Apesar de o mercado brasileiro contar com diversas marcas de empilhadeiras, poucas atendem às necessidades específicas do segmento de remoção industrial. Diferentemente do setor de logística, que dispõe de uma grande variedade de modelos para cada tipo de operação, tanto na capacidade de carga quanto no sistema de acionamento (elétricas, a gás ou a diesel), as opções ficam mais restritas quando o assunto é a movimentação de máquinas industriais. Nesse mercado, em que a potência do equipamento é determinante, elas acabam se restringindo aos modelos de maior porte, na faixa de 4 t a 7 t de capacidade de carga, invariavelmente dotados de motor a diesel.
Nesta edição, a Crane Brasil-HD ouviu alguns dos principais fabricantes de empilhadeiras, que apresentam as soluções adotadas em suas respectivas linhas de equipamentos. A transmissão automática já se tornou um padrão de mercado, proporcionando maior conforto para o operador e ganhos de produtividade. Os modelos antigos e já fora de linha, entretanto, com caixa de câmbio mecânica, ainda são os preferidos dos usuários. Não se trata de saudosismo, mas da constatação de que esses equipamentos apresentam maior torque e potência, algo indispensável quando são utilizados não apenas para movimentar a carga pelo garfo, mas também para tracioná-la sobre tartarugas mecânicas.
Segundo Leirson Duarte Fachina, gerente de produto da Hyster-Yale, a caixa de transmissão automática adotada nos modelos das duas marcas pode oferecer uma, duas ou até três marchas à frente, e de uma a duas marchas à ré, de acordo com o porte do equipamento. “Isto resulta na entrega de maiores faixas de torque e potência visando economia no consumo de combustível e produtividade para a operação”, diz ele. Pertencentes ao grupo Nacco, a Hyster e Yale contam com modelos similares em cada faixa de capacidade, que se diferenciam apenas pela marca afixada em cada um deles e por suas respectivas redes de distribuição e assistência técnica.
Outros fabricantes com atuação nesse segmento de empilhadeiras, como Clark, Hyundai e Toyota, também adotam exclusivamente a transmissão automática em suas linhas. “O próprio mercado prefere essa tecnologia, que responde por 98% da demanda”, diz Roberto Ueda, gerente geral de vendas da Toyota. Mesmo assim, ele reconhece que os modelos equipados com esse tipo de transmissão apresentam limitações na subida de rampas, o que pode dificultar, em certas situações, o tracionamento de caldeiras, tornos e outras cargas pesadas típicas do segmento de remoção industrial.
Demandas do mercado
Em um mercado que consome de 18 mil a 22 mil unidades por ano, o segmento de empilhadeiras na faixa de 4 t a 7 t corresponde a uma pequena parcela dessa demanda. As avaliações dos especialistas variam de 6% a 8% das vendas anuais, o que significa algo entre 1.000 e 1.700 unidades de maior porte. Obviamente, essa demanda não se restringe apenas ao setor de remoção industrial, englobando também as operações portuárias, de transporte especial, cimenteiras, siderúrgicas e o mercado de óleo e gás.
Com 50 anos de atuação no país e uma ampla rede de distribuição, a Hyster detém uma participação de cerca de 37% nesse mercado, segundo avaliações do próprio fabricante, que chega a 48% quando se contabiliza as empilhadeiras Yale. Se a avaliação ficar restrita apenas aos segmentos de remoção industrial e transportes especiais, a participação dessas marcas é ainda maior, conforme constatou o último levantamento realizado pela revista Crane Brasil, para a realização dos prêmios Top Crane 2014 e Heavy Duty 2014.
Também tradicionais no setor, as marcas Clark e Komatsu aparecem em seguida. Já a Hyundai, que começou a disputar mais recentemente o mercado brasileiro, avalia deter uma participação de 6% nas vendas de empilhadeiras em território nacional. “Mesmo assim, esse segmento de 4 t a 7 t de capacidade, que representa uma pequena parcela da demanda, chega a responder por 25% do nosso faturamento em alguns meses”, completa Ercílio Romeira, gerente nacional de empilhadeiras da BMC-Hyundai.
Nas remoções industriais, o perfil da operação demanda empilhadeiras com potência na faixa de 80 CV, geralmente equipadas com torres de elevação mais baixas, de até 3 m ou 4 m de altura, para viabilizar a movimentação das cargas em instalações internas e com pouco espaço. As características de piso também determinam a preferência dos usuários por pneus semi-elásticos (sem câmara de ar), diferentemente de alguns setores do mercado que optam por pneus maciços (cushion) ou pelos convencionais com câmara.
Avanços tecnológicos
Em geral, os equipamentos contam com rodas com as mesmas dimensões nos eixos dianteiro e traseiro, mas em determinadas situações, para aumentar sua estabilidade – e consequentemente a capacidade de carga – alguns modelos podem contar com rodagem dupla e pneus de maior diâmetro na parte dianteira. “Uma das principais evoluções incorporadas às novas linhas está relacionada ao ganho de estabilidade, que se traduz em maior segurança para o operador”, avalia Ueda, da Toyota.
Nos equipamentos da marca, sensores instalados em vários pontos monitoram o risco de desequilíbrio lateral, acionando o travamento do eixo traseiro diante de um eventual risco. Além desse sistema, o SAS, as empilhadeiras contam com um dispositivo que controla as funções do mastro, evitando a queda da carga e o tombamento longitudinal, e com nivelamento automático do garfo. “Com isto, basta o operador posicionar os mastros, acionar um botão na alavanca de inclinação e o serviço é realizado rapidamente.”
Leirson Fachina, da Hyster-Yale, também destaca o avanço dos equipamentos das duas marcas na questão da estabilidade lateral. “Ele se deve ao sistema mecânico Estabilist, que não utiliza partes móveis ou sistemas eletrônicos e, consequentemente, aumenta a segurança e produtividade da operação sem acrescentar a necessidade de manutenções a esse dispositivo e sem prejudicar o deslocamento em superfícies desniveladas”, diz ele. Além disso, as empilhadeiras contam com sistema de monitoramento de todas as suas funções e com o trem de força totalmente isolado do eixo de tração por coxins de borracha, o que resulta em uma operação mais confortável, sem vibrações ou choques.
Entre outras características, o executivo cita ainda as vigas da torre de elevação, confeccionadas em aço laminado e posicionadas no mesmo plano, que proporcionam menor perda de centro de carga e maior capacidade residual em grandes alturas. “Como o eixo de tração é flutuante e robusto, sua carcaça suporta o peso da carga e os semi-eixos ficam livres, aumentando a vida útil do sistema e a capacidade de frenagem”, completa Fachini.
Na Hyundai, o destaque recai para o chassi monobloco e para o motor a diesel de seis cilindros, que entrega uma potência de 88 CV nos modelos menores (do 4 t e 4,5 t de capacidade de carga) e de 91 CV nos maiores (de 5 t e 7 t). “O conforto da operação fica por conta da cabine montada sobre coxins de borracha e à ergonomia, como o assento e volante ajustáveis”, conclui Ercílio Romeira.
(Por Haroldo Aguiar)