Não poderia haver ocasião melhor do que o Brazil Wind Power 2024, evento de energia eólica da América Latina, realizado em São Paulo (SP) para apresentação do guindaste todo terreno da XCMG, modelo XCA3000BR, com capacidade para 3 mil toneladas. Vocacionado para içamento de turbinas eólicas de 6 a 8 MW, além de outras aplicações Heavy Lift, o guindaste, montado em apenas três dias e exposto logo á entrada da feira, atraiu naturalmente a atração de todos os visitantes.

Maior guindaste todo terreno exportado em nível mundial, o modelo XCA3000BR se destaca não somente pelo seu gigantismo e a capacidade de içamento de até 190,3 t a 160 m, mas também pelo raio máximo de 122 m, facilitando o descarregamento e montagem de pás de turbinas eólicas, espaço extragrande sob o gancho e o chassi de 10 eixos, que garantem grande mobilidade. Os aspectos estruturais e o recursos embarcados (ver tabela abaixo) demonstram claramente os objetivos da XCMG em estabelecer um novo padrão de equipamentos para projetos eólicos e de infraestrutura no país competindo diretamente com modelos rodoviários e mesmo sobre esteiras com capacidade a partir de 600 t de marcas líderes.

Depois de um percurso marítimo de 60 dias, coordenado pela Timbro, e transporte terrestre feito em 27 carretas pelo cliente final, o guindaste XCA3000BR chega ao Brasil por conta de um arrojado programa de investimentos da Tomé Equipamentos e Transportes, tradicional empresa de movimentação de cargas sediada em São Paulo, com operações e todo o país. O reforço de frota da empresa inclui duas unidades XCA3000BR (uma delas já a caminho de operações eólicas no Nordeste), uma de 800 t, três máquinas de 500 t e uma máquina de 650 t sobre esteiras. Além de manipuladores e empilhadeiras, todas elas adquiridas na China.

“Essas máquinas enormes se fazem necessário porque a gente vê tranquilamente a evolução das cargas e dos desafios que a gente tem de levantamento. E o item segurança hoje é muito questionado pelos contratantes, porque a ocorrência de acidentes é uma situação crítica para todo mundo. E essas máquinas vêm para revolucionar, com muito mais capacidade e segurança que as opções disponíveis no mercado”, diz Laércio Tomé, diretor-presidente da empresa.

Depois de passar por um período, com a crise de 2014, e ir gradativamente retomando suas atividades, entre 2018 e 2019, a partir do seu negócio tradicional (transportes, guindastes e remoções técnicas), a cinquentenária locadora entra em nova fase, segundo ele, se capacitando para disputar o mercado de heavy-lifting no Brasil. “Você tem que estar preparado para receber esse tipo de desafio, que não se consegue em um curto prazo de tempo. É um planejamento que vem de muitos anos antes. “Tanto que já estamos negociando para no fim do ano que vem trazermos uma de 4 mil t também, para chegar a 200 metros de altura”.

Para além do segmento eólico, o foco da Tomé Equipamentos e Transportes inclui obviamente o setor de Óleo e Gás, mineração e grande projetos envolvendo peças superdimensionadas e superpesadas. Tanto que os modelos XCA3000BR adquiridos pela empresa serão os únicos no mundo a contarem também com Luffing-jib de 110 m. Geraldo Peleje, gerente comercial da XCMG Brasil, explica que esse acessório adicional já está sendo desenvolvido e vai chegar em breve ao Brasil. “Ao contrário da China, onde as plantas fabris são muito amplas, no Brasil as plantas têm acesso mais restrito, com maior dificuldade de acesso, daí a necessidade de longo alcance horizontal da máquina com uma boa altura”.

Laércio Tomé demonstra total confiança em relação aos equipamentos da marca e da China de um modo geral. “Nos últimos 14 ou 15 anos, os chineses evoluíram muito e acabaram com aquela resistência inicial em relação aos equipamentos. Chassis, eixos, motores, transmissões são todos de padrão internacional. E o aço é espetacular. Hoje a China indiscutivelmente é um novo player. Temos que admitir isso. É um choque de realidade, quem conheceu a China 15 anos atrás e quem conhece hoje. Eu já fui 5 vezes e vou novamente no mês que vem e cada vez que você vai, você vê que a evolução deles é fantástica.

Ele também está absolutamente seguro em relação ao suporte técnico da XCMG, com base em sua experiência anterior com a marca e com os compromissos assumidos agora em relação aos guindastes de grande porte. “Fizemos um planejamento com eles e tudo está sendo cumprido à risca. “Eles dão toda a assistência, tanto que um engenheiro chinês vai ficar acompanhando essas duas máquinas arcas durante dando todo o suporte e treinamento pros nossos engenheiros, que já estão se familiarizando com a realidade dessas máquinas, conhecendo todo o sistema elétrico, eletrônico, hidráulico. Com toda documentação e controles em português”.

Geraldo Peleje diz que para a XCMG, em função da grande experiência, é muito importante ter a Tomé como primeira usuária no país de um equipamento tão grande, para que não ocorram erros básicos ou primários e se garanta alta disponibilidade e eficiência nas operações. Para tanto, diz ele, a XCMG não medirá esforços para dar suporte à equipe da Tomé. “Trouxemos também um técnico especialista em entrega técnica acostumado a montar e operar a máquina e nós vamos acompanhar os primeiros trabalhos ou a qualquer momento que a Tomé nos convoque”.

Uma primeira experiência dessa parceria ocorreu já no Brazil Wind Power 2024. A XCA 3000 BR número 1 havia sido entregue com entrega técnica completa no Rio de Janeiro, o que significa dizer que sua montagem foi feita com supervisão de técnicos chineses. Na feira, no entanto, a equipe da Tomé pediu para montar a máquina sozinha. “E isso foi feito em apenas dois, mesmo com chuvas e com as adversidades do local. Então, isso prova que tanto a Tomé é muito capacitada, quanto a máquina é muito intuitiva e simples e tem um sistema de montagem moderno, ágil, que permite um setup da máquina muito ágil nas operações.

XCA3000BR Principais especificações técnicas

(referências para operações elólicas)

Foto em destaque: Laércio Tomé, entre Geraldo Peleje, Tian Dong, Li Haneuang (XCMG) e Washington Luiz Moura (Tomé)