ou então ser fornecidas pelos fabricantes de guindastes a seus clientes compradores. Todavia, existem algumas opções de acesso gratuito, disponível pela internet, patrocinadas por estes fabricantes em seus sites, como o da MANITOWOC

São vantagens em se obter nos softwares específicos as cargas aplicadas pelas esteiras ou patolas:

  • A indicação do valor máximo exato em cada patola, em função de todas as configurações do guindaste.
  • Informações da configuração da operação linkadas com as informações do guindaste (tabela de cargas).
  • Possibilidade de simulação em tempo real das cargas da patola ou esteiras do guindaste, conforme posição de giro.
  • Geração de relatório específico.

 

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Figura 4 – Cargas em cada Patola no Software da MANITOWOC

No meu último artigo desta série, apresentarei as possibilidades da Geração do Relatório Final, contemplando todos os campos necessários de um Plano de Rigging.

  • Foto Leonardo ScalabriniLeonardo Scalabrini, estuda e desenvolve projetos de tecnologia para o segmento de içamentos e guindastes, área na qual atua desde 2000. Contatos: leoscalabrini@gmail.com

Leia outros artigos do Leonardo Scalabrini:

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