A FALTA QUE FAZ UMA NORMATIZAÇÃO

A FALTA QUE FAZ UMA NORMATIZAÇÃO

Por Leonardo Scalabrini (*)

Quando a gente fala de Rigging, quando a gente fala do Rigger, fica a pergunta: quem é o Rigger? Para responder a essa questão, é preciso entender antes um pouco sobre o conceito do Rigging. O termo Rigging vem do inglês. Um bom dicionário traz várias acepções desse termo, mas, voltados para nossa área, de movimentação e içamento de cargas, constam dois significados: cordame e arranjo. Então, a gente pode entender Rigging, como o arranjo ou a organização dos cordames. E, a partir dos cordames, vamos começar a fazer a relação com cabos de aço, as cintas, as correntes e demais acessórios utilizados nos içamentos.

Logo, a expressão Plano de Rigging deriva-se também do inglês (Rigging Plan), que é um documento que demonstra como deverá ser realizada a amarração da carga e quais os materiais de içamento deverão ser utilizados. O Rigging Plan, em suma, é o estudo que se faz do que será utilizado do moitão do guindaste para baixo.

Esse é o conceito internacional. No Brasil, no entanto, o Plano de Rigging é entendido como o plano de movimentação de cargas e o planejamento de todo o içamento. O que, em inglês, seria o Lifting Plan. Isso decorre de questões históricas, que remontam à chegada de guindastes importados no país e à necessidade de se fabricar localmente os materiais de içamento (em cujo  processo se tomava por base os Rigging Plans que vinham com os guindastes). Mas essa concepção de Plano de Rigging no Brasil deve-se também à falta de uma legislação específica sobre esse documento.

O Plano de Rigging e as normas

Basicamente, o que temos é o Anexo XII da NR 12, que trata de içamento de cestos suspensos e prevê a exigência de um plano de rigging. O qual é definido como um  plano de movimentação de carga que consiste no planejamento formalizado de uma movimentação com guindaste móvel ou fixo, visando à otimização dos recursos aplicados na operação (equipamentos, acessórios e outros) para se evitar acidentes e perdas de tempo. Ele indica, por meio do estudo da carga a ser içada, das máquinas disponíveis, dos acessórios, condições do solo e ação do vento, quais as melhores soluções para fazer um içamento seguro e eficiente.

Nas outras NRs, podemos encontrar algumas referências, mas igualmente genéricas. E somente a NR 34, que trata das Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval, é a que mais aborda a atividade de içamento e movimentação de cargas.

No âmbito da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), falando especificamente do Rigging, da atividade de rigging, nós não temos ainda nenhuma norma. Então, ficam em aberto questões centrais: o que é Plano de Rigging (continuará a ser o planejamento como um todo?), quando ele é obrigatório? Como utilizar determinados tipos de acessórios? Quais as responsabilidades na elaboração e aprovações dos Planos de Rigging?

E volto à minha primeira pergunta: quem é o Rigger? É uma profissão que ainda não está no CBO (Cadastro Brasileiro de Ocupações). Então, temos no mercado três tipos de Rigger: o que faz o plano, o que acompanha e executa a atividade e, às vezes, o rigger sinaleiro (que conhece a dinâmica da operação, mas muitas vezes nem sabe ler o plano de rigging.

São questões como essas que, felizmente, estão sendo debatidas atualmente em um Comitê criado dentro da ABNT.Isso é muito importante porque, na falta de uma regulamentação,  no dia a dia nós temos que recorrer a normas internacionais ou nos submeter a normas internas de nossos clientes. Por mais rigorosas que sejam, não há uma uniformização, ou seja, temos parâmetros técnicos diferentes que variam de empresa para empresa. Nós, na Crane Engenharia, por exemplo, temos três ou quatro modelos diferentes de planos de rigging, para atender a determinadas variáveis de nossos clientes.

scalabrini(*) Leonardo Scalabrini, engenheiro especialista em operações de movimentação e içamento de cargas, é diretor da Crane Engenharia. O texto é um resumo de um dos tópicos abordados em sua apresentação no Webinar “ Rigging Experts”, realizado dia 16 de setembro de 2020, e que está disponível na íntegra no Canal da Crane Brasil no Youtube

 

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