INOVAÇÃO
Por Alessandro Vivian (*)
A transformação digital vai ganhando espaço de maneira veloz em todo o conjunto de segmentos produtivos englobados pela indústria de engenharia, movimentação e transporte pesados. Mas o avanço da chamada “quarta onda” (que engloba a confluência da inteligência artificial com a Internet das Coisas), esta ocorre de maneira diferenciada em cada um desses nichos.
Uma empresa de transporte excepcional para equipamentos navais de grandes dimensões certamente irá procurar uma plataforma algorítmica para correlacionar sua roteirização interestadual, com dados legais e urbanos extraídos remotamente de prefeituras, governos estaduais, Detrans, ANTT e demais órgãos reguladores.
Numa gestora ou locadora de equipamentos de mineração ou movimentação de campo, o interesse maior pode se concentrar na aplicação de sensores IoT capazes de extrair dados online da utilização e desempenho de suas máquinas distantes. Ou no acompanhamento online de processos de oferta e procura que possam ajudar o decisor interno a agir de modo mais veloz que a concorrência na hora de apresentar sua proposta.
Monitoramento de frotas, acesso a informações tributárias, otimização logística, aumento de segurança, mitigação de perdas de cargas, tudo isto pode vir a ser o alvo prioritário, desta ou daquela empresa, dependendo de seu modal, sua especialidade técnica, seu modelo de negócio.
Sem ter inicialmente focado em nenhum nicho particular do ecossistema dos pesados, uma startup brasileira, a Fhinck, acredita que o setor como um todo pode extrair ganhos substantivos se utilizar suas robustas estruturas de dados de back office que têm muito a ensinar sobre perdas e ganhos de produtividade.
Na verdade, o sistema de inteligência artificial da Fhinck funciona como um sensor instalado no software windows que acompanha de perto a ação de cada funcionário no ambiente digital de negócios e cruza relatórios inteligentes sobre o uso dos aplicativos. Com base nesses dados de operação, a plataforma da Fhinck metrifica o desempenho das ações e cria painéis comparativos para que o gestor descubra os procedimentos e rotinas mais eficientes e que possam ser padronizados.
O Fhinck analisa, por exemplo, cada uma das telas abertas pelos responsáveis por montar o boletim diário de equipamento (BDE) ou o relatório diário de obra (RDO). A experiência mostra que muitas vezes a informação estava dispersa em diversos aplicativos e em diferentes planilhas ou arquivos de texto, o que gera procrastinações ou erros de manipulação. O papel do Fhinck, neste caso, é apontar para as discrepâncias, eliminar a navegação improdutiva e criar rotinas mais ágeis. A produtividade cresce com a redução do retrabalho e o gestor pode obter novos insights de melhoria contínua de processo, através dos painéis com as respectivas métricas de desempenho.
Estratégias de suprimento, planejamento e desmobilização, montagem de frentes de trabalho, suporte preventivo ou atividades de “forecasting” podem ganhar um impulso significativo com a melhor condução dos processos e o monitoramento mais assertivo do trabalho individual e das equipes administrativas.
O Fhinck também pode revelar oportunidades de automação ou reposição de aplicativos. “Há casos em que a análise sensorial do ambiente nos leva a indicar a eliminação completa de tarefas que a empresa vinha praticando e que se demonstram totalmente inúteis”, afirma Eduarda Spindola, diretora de ciência de dados da Fhinck. Segundo ela, a partir de suas plataformas, as empresas do setor poderão dar início a uma fase de transformação digital na área administrativa ainda mais profunda.
“Em certos casos, chegamos a indicar a adoção de uma nova tecnologia RPA (Robotic Processes Automation), que consiste na instalação de robôs capazes de absorver uma parte expressiva do trabalho manual de escritório”, conclui a executiva.
(*) Alessandro Vivian é executivo do segmento de movimentação há 15 anos. CEO e idealizador da startup BobTon e COO da NOBRéSS MKT Contato: alessandro@bobton.com.br
