Quando o Japão perdeu da Bélgica, de virada, na Copa do Mundo, muitos de nós lamentamos o fato. Afinal, os dois povos estão irmanados há muito tempo e milhões de brasileiros têm ascendência no país do Sol Nascente. Claro que também havia a expectativa de que ter os japoneses como próximo adversário seria fácil e relativamente tranqüilo para Neymar & Cia. Pois, não fomos “nós” (na verdade, Zico e outras feras do passado) que repassamos a eles nosso conhecimento futebolístico? Bom, fato consumado (3 a 2 para a Bélgica) e, em nenhum momento, se considerou então que os belgas têm atualmente um grande time e que só não chegaram à final por detalhes.
Pelo contrário: não faltaram comentários risonhos no Brasil de que teria faltado “malícia”, “malandragem”, aos japoneses – duas expressões que, provavelmente, se existem, são de pouco uso no vocabulário nipônico. Conosco, diziam então os incautos comentaristas de botequim, será diferente. E deu no que deu.
Tudo isso, pra dizer que dá uma inveja danada em ver o zelo e o apurado planejamento dos japoneses na preparação dos Jogos Olímpicos de 2020. Em particular, o espetáculo à parte dos guindastes mobilizados atualmente no Estádio Olímpico de Tóquio. Mesmo porque, sabemos, de antemão, que não haverá malícia ou malandragem e que o estádio, certamente, será entregue, em novembro de 2019, dentro do cronograma e do orçamento de US$1,32 bilhão. Não se tornará, por óbvio, um elefante branco ou uma fonte de escândalos e dívidas. (Por Wilson Bigarelli)
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