Por: Camilo Filho (*)
A ideia de passar protetor solar nas cintas de içamentos, obviamente é brincadeira, mas os danos causados pelos raios UV, são uma séria ameaça à segurança de qualquer pessoa que use eslingas sintéticas. Todos nós sabemos que o sol emite radiação ultravioleta e que essa radiação é prejudicial; podemos vê-la ou experimentá-la todos os dias, em queimaduras solares dolorosas, pinturas desbotadas e painéis rachados.
As eslingas de poliéster são igualmente suscetíveis aos efeitos prejudiciais da exposição aos raios UV. Quando o material sintético é superexposto à luz ultravioleta, ele a degrada quebrando as ligações moleculares na estrutura da fibra, enfraquecendo assim a eslinga e tornando-a potencialmente muito perigosa.
A construção civil, indústria petroquímica, estaleiros, requerem o içamento de cargas pesadas em grandes alturas, e para isso, utilizamos eslingas tanto de aço, como de cintas sintéticas, na maioria das vezes de poliéster.
A (WSTDA) Web Sling and Tie Down Association, fez uma série de testes relacionados com a exposição ao sol das cintas de içamento. Os resultados dos testes foram assustadores; sim, mostraram que há degradação das cintas sintéticas quando expostas aos raios UV.
De acordo com o WSTDA, as eslingas podem perder até 40% de sua capacidade quando expostas ao sol por apenas 16 meses. As recomendações preventivas feitas pela entidade, foram incorporadas ao documento “Especificação Padrão Recomendada para Cintas Sintéticas”. A norma adverte que a degradação pode ocorrer sem indicações visíveis, embora algumas dicas incluam branqueamento, rigidez e abrasão. Ela identifica fatores que afetam o grau de perda e sugere maneiras de reduzir o efeito do sol nas cintas.
Lembre-se de que esses testes foram realizados em laboratório e não foram aplicados em campo (onde a perda de resistência teria sido maior).
Abaixo um alerta, publicado pela (WSTDA) em sua ‘Especificação Padrão Recomendada para eslingas sintéticas:
5.3.5 Ambientes nos quais as eslingas sintéticas são continuamente expostas aos raios UV podem afetar a resistência das eslingas sintéticas em vários graus, variando de leve a degradação total.
CUIDADO: A DEGRADAÇÃO DAS CINTAS PODE OCORRER SEM INDICAÇÕES VISÍVEIS!
a. Os fatores, os quais afetam o grau de perda de capacidade são:
1. Duração do tempo de exposição contínua
2. Construção e design da cinta
3. Outros fatores ambientais, como condição climática e localização geográfica
b. Sugestão para minimizar os efeitos do sol
1. Armazene as cintas em local, fresco, seco e escuro quando não forem usadas por um período longo
c. Algumas indicações visuais de degradação por UV são:
1. Branqueamento da cor da cinta. O desbotamento é um sinal claro de degradação por UV. Se a cinta é vermelha e depois de um longo tempo de uso no campo ela começar a ficar rosa, pode ser uma indicação de degradação por UV.
2. Aumento na rigidez do material da cinta. Falta de flexibilidade ou textura difusa ao longo do comprimento da cinta, pode indicar dano severo por UV.
3. Abrasão superficial em áreas que normalmente não estão em contato com a carga.
4. Verifique a integridade estrutural (lembre-se: a luz ultravioleta quebra a estrutura da fibra). Se você estalar ou bater sua cinta sintética contra uma superfície dura e ver um monte de poeira de fibra, a cinta está degradada e não deve ser usada.
d. Teste
1. As eslingas sintéticas usadas em ambientes onde estão sujeitas a exposição contínua da luz solar devem ser testadas semestralmente com o dobro do seu WLL, ou com mais frequência, dependendo do grau de exposição
A (AWRF) Technical Committee of the Associated Wire Rope Fabricators, o Comitê Técnico da Associação dos Fabricantes de Cabos de Aço (AWRF), decidiu pela realização de testes semelhantes em eslingas de cintas tubulares. A principal diferença aqui, é que os fios principais que compõem a parte de suporte de carga de uma eslinga tubular são protegidos por uma capa externa. Essas capas vêm em uma variedade de cores. Foi levantada a questão de saber se algumas coberturas protegem melhor do que outras.
É importante escolher a eslinga correta para o ambiente em que você está trabalhando. Se sua linha de trabalho for ao ar livre, você pode considerar eslingas tubulares com coberturas escuras ou várias camadas que protegem os fios do núcleo.
O importante é não se esquecer, de que assim como o sol queima sua pele, ele degrada as cintas de içamento.
(*)
Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com 40 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é autônomo e consultor da IPS Engenharia de Rigging. Sugestões e comentários enviar para camilofilho@hotmail.com.